É difícil um smartphone existir sem nenhum ponto negativo: um analista sério é praticamente treinado para encontrar o menor defeito que seja, equilibrando-o frente à experiência de uso. Parece até “puxa-saquismo” depois de tantos reviews da marca aqui no site, mas o realme 11 Pro+ – o aparelho mais avançado da chinesa realme no Brasil – embora não escape a essa realidade, passa muito perto.

Não é que o aparelho seja livre de defeitos – a insistência da chinesa em lotar o bicho de bloatware poderia ser ausente e a duração da bateria poderia ser melhor – mas a proposta primária dele, de oferecer alto desempenho em um pacote elegante, não é só cumprida, como amplamente superada.

Imagem mostra o realme 11 Pro+

Sim, às vezes a gente faz reviews do quarto de casa ^^ (Imagem: Rafael Arbulu/TecMasters)

realme 11 Pro+ é um smartphone de elite, mas destinado às massas

A proposta da realme de oferecer aparelhos com desempenho e tecnologias do setor topo de linha, mas com preços acomodados ao bolso é melhor exemplificada com o realme 11 Pro+. Portando conexão 5G e câmera “parruda”, aliado a um alto armazenamento e memória, é até impressionante digitar o preço sugerido dele na loja da fabricante: a versão que testamos – 512 GB de espaço e 4/8/12 GB de RAM (continue lendo para entender) na cor “Sunrise Beige” – sai por aproximados R$ 2,5 mil.

Considerando as qualidades que vamos elencar ao longo deste review, dá até um peso no coração termos testado o aparelho com um certo atraso (originalmente, ele foi lançado em 1º de agosto). Mas acabou tudo bem: a nossa espera compensou bastante.

Design em couro dá ares de refinamento, mas sem perder praticidade

Começando pelo visual, ao contrário dos outros modelos da realme, este aparelho traz as costas em couro, com um acabamento costurado que reforça as bordas. Normalmente, material bordado me deixa “com o pé atrás” – pela minha experiência, as costuras soltam com facilidade, e o que quer que elas acabam prendendo, fica solto, com risco de soltar/cair/quebrar etc.

Não aqui: embora a gente obviamente não vá passar tempo suficiente com o aparelho para saber quão rápido isso possa ocorrer, à primeira vista, tudo parece bem firme, e as linhas de costura adicionam detalhes bonitos a complementarem o design.

Também nas costas está a câmera traseira de 200 megapixels (MP) – falamos dela em detalhe mais abaixo – que é abraçada por um anel protetivo que, a exemplo do (posteriormente lançado) realme 11 5G, serve não só para guardar a integridade do kit, como também um tempero visual adicional.

Na frente, o display AMOLED de 6,7 polegadas poderia ter uma resistência melhor – o nosso aparelho não segurou uns risquinhos leves só de ficar perto de uma chave. Nada que não saia com uma boa esfregada, mas tem que ser booooooa…preferencialmente, com álcool isopropílico (NÃO USE ÁLCOOL EM GEL para limpar display nenhum, tá? Ele tem água na composição e pode danificar aparelhos). Ainda assim, eu confesso que esperava mais nesse aspecto.

De uma forma geral, o realme 11 Pro+ é bastante agradável ao olhar, e a “pegada” dele é ao mesmo tempo prática e passa sensações suaves ao toque. É um diferencial que vai ser determinante na qualidade do produto? Não. Tem muita gente que nem liga para isso. Mas quando você percebe, é algo bacana de se ter.

Imagem mostra o realme 11 Pro+

Imagem: Rafael Arbulu/TecMasters

Câmeras entregam o melhor resultado já trazido pela realme

Em praticamente todos os lançamentos da realme, a empresa sempre afirma o “modo de resolução máxima de seus aparelhos” como se fosse a grande inovação do setor. Nem sempre isso é verdade, se a sinceridade nos é permitida, mas o realme 11 Pro+ é o modelo a cumprir esse acordo.

Antes, aos dados técnicos:

  • Kit traseiro
    • Sensor principal híbrido (comum + angular) de 200 megapixels, estabilização óptica de imagem, f/1.7, 23mm, 1/1.4″, 0.56µm, PDAF; acompanhado de um sensor grande angular de 8 MP, f/2.2, 16mm e 112º de campo de visão; e um terceiro sensor macro de 2 MP, f/2.4
  • Kit frontal
    • 32 MP, f/2.5, lente de 22 milímetros (angular)

O realme 11 Pro+ conta com muitos – muitos – modos de fotografia, mas o trunfo desta parte do aparelho é apresentar todos esses recursos sem “afogar” o usuário. Tal qual um cardápio de um restaurante com tantas opções a ponto de você não conseguir decidir o que comer, modos de fotografia simplesmente “jogados” em um smartphone podem sobrecarregar você, mas no caso deste aparelho chinês, tudo é posicionado de forma intuitiva, pegando você pela mão para guiá-lo no melhor uso de cada um.

