Apesar de ainda não ter feito um comunicado oficial, o Banco Central deverá realizar os primeiros testes com o Real Digital neste mês de setembro. A informação foi compartilhada em uma apresentação feita recentemente pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.

Ainda de acordo com Campo Neto, o fim da execução dos projetos está previsto para janeiro de 2023. A princípio, o cronograma do Real Digital previa um programa piloto para ser realizado ainda este ano. Mas a greve dos servidores do Banco Central acabaram atrasando os planos.

O BC recebeu 47 ideias de implementação da moeda digital brasileira; por quanto, nove projetos foram aceitos. As propostas passam por aplicações em finanças descentralizadas, internet das coisas, aplicações de entrega contra pagamento, pagamento contra pagamento e “dual offline” – uma solução de pagamento em ambas as partes envolvidas na transação estão sem conexão à internet.

Após o sucesso do Pix, o Real Digital é a mais nova aposta do Banco Central para os brasileiros. A iniciativa deve oferecer mais opções de pagamento para os consumidores no ambiente online.

Logo do Pix exibido em smartphone e ao fundo o logo do Banco Central

Imagem: Brenda Rocha – Blossom/Shutterstock

O Real Digital

As maiores dúvidas atuais sobre a moeda ainda são relacionadas à tecnologia que dará suporte para fazê-la funcionar, o que pode ser esperado de sua evolução e o que mudará para o usuário. Um ponto importante ainda de esclarecer é a diferença entre a novidade e as criptomoedas, pois o Real Digital definitivamente não será uma cripto.

Quando a ideia surgiu, o TecMasters conversou com o professor doutor especialista em educação financeira e empresas de tecnologia financeira, Érico Marques, da FEAAC (Faculdade de Economia, Administração, Ciências Atuárias e Contabilidade) da UFC (Universidade Federal do Ceará). Segundo ele, o Real Digital chegará primeiro para empresas mas, em um curto prazo, deverá funcionar para todos.

“A nova moeda virtual servirá primeiro para contratos e algumas operações entre pessoas jurídicas”, explica o professor. “Para isto, deverá funcionar com suporte de uma tecnologia, que deve ser blockchain, mas não é uma criptomoeda, mas uma moeda virtual com lastro (segurança) de um banco (o Banco Central)”, completa.

O objetivo do Banco Central com a novidade, que funcionará como uma extensão do sistema financeiro que o Brasil tem hoje, é favorecer a integração com sistemas de pagamento de outros países. Isso, em teoria, deve permitir oferecer compras em mercados internacionais com conversão imediata, que não dependem de fatores externos para serem concluídas.

“A moeda virtual é diferente das criptomoedas pois o mercado cripto é descentralizado e não é regulamentado. Ela seria assegurada pelo banco, uma grande diferença das criptomoedas. A tendência é usarmos cada vez mais dinheiro escritural e menos papel e o real digital faz parte desse cenário”.

Banco Central

Imagem: José Cruz/Agência Brasil

Moedas digitais oficiais

O Brasil não é o único local a contar com esse tipo de iniciativa monetária – mas é um dos pioneiros. Atualmente, apenas as Bahamas tem um moeda digital própria em uso, o sand dollar. O Japão planeja lançar a DCJPY. Já El Salvador aposta no Bitcoin, com uma cidade temática para uso de pagamentos eletrônicos.

O Panamá e os EUA estudam os aspectos de regulamentação das novidades financeiras. Por sua vez, Índia, China e Suécia já declararam querer limitar as criptomoedas, em busca de estabilidade financeira e contra os danos ao meio ambiente causados pelo excesso de energia do processo de mineração.

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