A Sega realmente parece empenhada em reinventar a franquia Sonic the Hedgehog de uma maneira que os próximos games de jogabilidade clássica sigam gráficos 3D ao invés das tradicionais artes pixeladas em 2D. Embora essa tentativa não tenha dado certo com Sonic the Hedgehog 4 no longínquo ano de 2010, Sonic Superstars chega para estabelecer uma nova era para o ouriço azul (o barrigudinho, não o moderno).

Na realidade, Sonic Superstars traz gráficos 2.5D, mesclando a jogabilidade de plataforma 2D com personagens, oponentes e outros detalhes dos cenários renderizados em três dimensões. Durante alguns segmentos, como os estágios especiais, por exemplo, o cenário e a movimentação se transformam completamente e seguem um estilo 3D. Além disso, o jogo costuma alternar entre primeiro e segundo plano para tornar a exploração (e o uso do 2.5D) mais dinâmica.

Embora as diferentes dinâmicas do 2.5D não sejam exatamente uma novidade na franquia — afinal, Sonic Unleashed brinca com esse artifício e Sonic Generations o aprimora —, o que verdadeiramente torna Sonic Superstars em uma experiência clássica prazerosa é a sua física. O motor gráfico não é o Retro Engine que foi usado em Sonic Mania, mas a Sega e o Sonic Team conseguiram “traduzir” a essência dessa tecnologia para o 3D de maneira primorosa.

O resultado desse trabalho está na jogabilidade de Sonic Superstars e você o consegue sentir na rápida resposta dos comandos, nas animações orgânicas (e muitas vezes fofíssimas) dos personagens, na movimentação leve… tudo perfeitamente ajustado e em sinergia para o jogador sentir que está jogando um game 2D de Sonic, mas com gráficos 3D.

Habilidades e mecânicas engenhosas

Cada personagem jogável conta com habilidades únicas, como de praxe. Sonic é extremamente veloz, a raposa Miles “Tails” Prower pode voar graças às suas caudas que giram como hélices, Knuckles the Echidna pode planar e escalar paredes, a ouriça Amy Rose tem pulo duplo e um martelo poderoso para se defender, e existe outra personagem que pode ser desbloqueada após concluir o modo história, mas é melhor que você confira essa agradável novidade com seus próprios olhos.

Essas são as técnicas básicas de cada personagem jogável, claro; já que uma das grandes novidades de Sonic Superstars são os poderes que cada Esmeralda do Caos oferece. Esses artefatos místicos estão em todos os jogos da franquia e, ao coletar todas as sete, o jogador pode fazer com que Sonic e seus amigos adquiram suas famosas formas “Super”.

[Review] Divertido e desafiador, Sonic Superstars trilha o caminho certo para se reinventar
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Mas Sonic Superstars vai além e traz poderes diferentes para cada uma das Esmeraldas do Caos, reinventando não apenas o propósito desses objetos dentro da franquia, mas também ampliando o escopo de mecânicas. Ao obter a joia azul clara, os personagens assumem uma forma aquática que pode nadar contra a correnteza de uma cachoeira, por exemplo. A roxa, por sua vez, permite que o jogador enxergue plataformas e outros segredos escondidos pelos cenários.

Obviamente este review não tem a intenção de estragar sua experiência com spoilers. Por isso vou me abster de comentar muito além dessas duas habilidades. Mas basta saber que a experiência se torna ainda mais divertida quando você domina cada uma das habilidades e as utiliza em batalhas, e principalmente durante a exploração. Além disso, cada um dos poderes têm um tempo limite, então ative-os com sabedoria.

A magia está nos detalhes

Ao todo, Sonic Superstars tem doze cenários e alguns estão divididos em dois ou três atos. Aliás, um dos pontos positivos do game é que, embora as zonas passem uma sensação de nostalgia (especialmente quando prestam homenagens a fases de jogos clássicos), tudo aqui é inédito. Isso já havia sido garantido pela Sega no anúncio, vale apontar, mas é sempre um deleite ver o ouriço azul e seus amigos explorando novos territórios.

E mesmo que as temáticas dos cenários sejam quase as mesmas de sempre (floresta, selva, fábrica, etc.), Sonic Superstars tem como grande destaque a zona Cyber Station, que apresenta versões adoráveis em 8 bits dos personagens e utiliza isso para brincar com a jogabilidade de maneira criativa e divertida.

Por fim, destaco um segmento da reta final de Sonic Superstars que muda um pouco a jogabilidade ao implementar levemente as características de um shoot ‘em up. Como fã do gênero dos “jogos de navinha”, essa sequência me surpreendeu positivamente, pois refrescou a aventura com uma pitada de diversificação nas mecânicas e no gameplay. Não custa nada variar de vez em quando, afinal.

