Não fossem as amplas demissões em virtude de “reestruturações”, o ano de 2023 seria marcado por uma ampla evolução tecnológica: os avanços de inteligência artificial, mais marcas entrando no campo dos carros elétricos, pesquisas de vários tipos – tudo isso poderia ser o destaque, mas infelizmente, foi o desemprego na indústria que tomou os holofotes neste ano.

Você já viu aqui no site como isso afetou especialmente a indústria dos videogames: de Baldur’s Gate III a Marvel’s Spider-Man 2, de novo Zelda a Final Fantasy, o ano foi recheado de jogos…e de gente atualizando o currículo. Isso também se repetiu fora dos jogos, onde grandes empresas justificaram cortes extensos em reestruturações e cortes de custo. O assunto não é brincadeira: em fevereiro deste ano, já tínhamos 40 mil cortados – e muita coisa veio depois, em empresas como…

Imagem mostra dados com símbolos de pessoas com um dado vermelho em forma de tesoura por cima deles, simbolizando demissões

Imagem: Andrii Yalanskyi/Shutterstock

Demissões em 2023: você atualizou seu CV?

Amazon

Três vezes. Por três ocasiões distintas – sendo duas delas, em novembro – a Amazon anunciou cortes de funcionários: em março de 2023, foram 9 mil, impactando majoritariamente a Twitch e alguns serviços corporativos. Depois, a Amazon Games promoveu 180 demissões e, na semana seguinte, um terceiro anúncio cortou um número não divulgado de trabalhadores da assistente virtual Alexa.

Nas três, a justificativa foi a mesma: corte de custos atrelados ao “mercado” e “desafios que estão por vir”.

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Dell

Mais de 6,5 mil funcionários da fabricante conhecida pelos seus poderosos PCs e notebooks de alto desempenho perderam seus empregos em fevereiro deste ano – em termos práticos, 5% da força trabalhista da Dell ao redor do mundo. Segundo a empresa, o corte foi necessário para “lidar com um ambiente global cada vez mais desafiador”, em referência à recuperação da pandemia da COVID-19.

Na ocasião, o baixo volume de computadores pessoais vendidos (queda de 37%, segundo estimativas) no quarto trimestre de 2022 ainda trazia impactos pesados na manutenção de postos de trabalho. Em defesa da Dell, a empresa tentou enxugar despesas em outras áreas antes de partir para o “passaralho”.

Google

A gigante de Mountain View é uma velha conhecida da justiça trabalhista estadunidense. Dada a sua posição anti sindical, o Google não mede esforços para quebrar reuniões de funcionários para questionar ou debater políticas internas, o que leva a “rusgas” globalmente complicadas.

Em julho deste ano, por exemplo, a dona do Android cortou aproximadamente 80 funcionários terceirizados – supostamente, logo após eles aprovarem a formação de um sindicato para lutar por direitos trabalhistas. A situação é tão embaraçosa que a entidade – Alphabet Workers Union-Communications Workers of America (AWU-CWA) – abriu a coleta de depoimentos preliminares para uma ação trabalhista que ainda está pendente.

Isso, aliás, depois de uma rodada anterior de cortes pelo mesmo motivo que forçou a empresa – judicialmente – a readmitir os recém-cortados e pagar multa.

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Imagem mostra fachada do Google, com uma pessoa caminhando em frente à ela

Imagem: rblfmr / Shutterstock.com

IBM

Demissões às vezes são complicadas, e sendo elas intencionais ou acasos do mercado, toda empresa tem um trabalho difícil de justificá-las. Não no caso da IBM: a empresa decidiu se livrar de sua divisão de negócios em saúde (Watson Health) via inteligência artificial e a sua área de gestão de infraestrutura (agora Kyndryl) ao final de janeiro.

O resultado: 3,9 mil pessoas desempregadas porque ficaram, de forma bruta, sem nada para fazer, já que a IBM decidiu concentrar a totalidade de seus esforços em avançar na área de computação em nuvem e infraestrutura de rede.

LinkedIn

Em outubro, o LinkedIn promoveu a sua segunda rodada de demissões do ano, cortando 668 postos de trabalho cinco meses depois de uma reestruturação anterior, que viu outros 716 profissionais ficarem sem ocupação – e de quebra, a rede social ainda deixou a China.

Com um total de 1.384 pessoas demitidas em 2023, o LinkedIn justificou as demissões ao afirmar uma “adaptação das estruturas organizacionais” e um “investimento em prioridades estratégicas”.

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Meta

Nem só de processos na Europa e EUA vive a dona do Facebook, Instagram e WhatsApp: a reconhecidamente maior cadeia de redes sociais do mundo também veiculou manchetes no mundo pelo alto volume de funcionários demitidos em 2023.

Em maio, a empresa liderada por Mark Zuckerberg cortou mais de 6 mil postos de trabalho, além de congelar outras 5 mil vagas abertas pelo mundo. A notícia veio como uma fase posterior a um quadro de demissões ainda maior – entre 2022 e 2023, a companhia mandou embora 21 mil pessoas. Não ironicamente, Zuckerberg chamou este de “o Ano da Eficiência” da Meta.

