É difícil deparar-se com as tecnologias atuais e não ficar encantado com as modernidades. Mas tão importante quanto apreciá-las é entender como os avanços tecnológicos foram essenciais para chegarmos onde estamos. E foi com esse sentimento que o TecMasters preparou um especial para relembrar de três grandes pilares do setor nos últimos 20 anos: videogames, celulares e computadores.

Nas últimas semanas, videogames e celulares foram os protagonistas. E como é de se imaginar, consoles de geração passada, títulos marcantes da indústria de jogos e celulares que marcaram época nessas duas últimas décadas (né, V3?) foram relembrados com o devido carinho.

Inclusive, vale uma conferida caso tenha perdido algum deles:

Agora, no último capítulo deste especial nostálgico, chegou a vez de exaltarmos os dispositivos que se tornaram indispensáveis para tarefas do nosso cotidiano e que tanto nos deram alegria (ou raiva) desde os anos 70: os computadores.

Naturalmente, abordar os avanços tecnológicos de cada hardware de PC (processadores, placa de vídeo, armazenamento, memórias RAM, placa-mãe e afins) seria muito para um único especial — e talvez caracteres e imagens demais para serem compilados em apenas um texto.

Por conta disso, o TecMasters resolveu fazer algo diferente (e extremamente nostálgico): uma breve comparação dos computadores de 2003 e dos PCs de 2023. Portanto, aperte o cinto e embarque nessa viagem do tempo virtual repleta de saudades.

Como eram os computadores em 2003

Antes de tudo, vale reforçar: a cultura dos computadores 20 anos atrás não era a mesma vista nos dias de hoje. Por mais que muitos já tivessem adquirido seu dispositivo pessoal, os PCs eram mais populares em ambientes empresariais, especialmente para facilitar cálculos ou organizar planilhas.

Cenários diferentes à parte, é hora de relembrar como, de fato, eram os PCs em 2003.

  • Gabinetes
Gabinetes antigos de computadores

Imagem: Yuliya Alekseeva/Shutterstock

Não há como negar: os gabinetes, querendo ou não, compõem a primeira impressão de computadores. E, bem, digamos que estes itens eram relativamente diferentes por volta de 2003.

Quem viveu a época, presenciou cases simples, geralmente em cores claras — que ganhavam tons amarelados com o passar do tempo — com designs fechados que permitiam ventilações mínimas. Algo compreensível, dado que as configurações da época não eram tão robustas e, por sua vez, não necessitavam de grandes sistemas de resfriamento.

Mas o principal diferencial dos gabinetes antigos, sem dúvidas, ficava na conta das entradas nas frontais. Isso porque os cases traziam drivers de leitores de CD/DVD, bem como entrada para disquetes, que ainda eram dispositivos de armazenamento populares na época.

Curiosamente, muitos gabinetes traziam dimensões menores. Apesar disso facilitar a alocação em escrivaninhas, armários e afins, gerava uma verdadeira bagunça interna de fios, hardwares e componentes.

  • Processadores
Intel Pentium 4

Imagem: reprodução

Há 20 anos, a briga entre Intel e AMD já existia no setor de CPUs. O único ponto é que os processadores Intel praticamente dominavam o mercado e talvez seja difícil encontrar um usuário que utilizou chip do Team Red naquela era.

Os mais renomados da época eram o Pentium 4 (Intel) e o Athlon XP 2500+ (AMD). Ambos eram construídos na arquitetura de 130 nm (pois é) e traziam apenas um único núcleo e uma só thread. A diferença é que o primeiro tinha frequência de 2.4 GHz, enquanto o segundo tinha 1.8 GHz.

Para os mais novos, saibam que as CPUs eram limitadíssimas. Rodar o sistema operacional e executar um software? Até rolava. Mas era abrir mais de um programa ao mesmo tempo que os travamentos começavam.

  • Placas de vídeo
Placa ATI Radeon 9700 de computadores antigos

Imagem: reprodução

Placas de vídeo em 2003? Era um privilégio para poucos. Até porque o processamento gráfico de computadores não era efetivamente algo para o público geral na época. E como a maioria dos PCs eram vendidos já montados, poucos sequer sabiam da existência desse hardware.

E os felizardos que puderam desfrutar desse “luxo” possivelmente eram donos de placas com, no máximo, 128 MB (megabytes e não gigabytes) de memória, a exemplo de GPUs como ATI Radeon 9700 (AMD) ou GeForce FX 5700 (Nvidia).

  • Memórias RAM
Memórias DDR2 de computadores antigos

Imagem: Hendrik Sejati/Shutterstock

Em 2003, as memórias RAM tinham acabado de evoluir do padrão DDR para DDR2. E isso aconteceu pela necessidade das memórias serem forçadas a acompanhar o desempenho em ascensão dos processadores, que também estavam em evolução.

No “tecniquês”, o novo padrão resultou em memórias muito mais rápidas, que podiam fazer o dobro de operações (quatro ao todo) por ciclo de clock. Mas na prática, isso significava hardwares com operações internas de 200 MHz e com memórias entre 256 MB e 512 MB.