 Sonic Superstars é ainda repleto de detalhes que fazem toda a diferença, inclusive. Sejam em animações, movimentos, expressões, posicionamentos, mudanças na jogabilidade, mecânicas especiais, eventos pontuais nos cenários… Todos esses pormenores denotam o carinho com o qual o jogo foi desenvolvido.

[Review] Divertido e desafiador, Sonic Superstars trilha o caminho certo para se reinventar
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Por último, mas não menos importante, vale mencionar que Sonic Origins deixou um mapa-múndi interativo como herança para Sonic Superstars. Nele, você pode trocar de personagem a qualquer momento e escolher em qual das fases quer se aventurar, incluindo a zona com ícone de fruta — que é basicamente um desafio.

Desafiador e divertido na mesma proporção

Outro grande chamariz de Sonic Superstars é o modo cooperativo para até quatro jogadores. Claro, não é obrigatório jogar com outras pessoas, mas se você quiser uma experiência um tanto mais leve, talvez seja interessante combinar de jogar com seus amigos. Isso porque o novo jogo da franquia é bastante desafiador!

Para que fique claro, a curva de dificuldade não aumenta de maneira repentina: aqui e acolá você vai encarar um ato ou uma batalha mais desafiadora contra um chefão, por exemplo. Porém, a reta final do jogo traz uma sequência com muita dificuldade — algo que eu, como fã de longa data da franquia, nunca tinha visto.

Isso está longe de ser uma reclamação, mas fica o aviso para que você se prepare. Quem sabe jogar com seus amigos torne a experiência menos desafiadora? Ah, e se quiser mais dificuldade ainda, experimente a campanha extra que é desbloqueada logo após terminar o modo história. 

Aliás, vale encarar a campanha complementar não apenas pelo desafio, mas especialmente porque o último chefão de verdade e o final secreto são liberados apenas após terminar a nova história. Então, se quiser ver o verdadeiro desfecho dessa aventura, será preciso testar todos os seus limites.

Ótima trilha sonora, mas sem continuidade

A trilha sonora de qualquer jogo da franquia Sonic the Hedgehog é um espetáculo à parte. Em contrapartida, a de Sonic Superstars conta com algumas faixas inconsistentes — no sentido de que os leitmotifs quase não existem, o que deixa a sensação de que falta alguma coisa. Ainda assim, a equipe de composição fez um excelente trabalho e conseguiu transpor a essência com músicas específicas que grudam na cabeça, como a Speed Jungle Ato 2 e o tema dos estágios especiais.

[Review] Divertido e desafiador, Sonic Superstars trilha o caminho certo para se reinventar
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Os compositores parecem ter tido bastante liberdade para este projeto. O problema é que o time é amplamente diversificado e conta com nomes como Tee Lopes, Toriena, Hidenori Shoji, Mitsuharu Fukuyama e muitos outros; além do mestre Jun Senoue assinando como diretor da trilha. São muitos talentos e cada um tem seu respectivo estilo musical, o que pode ter tornado realmente difícil coordenar e harmonizar as faixas. 

Deixando as músicas um pouco de lado, Sonic Superstars oferece ainda um modo batalha e um desafio “contra o tempo” para os jogadores mais competitivos. Você pode inclusive personalizar seu próprio boneco desbloqueando acessórios na loja, ou comprando-os com as medalhas douradas coletadas em fases bônus (ou adquiridas quando você junta 100 anéis dourados nas fases).

Sonic Superstars vale a pena?

Além de ser uma excelente porta de entrada para novos jogadores, Sonic Superstars também deve agradar os veteranos. O jogo combina inúmeros elementos do passado e do presente da franquia e os entrega em sua melhor forma, além de garantir bastante desafio e diversão na mesma proporção. 

Existem características que poderiam ser melhores, claro, mas é possível sentir o cuidado com o qual o título foi desenvolvido. O game também estabelece uma nova era para o Sonic com design antigo (ou “Sonic barrigudinho”, como é carinhosamente chamado). Com Sonic Superstars, o estilo clássico de jogabilidade parece finalmente ter se encontrado e oferece exatamente o que a nova e a velha geração de fãs precisam.

Mais do que recomendado: o novo game da franquia do ouriço azul é uma parada obrigatória para qualquer jogador… mas que, infelizmente, chega em uma época bastante agitada para videogames. De toda forma, se você precisar de mais um incentivo, além de todos os outros citados no texto acima, saiba que os textos de menus estão em brilhantemente localizados em português brasileiro.

Sonic Superstars chega para PC (via Steam e Epic Games Store), Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox Series X|S e PlayStation 5 em 17 de outubro. O jogo foi analisado no PlayStation 5 por meio de uma cópia antecipada cedida pela Sega.

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