Depois de aumentar os seus preços nos EUA, o Spotify confirmou que o reajuste do valor mínimo de assinatura do seu serviço também vale para o Brasil: antes, o plano mais barato custava R$ 19,90 mensais, mas a partir do mês de agosto, esse valor sobe para R$ 21,90 (valeu, TudoCelular!).

A notícia “meio que” já era esperada, considerando que a empresa confirmou, na última semana, que a assinatura nos EUA passaria de US$ 9,99 para US$ 10,99. A medida vem em resposta à dificuldade que a empresa vem enfrentando para se manter lucrativa no cenário global – o reajuste, segundo a empresa, vale para 53 mercados. O plano já era considerado pelo CEO Daniel Ek desde pelo menos outubro de 2022.

No caso específico do Brasil, apenas o plano Premium Família permanece inalterado – esse ainda custa R$ 34,90. Além da assinatura Premium comum de R$ 21,90, o plano Premium Duo – que dá direito a duas pessoas usarem a conta – subiu para R$ 27,90 (antes, R$ 24,90).

Embora os aumentos sejam programados para valerem a partir de agosto, o Spotify ressaltou que a cobrança será atualizada em uma carência de 30 dias “a partir da notificação via e-mail” que os assinantes devem começar a receber hoje (24).

Aumento do Spotify pode ser reflexo negativo de toda a indústria

Segundo o Four Week MBA, o Spotify vem enfrentando amplas dificuldades em deixar a sua operação “no azul”, como diz o jargão: em 2022, a empresa relatou queda de € 430 milhões (pouco mais de R$ 2,26 bilhões) em seu último ano fiscal (2022). Isso veio apesar de uma alta no volume de assinantes pagos, que trouxe receita de € 10,25 bilhões (R$ 52,66 bilhões).

Especialistas ouvidos pelo Digital Trends – e um artigo particularmente interessante da NASDAQ – estimam que o Spotify está “crescendo em prejuízo”, ou seja, a empresa está ampliando sua estrutura e ganhando mais dinheiro ano após ano, mas os seus custos não só seguem essa ampliação, como a superam. Em suma: está mais caro para o Spotify pagar o Spotify.

Ilustração mostra o logotipo do Spotify com as letras bagunçadas

Image,: Cloudy Design/Shutterstock

Os mesmos especialistas afirmam que a única razão para a empresa sueca estar na liderança do mercado de música por streaming é a concorrência, que ainda não conseguiu gerar volume de usuários pagantes o suficiente para afrontar o “maioral” do campo.

Vale citar que, recentemente, Apple Music também teve um reajuste de preço, indo para US$ 10,99 ao final do ano passado (R$ 21,90 no plano individual, na nossa moeda). Entretanto, apesar das mensalidades estarem iguais agora, o volume de aumento é o que chama atenção: Spotify aumentou um real; Apple Music aumentou cinco (ou 29,5% para vocês economistas).

Há que se lembrar, também, que alguns concorrentes do Spotify têm recursos que o app sueco não tem, como música em formato “hi-fi” (a mais alta definição) e ofertas de pacote com outros serviços (o Apple Music vem junto do Apple TV+ ou ofertas conjuntas com Game Pass, do Xbox, por exemplo).

Imagem mostra vários aplicativos de streaming musical

Imagem: Tada Images/Shutterstock

Ou seja, os aumentos podem ser individuais, mas podem ser reflexo de uma possível desaceleração da indústria: segundo este levantamento da Associação da Indústria de Gravações dos EUA (RIAA) de março deste ano, o setor fonográfico inteiro mostra uma desaceleração.

De acordo com os dados, cerca de 84% do faturamento da indústria musical global (US$15,9 bilhões – R$ 75,42 bilhões) vem do streaming, em uma subida bem curtinha em relação aos 83% de 2021. Entretanto, o crescimento total foi de 7% (ajustado para a inflação) – um valor bem irrisório comparado aos 6,1% do ano anterior.

Traduzindo: o setor musical ainda está crescendo, mas crescendo cada vez menos.

Tudo indica que o ano de 2023 será particularmente desafiador para o mercado.

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