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Imagem mostra o logotipo do Facebook, plataforma da Meta, quebrado como se por trás de um vidro

Imagem: Sergei Elagin/Shutterstock

Microsoft

A dona do Windows e do Xbox promoveu, em 2023, o seu segundo maior corte histórico de funcionários, quando eliminou 10 mil posições de trabalho ao redor do mundo. A ordem atravessou quase todos os departamentos da empresa, mas impactou mais diretamente os times de realidade mista (HoloLens), GitHub e a divisão Microsoft Gaming, com estúdios como 343 Industries confirmando uma “de-escalada” em projetos por terem perdido “centenas” de funcionários.

Assim como a Dell, a Microsoft também culpou o momento de recuperação da pandemia: de acordo com o CEO Satya Nadella, na época, a empresa foi obrigada a “reduzir o escopo” de todas as suas operações frente ao desafio que a COVID-19 impôs ao mercado.

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PayPal

Apesar de ter uma das melhores saúdes financeiras de 2022 – superando suas expectativas de faturamento, inclusive – o PayPal não conseguiu evitar os cortes de posições trabalhistas e, em janeiro, demitiu aproximadamente 2 mil trabalhadores. A gestão da empresa afirmou apenas que a redução de capital humano a ajudaria a “manter os custos sob controle”, além de “priorizar estratégias essenciais”.

Spotify

Os investimentos bilionários feitos pela empresa sueca de streaming tiveram uma freada abrupta na entrada do ano de 2023: se durante a pandemia, a companhia investiu pesado na criação da oferta de podcasts (com um acordo exclusivo com o apresentador controverso Joe Rogan na casa de US$ 200 milhões, segundo a Forbes), em 2023, a coisa virou de cabeça para baixo.

Em meio a reajustes de tarifas de assinatura, quedas de serviço, alterações de políticas e até a saída de alguns mercados, o Spotify demitiu, em janeiro, 6% de sua força trabalhista (na época, a empresa tinha 6,8 mil funcionários). Mais recentemente, outra pancada: no começo de dezembro, 1,5 mil pessoas serão cortadas da companhia em caráter gradual, em um processo que deve durar até o fim do primeiro trimestre de 2024.

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Spotify

Image,: Cloudy Design/Shutterstock

Snap

Talvez o menor corte de 2023, a Snap, dona do Snapchat, cortou 20 posições gerenciais de trabalho. Não “20%”, não “20 mil”. Vinte, todas elas de gerenciamento menor. Obviamente, ninguém aqui vai celebrar demissões, mas considerando que a nossa lista – que é incompleta – tem marcas destituindo milhares de vagas de uma vez, essa anedota da Snap parece até leve.

Segundo a empresa, a ideia foi a de cortar o volume de gerentes no caminho hierárquico entre a base de trabalhadores e a direção, além de economizar custos para “ampliar o foco nas ofertas principais”.

Yahoo

Apesar de termos números maiores nesta lista, o que aconteceu com o Yahoo marcou muita gente. Entre fevereiro, a empresa que já foi uma das maiores buscadores e produtoras de conteúdo dos primórdios da internet anunciou um corte de 1,6 mil posições de trabalho. Parece pouca coisa, mas a marca já estava há muito combalida.

O que marcou de fato foi o volume de demissões efetivamente tirar o Yahoo da concorrência com o Google e a Meta no campo da publicidade digital. A marca ainda teve que fechar a sua área de produção de conteúdo (sim, o Yahoo ainda estava produzindo notícias jornalísticas, com equipe editorial completa, no começo do ano) e, de uma hora para outra, equipes inteiras viram não só gestores comunicarem cortes, mas eles próprios saírem da empresa em seguida.

Zoom

O caso do Zoom é, no mínimo, pitoresco: quando a maioria das empresas enfrentavam dificuldades por causa da pandemia e o isolamento forçou funcionários a trabalharem de casa, a companhia foi alçada ao patamar do sucesso ao oferecer uma solução de chamadas de vídeo que rapidamente foi adotada por…bem, por quase todo mundo.

O problema: esse sucesso “subiu à cabeça” da gestão anterior da companhia e, segundo o atual CEO, Eric Yuan, ela saiu contratando “a rodo”, de forma pouco sustentável. Chegando o período pós-pandemia, com algumas empresas forçando o retorno aos escritórios, o principal negócio do Zoom – videochamadas – foi caindo em desuso ao mesmo tempo em que outras soluções do gênero começaram a ganhar destaque.

Resultado: 1,3 mil demissões entre fevereiro e março deste ano. Neste caso, contudo, a direção se mostrou complacente, com o próprio Yuan cortando 98% de seu salário até o próximo ano fiscal (31 de março de 2024) e todos os outros executivos de direção perdendo qualquer bônus e levando um baque de 20% em seus respectivos holerites.

Menções (des)honrosas

Outras empresas em várias áreas tecnológicas também promoveram cortes esse ano que, de uma forma ou de outra, foram notados em vários canais: o serviço de streaming Tidal e a sua empresa proprietária, a Block Incorporated, passaram de 12 mil cortados entre novembro e dezembro.

Outra que confirmou demissões neste mês foi a Cruise, o braço de carros elétricos da General Motors (dona da Chevrolet). Serão 900 funcionários cortados até março do ano que vem. E a Roku promoveu três rodadas de corte ao fim de 2022 (200), março (200) e setembro (300) – nesta última, a empresa ainda fechou sua área de conteúdo via streaming e consolidou estruturas físicas, fechando escritórios inteiros e reabsorvendo unidades de negócio separadas dentro de seu quartel-general em San Jose, na Califórnia.

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