A Apple removeu o slot físico do cartão SIM dos dos novos iPhone 14 e 14 Pro vendidos no mercado estadunidense. O movimento pode parecer controverso — como muitos que a empresa já fez — mas a justificativa é que ela estaria apostando no eSIM.

Na prática, a decisão vai um pouco além do simples “quero investir em um recurso diferente”, visto que é um movimento que pode ter algumas consequências consideráveis nos próximos meses e anos ao mercado de smartphones.

Primeiro com relação à base de clientes da própria empresa: visto que nem todos os lugares no mundo já estabeleceram uma adoção em massa do eSIM, pode ser que isso dificulte a entrada de usuários ou a continuidade de clientes antigos. Isso porque uma vez que você decide adotar o chip virtual, você não pode simplesmente transferir seus dados rapidamente do físico.

É preciso ligar para a operadora do seu aparelho, solicitar o uso do eSIM por meio de uma inscrição, esperar a liberação. No Brasil, por exemplo, as empresas de telefonia móvel (como Claro, TIM e Vivo) solicitam aos usuários a ida às lojas físicas para comprovação do pedido — ou seja, é uma mudança que demanda mais do que apenas interesse, mas também tempo dedicado.

Ilustração de um smartphone com um, chip virtual saindo da tela, para representar a tecnologia de eSIM, adotada pela Apple nos novos iPhone 14 e 14 Pro

Imagem: ZinetroN/Shutterstock

Quais os impactos que a mudança no iPhone 14 pode trazer ao mercado?

Outro impacto que talvez não seja tão positivo é com relação ao turismo: quando viajam para outros países, muitas pessoas compram SIMs físicos locais para utilizar durante a estada no país e economizar nos custos com roaming de dados. Mas se você tiver um iPhone 14 ou 14 Pro, essa não será mais uma opção possível de ser feita.

O investimento no eSIM, por outro lado, poderá provocar uma mudança no consumo – bem do jeito que a Apple gosta. Assim, pode ser que haja uma movimentação no sentido de obrigar usuários a eliminarem o uso de chips físicos, bem como obrigará operadoras de telefonia móvel a se adaptarem. A concorrência também tende a seguir o movimento, então é possível que daqui uns anos sequer teremos mais SIMs físicos.

A Apple oferece suporte ao eSIM desde 2018, quando a companhia lançou os iPhones XS, XS Max e XR. Desde então, a empresa também passou a incluir a tecnologia na maioria dos seus Apple Watch e iPad mais recentes.

No ano passado, a gigante de Cupertino atualizou o recurso e passou a permitir que usuários usassem mais de um eSIM simultaneamente a partir do iPhone 13.

Via Engadget

A Apple e as inovações em design da empresa

Sempre bom lembrar que a Apple é conhecida por realizar alguns movimentos polêmicos disruptivos quando o assunto é design de aparelhos da empresa. Algumas vezes, as mudanças trazem transformações que ditam o futuro do mercado — vide o próprio iPhone, iPads e até mesmo falecido (e icônico) iPod.

Em outras, elas provocam sentimentos bastante controversos — como é o caso da atualização sobre o cartão SIM após o lançamento dos novos iPhone 14 e 14 Pro durante o Apple Far Out (que, aliás, aconteceu nesta quarta-feira, 7, com cobertura completa do TecMasters) — e algumas vezes até mesmo disputas legais bem onerosas.

Quer saber de alguns recursos que a empresa matou nos últimos anos? Separamos alguns para você lembrar:

  • 2016 – No lançamento do iPhone 7, a Apple decidiu que era hora de “atualizar” a entrada dos fones de ouvido e cortou dos aparelhos a tradicional P2, trazendo duas mudanças críticas aos usuários: a primeira é que não seria mais possível usar fones comuns nos aparelhos da marca porque o padrão é amplamente adotada pelo mercado, de forma que os usuários foram obrigados a (1) usar os fones da empresa mesmo, ou (2) adquirirem adaptadores com entrada P2 (3,5mm) e conector Lightning, que é o padrão específico de aparelhos da Apple.
  • 2017 – Com o lançamento do iPhone X, a Apple também modernizou o aparelho diminuindo as bordas da tela e liberando o primeiro modelo com o notch. Apesar de não ter inventado o entalhe, a companhia foi a responsável por popularizar o recurso, visto que outras empresas seguiram os passos posteriormente — embora a mudança tenha dividido opiniões entre usuários, separando-os nos grupos dos que “abominavam o detalhe” e  dos que “não ligaram para a mudança”…
  • 2020 – uma das modificações que mais incomodou usuários — e que ainda rende boas discussões com instituições de defesa ao consumidor por aqui — é a iniciativa da empresa de retirar carregador e fones de ouvido da caixa dos smartphones da empresa, obrigando usuários a adquirir os “acessórios” à parte. A justificativa, à época, foi de sustentabilidade: a marca alegou que a ideia era reduzir a quantidade de lixo eletrônico no mundo, visto que se o consumidor já fosse usuário de iPhone, por exemplo, já teria o carregador e os fones em casa e, portanto, seria não precisaria ter novos equipamentos do tipo. Como consequência, a mudança também trouxe uma redução no tamanho da caixa produzida pela empresa e, consequentemente, no consumo de recursos para a sua confecção, de acordo com a Apple. Aqui no Brasil, no entanto, a empresa já enfrentou (e ainda enfrenta) diversos processos por conta da decisão, incluindo um em que a prática foi caracteriza por ‘venda casada por dissimulação‘, que é uma infração direta ao Direito do Consumidor.
  • 2022 – Notch inteligente: com o iPhone 14 chegou também aos aparelhos o chamado “Dynamic Island”. O novo design que, de acordo com a empresa, inclui uma tecnologia que une hardware e software, trazendo notificações, alertas e atividades em um espaço interativo. Na prática, a mudança substitui o notch tradicional por um recorte em formato de pílula.

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