Uma onda de demissões atinge o estúdio de games AAA, Ubisoft. A empresa com 20.000 funcionários globalmente é uma das forças de trabalho de games mais robustas. Muitos desenvolvedores decidiram partir e quem fica nunca viu tantas pessoas irem embora.

Pelo menos 5 dos 25 nomes responsáveis pelo maior game de 2021 da empresa, Far Cry 6, já partiram. E 13 de um dos maiores lançamentos da Ubisoft em 2021, Assassin’s Creed Valhalla, também pediram para sair. Um dos funcionários apenas decidiu voltar.

Funcionários de nível médio e inicial também estão saindo da empresa, principalmente nos estúdios canadenses, que normalmente estão em crescimento. Uma busca no LinkedIn mostra que os estúdios da firma em Montreal e Toronto, cada um, perdeu 60 profissionais nos últimos 6 meses.

Dois desenvolvedores atuais da companhia afirmam que produtos foram estacionados ou levarão mais tempo por causa das demissões. Um desenvolvedor que já tinha mudado de empresa conta que ligaram para que ele resolvesse um problema com um game, pois não tinha mais ninguém da empresa que conhecesse o sistema em desenvolvimento.

Ubisoft ainda sofre com escândalo de assédio de 2020

Entrevistas com mais de uma dúzia de ex-profissionais e atuais da Ubisoft revelam os motivos das demissões, de acordo com o Axios. Baixos salários, muitas oportunidades em concorrentes, frustração na direção criativa da empresa são alguns deles. Foi citado também um desconforto com o modo como foi tratado o escândalo de assédio na empresa no meio de 2020.

Um desenvolvedor que tinha mais de 10 anos de empresa classificou a Ubisoft como alvo fácil para recrutadores. Em Paris, um ex-funcionário disse que profissionais de gerenciamento de produto e criativos só tinham o mínimo para trabalhar e era desencorajador.

Ainda assim, alguns relatam terem memórias boas do tempo na empresa mas não quiseram se identificar ou compartilhar em público suas reclamações por medo de represálias. Apenas um profissional disse que pensaria em voltar, dependendo da proposta.

Diretores afirmam que estão estudando como mudar o cenário, com menos fator de atrito (a taxa de redução da força de trabalho em uma empresa) entre funcionários. A empresa afirma que contratou 2.600 trabalhadores desde abril de 2021. Nos anos de 2020 e 2019, foram contratadas 4.500 pessoas.

A gerente de operações de pessoal, Anika Grant, afirmou que o atrito entre funcionários é de 12%, um número ainda dentro do normal da indústria. Realmente o número é menor que o da Activision Blizzard (16%) mas maior que o das rivais EA (9%), Take-Two (8%) e Epic Games (7%).

Ubisoft Quartz

Plataforma de NFTs recém-lançada. Imagem: Ubisoft

Competidores fazem ofertas aos profissionais

Profissionais que partiram falam de ofertas generosas de competidores, especialmente em Montreal. Lá, novos estúdios crescem muito e o número de atrito de funcionários dobrou um certo tempo.

Um programador afirmou que triplicou o salário ao sair da empresa. A Ubisoft recentemente ofereceu aumentos para todos os trabalhadores dos seus estúdios no Canadá.

Grant afirma que os aumentos aumentaram a retenção em 50%. O escândalo de assédio na Ubisoft, que levou à demissão de vários líderes poderosos na empresa, impulsionou a decisão de partir de muitos trabalhadores e ainda é uma preocupação de muitos na empresa.

Em julho, 1.000 ex-funcionários e atuais da empresa publicaram uma carta afirmando que a Ubisoft não havia feito o suficiente para mudar a cultura da empresa. Para Grant, a empresa reconhece que precisa melhorar na confiança dos trabalhadores e fazer mais reformas.

Um entrevistado afirmou que abuso e toxicidade são fatores decisivos para que mulheres e pessoas de cor deixem a empresa, mas para muitos ainda é um fator contribuinte.

Vagas abertas em Toronto

Um trabalhador que deixou a companhia em 2021 afirmou que havia tentado se envolver nos esforços da empresa de reformas, mas ficou desapontado com o que ouviu dos chefes. Havia uma ênfase constante em deixar o passado para trás e olhar para o futuro, além de ignorar reclamações, preocupações e pedidos de ajuda dos funcionários, de acordo com o desenvolvedor. Por achar a reputação da empresa embaraçosa e difícil de suportar, o profissional saiu.

A liderança da Ubisoft afirma que lida com problemas do mesmo modo que seus companheiros na indústria. Um porta-voz afirmou que uma pesquisa entre os funcionários indicou que 74% deles se declararam felizes e que recomendariam a empresa, uma média na área.

A empresa procura pessoas para trabalhar na Ubisoft Toronto, no novo Splinter Cell. Lá há diversas vagas abertas de programadores e profissionais nível senior.

Recentemente, os funcionários de Paris publicaram uma carta de protesto contra a inclusão de NFTs nos jogos. Os itens únicos digitais autenticados foram condenados por serem uma tecnologia que “monetizaria o momento de jogar”.

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