Enquanto governos de todo mundo lançam as próprias moedas digitais e regulamentações em certos países lutam para eliminar o caráter anônimo das transações com criptomoeda, uma startup com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, quer dar aos usuários mais privacidade nos pagamentos digitais usando uma moeda digital descentralizada e criptografada. Recentemente, a startup Iron Fish ‘pescou’ um aporte de US$ 27,6 milhões na série A de investimentos, capital que deve garantir o avanço no projeto e que promete ser à prova dos estados de vigilância.

A ideia de Elena Nadolinski, 29, nascida na cidade de Volvograd, empreendedora russa e CEO da Iron Fish, saiu da vontade de combater essa sensação “arrepiante” e de ajudar a garantir que cidadãos das próximas gerações de estados autoritários possam continuar a ter uma vida privada, mesmo que todas as transações estejam sendo tragadas para um livro contábil compartilhado e distribuído. “A falta de privacidade, e tendo essa sensação de que sou vigiada e preciso esconder o que tenho,  porque na verdade não tenho garantias de privacidade, fez a cultura evoluir de uma forma que eu acho que impacta negativamente a inovação e o empreendedorismo no país”, comenta a idealizadora do projeto a Forbes.

Após estudar os dois primeiros anos da escola na Rússia, Nadolinski mudou-se para os Estados Unidos e se formou em ciências da computação em 2014 pelo Virginia Polytechnic Institute e State University. Antes de descobrir o mercado de criptomoeda, ela estagiou na Microsoft e trabalhou com locação de imóveis para Airbnb.

Startup de criptomoeda pró-privacidade recebe aporte de US$ 27,6 milhões

Foto: Worldspectrum/Pexels

Em 2018, começou a trabalhar na versão original da Iron Fish, uma moeda que preserva a privacidade usando o Sapling Protocol, originalmente desenvolvido pela Zcash.

Após aportes iniciais da Benet, Forbes 30 Under 30 alums, Jill Carlson da Slow Ventures, Linda Xie da Scalar Capital entre outros, o projeto evoluiu para incluir um sistema pelo qual quase qualquer moeda criptográfica possa ser depositada em um contrato inteligente, e ter garantias de anonimato como a própria Iron Fish.

Criptomoeda e o valor potencial da privacidade

Em uma rodada da série A, a empresa, ainda anônima, conseguiu levantar US$ 27,6 milhões. A lista é liderada pela firma americana de capital de risco Andreessen Horowitz, já conhecida por investimentos em startups de criptomoedas com foco em privacidade nos últimos quatro anos, e compartilhada com personagens como o presidente executivo do LinkedIn, Jeff Weiner, o bilionário proprietário da Met, Alan Howard e a Sequoia Capital, além de outros.

Com o aporte milionário, a startup pretende praticamente dobrar o tamanho da equipe, que emprega atualmente nove pessoas em todo o mundo, incluindo seis desenvolvedores, além de cuidar de todo o processo para que ele esteja com máxima conformidade possível.

Apesar da ameaça à privacidade financeira nos últimos anos seja apontada para o conceito experimental do Banco Central de Moedas Digitais (CBDCs), em que emissores tradicionais de moedas apoiadas pelo governo estão procurando aproveitar o melhor que seus novos concorrentes descentralizados têm a oferecer em termos de velocidade e eficiência, esse cenário pode mudar se tecnologias como da Iron Fish forem compreendidas, e o fornecimento de anonimato vá além das moedas criptográficas.

O impacto parece evidente, de acordo com uma pesquisa da Fortune Business Insights, que cita o crescimento dessas tecnologias voltadas ao anonimato para uma indústria de US$ 17,75 bilhões até 2028. Já a análise do site ResearchAndMarkets.com estima que a indústria de VPN relacionada atingirá US$ 107 bilhões até 2027.

Comentários

0

Please give us your valuable comment

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Subscribe
Notify of
0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments