Depois de se juntarem a um sindicato em busca de proteções aos seus direitos trabalhistas em junho, cerca de 80 funcionários terceirizados – freelancers – do Google Help foram demitidos pela empresa de Mountain View. Os recém-desligados confirmaram à imprensa americana a abertura de depoimentos preliminares junto à autoridade trabalhista, acusando o Google de retaliação.

Segundo eles, a resposta do Google pela demissão veio devido à empresa ser contrária ao grupo se unir ao Alphabet Workers Union-Communications Workers of America (AWU-CWA) – o sindicato responsável pelos diálogos trabalhistas de todos os funcionários do grupo Alphabet, do qual a empresa faz parte.

Imagem mostra fachada do Google, com uma pessoa caminhando em frente à ela

Imagem: rblfmr / Shutterstock.com

Segundo o Engadget, o grupo de 80 funcionários já entrou com ação junto ao Comitê Nacional de Relações Trabalhistas (NLRB) dos EUA, que já está coletando depoimentos: “isso tem muito cheiro de revide, retaliação”, disse Casey Padron, um redator técnico do Google Help. Padron confirmou que seu contrato temporário tinha previsão para vencer apenas em agosto, embora ele seja parte dos recentemente desligados.

O Google Help é a página matriz do suporte técnico da gigante de Mountain View. Os 80 demitidos correspondiam a funções temporárias relacionadas à redação de orientações para recuperação de conta e outros problemas enfrentados pelos usuários. No meio deles, há também alguns designers que desenhavam peças específicas de conteúdo gráfico, bem como layout de páginas internas. Todos eles se uniram ao AWU-CWA em 8 de junho.

O problema todo parece se dar pelo fato dos funcionários ocuparem o que o Engadget chamou de “posições conjuntas de consultoria”: na prática, eles trabalhavam em parte para o Google, em parte para a Accenture, em posições conjuntas. Por causa dessa natureza, os trabalhadores não gozariam dos direitos trabalhistas previstos pelo Ato WARN (Worker Adjustment and Retraining Notification).

Ao se unir ao sindicato, então, os 80 demitidos (de uma equipe de total de 120 profissionais) buscaram expandir suas capacidades de proteção trabalhista. Duas semanas após se unirem ao sindicato, eles começaram a receber notificações de desligamento – mesmo com alguns ainda tendo contrato vigente por meses à frente.

“Na última semana, recebemos a notícia de que 80 dos quase 120 recém-sindicalizados funcionários do Google Help seriam desligados. Nós tínhamos exercido o nosso direito de sindicalização e organização como membros do AWU-CWA a fim de trazer tanto o Google como a Accenture – esta, uma contratada do Google – à mesa de negociação para tratarmos de diversas demandas essenciais, incluindo proteções contra o desligamento repentino.” – Julia Nagatsu Granstrom, Redatora Sênior e membro do AWU-CWA

O sindicato, em comunicado cujo trecho você leu acima, chamou a atitude do Google de “inaceitável”.

Vale citar que, meses antes desse desligamento, o Google já havia promovido mais demissões em massa, pelo mesmo motivo – trabalhadores que sindicalizaram junto ao AWU-CWA. No entanto, naquela ocasião, os funcionários foram readmitidos e a empresa se comprometeu a pagar a todos retroativamente.

O sindicato prometeu usar “todo e qualquer recurso disponível” para proteger os recém-demitidos. O Google não respondeu aos pedidos de comentário da imprensa.

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