Por um lado, isso acaba lotando o quadro de captura da imagem com muitos menus e opções, tornando a navegação obrigatoriamente enfadonha. Mas por outro, isso mostra como a realme não quer só disponibilizar máquinas quase profissionais de fotografia condensadas em um telefone de bolso, mas também não limitar essa capacidade apenas a profissionais e entusiastas, mas ao público em geral.

O resultado disso é especialmente evidente no “modo 200 MP” de alta resolução: a princípio, nada o difere do modo comum – e o fato de não se aplicar o zoom antes de bater a foto certamente pode desencorajar alguns consumidores. Mas ao bater o retrato e ampliar a foto gerada é que se vê o motivo: ele praticamente não permite a quebra de imagem. Veja nos exemplos abaixo – as partes mais aproximadas do prédio são “prints” que tirei, e estão sem nenhuma pixelização. Todos, entretanto, são a mesma foto, sem nenhum recorte. A imagem só começou a quebrar quando eu ampliei ao máximo e cheguei nos pára-raios do edifício.

[Review] realme 11 Pro+ abraça o conceito de “intermediário topo de linha”
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Nos outros modos, a inteligência artificial (IA) aplicada no pós-processamento vai bem ao iluminar fotos em pouca luz ou à noite, embora o resultado seja meio artificial. E o modo de longa exposição é um deleite visual ao “descolar” o sujeito principal da imagem de seu fundo. Parece uma montagem 3D simples vinda apenas de uma batida de câmera.

No que tange a vídeo, entretanto, o realme 11 Pro+ não faz nada de tão impressionante ou que o destoe de smartphones concorrentes: na traseira, ele chega à resolução 4K (30 quadros por segundo, ou “fps”), enquanto a câmera frontal chega, no máximo, ao 1080p (30 fps). Ao menos, o preço compensa: um smartphone com resolução 4K nativa com custo de R$ 2,5 mil não é algo a se reclamar, convenhamos.

Desempenho tem falhas, mas processamento é “zero gargalos”

O realme 11 Pro+ conta com um processador Dimensity 7050 (MediaTek) de oito núcleos e seis nanômetros (6nm), versões que vão de 256 GB a 1 TB de espaço interno e máximos 12 GB de memória (expansível com um comando no menu de configurações entre 4 GB, 8 GB e o máximo, a custo de maior consumo de bateria).

No sistema operacional, a já comprovada realme UI 4.0 (baseada no Android 13) se faz presente mais uma vez, enquanto a conectividade 5G e a bateria de 5.000 miliampere-hora (mAh) completam o pacote interno.

Falando nela, a bateria conta com capacidade de recarga rápida de 100W SuperVOOC. E neste último ponto, você vai precisar: possivelmente o maior problema deste aparelho é o fato da bateria não durar tanto quanto gostaríamos. Em coisa de um dia, talvez menos, de uso contínuo corriqueiro, você a verá descer para uns 30% – isso se você não jogar, ou filmar em 4K, ou abusar de passar horas e horas no TikTok (convenhamos, todas estas, coisas que são bem fáceis de acontecer).

Embora o desempenho geral do aparelho seja bastante satisfatório – Genshin Impact rodar sem engasgos do download de ativos digitais até o disparo de magias incrivelmente coloridas e texturizadas é certamente o melhor dos elogios de um aparelho de bolso que rodei videogames – isso acaba sendo minimizado pelo alerta de pouca carga.

Felizmente, a recarga rápida compensa: a realme deu prazos maiores, mas em nossos testes, uma espetada do cabo USB-C (3.0 – pode chorar, “novo aparelho da fabricante com nome de fruta”) na tomada rendeu um salto de 30% a 100% em aproximados 20 minutos. É um ganho considerável se comparado ao realme 11 5G que analisamos no começo da semana – e olha que aquele aparelho já era bem interessante neste aspecto.

Já os bloatwares…tantos, tantos bloatwares. A gente já bateu nesta mesma tecla em modelos do passado, mas caramba, o realme 11 Pro+ realmente força a barra. Eu contei 20 apps que sobraram depois de eu ter feito uma limpeza cursória, sem muita profundidade…a maior parte, jogos pré-instalados e apps de redes sociais.

Sim, é possível remover todos eles em definitivo, mas tal qual outros smartphones, você terá que fazer isso um por um, o que toma um certo tempo e consegue ser bem irritante. E é melhor que você faça isso logo: os apps são “pré-instalados”, então estão ocupando partes parciais do processamento e memória do celular.

Veredito: se você quer trocar de celular, realme 11 Pro+ pode ser a melhor opção

Apesar dos pesares, nenhum dos problemas do realme 11 Pro+ é necessariamente um destruidor de experiência. O uso corriqueiro que consome boa parte da bateria é o mais chato deles, mas acaba compensado pela recarga rápida (recomendação técnica: preserve a vida útil da bateria e carregue apenas até uns 85% ou 90%, não a 100%), e o restante é algo que você tem que cuidar apenas uma vez e nem lembrar que já foi um empecilho.

Depois disso, o que sobra é um smartphone de alta capacidade, excelente custo-benefício e um que se pode recomendar aos amigos de olhos fechados.

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