Precárias em comparação com os componentes atuais. Mas inovadoras para a época.

  • Armazenamento
HDD de computadores antigos

Imagem: Patrick Lindenberg/Unsplash

Por mais que os HDDs Sata já estivessem no mercado, quem imperava na indústria de computadores eram os HDDs Parallel Advanced Technology Attachment (PATA). E se a memória falhar, basta lembrar daqueles dispositivos de armazenamento cheios de cabos flat.

Os baixos limites de armazenamento — que beiravam os 128 GB — e de velocidade de transmissão (cerca de 133 MB/s) eram algumas características destes dispositivos. Mas se há algo marcante desses hardwares, era a baixa capacidade de transferir dados sem corrompê-los.

  • Sistema operacional
Windows XP 2

Imagem: reprodução/Tech Enthusiast

Aqui não há muito espaço para discussão: lançado em 2001, o Windows XP era o principal sistema operacional da época. Inclusive, ele é lembrado até hoje como um dos melhores SOs já lançados pela Microsoft.

Os motivos? Além de trazer uma interface atrativa e com possibilidades de personalização, ele popularizou a chegada de diversos softwares nativos (como o Windows Media Player) e, de quebra, mostrava-se bem mais leve e rápido que versões anteriores.

  • Monitores
Monitores de computadores de 2003

Imagem: Freepik/
VWestlife

No quesito monitores de computadores, existiam duas situações bem diferentes. A primeira refere-se à ala dos que ainda usavam os monitores CRT, também conhecidos como monitores “de tubo”. Apesar de bons níveis de contraste e cores, eles eram verdadeiros trambolhos e gastavam bastante energia.

Por outro lado, existiam os usuários que já estavam na onda de monitores LCD — que utilizam cristais líquidos e polarizadores de luz para formar imagens. Aliás, foi em 2003 que os monitores LCD se tornaram mais populares que os CRT.

Mas independentemente do modelo, uma coisa é fato: a maioria dos usuários ainda tinha a capinha protetora para os monitores.

Como são os PCs em pleno 2023

Desnecessário dizer que, em 20 anos, o mundo mudou. Gerações foram alteradas, culturas foram adaptadas e as inovações tecnológicas avançaram como nunca. E, bem, neste bolo de alterações também estão os computadores, que já não são mais os mesmos de 2003.

Os mais jovens talvez estejam mais habituados com os PCs da atualidade. Mas de todo modo, vale um panorama geral de como estão os hardwares das máquinas hoje em dia.

  • Gabinetes
Gabinete de computadores em 2023

Imagem: divulgação/Cougar

Se levarmos em conta o quesito funcionalidade, os gabinetes foram as peças de computador que menos sofreram mudanças nos últimos 20 anos. É verdade que eles ganharam mais entradas de ventilação, novos compartimentos, mais tamanhos e conexões — com exceção dos drivers de CD/DVD e disquete. Mas basicamente, são os mesmos.

Mas em termos visuais, muita coisa mudou. Sem contar novos materiais de composição que prometem ser mais duráveis, eles podem ser encontrados em praticamente qualquer cor. E a antiga lateral fechada de plástico foi substituída por um padrão de lateral de vidro ou acrílico que permite enxergar o interior do PC sem ter que abri-lo.

Não menos importante, agora temos uma enxurrada de LEDs coloridos. Aliás, parece existir uma máxima de que quanto mais luzes, mais “gamer” é o computador. Também não se pode esquecer dos diferentes tipos de design, que vão de gabinetes tradicionais até cases ao ar livre.

  • Processadores
CPU Ryzen 9 7950X

Imagem: divulgação/AMD

Processadores Pentium ou Atlhon? Bem, já estão ultrapassados. É certo que Intel e AMD continuam na dominância do mercado de CPUs — aliás, o Team Red finalmente passou a bater de frente com os processadores Intel. Mas os modelos agora são infinitamente mais avançados.

A começar pelo atual carro-chefe da AMD, temos o Ryzen 9 7950X. E a comparação com os processadores de 2003 da marca fica até injusta, já que a CPU de 5 nm lançada no fim do ano passado conta com 16 núcleos, 32 threads e velocidade de clock de 5.7 GHz.

Mas os processadores da Intel não ficam para trás. A linha Pentium ficou no passado e a mais robusta hoje é a linha Intel Series de 13ª geração. Por falar nela, o modelo topo de linha (i9-13900K) traz 24 núcleos, 32 threads e frequência máxima de 5.8 GHz.

Em 2003, alguém imaginou um avanço como esse?

  • Placas de vídeo
RTX 4090

Imagem: Cesar Schaeffer/TecMasters

Partindo para as placas de vídeo, os avanços também foram brutais. Mas fato é que esses hardwares apenas acompanharam o desenvolvimento de novas tecnologias como vídeos em 4K, inteligência artificial, ray tracing e path tracing, além de outras ferramentas gráficas que eram inimagináveis 20 anos atrás.

Como resultado, as prateleiras hoje são palco para placas (como RTX 4090 da Nvidia ou RX 7900 XTX da AMD) com até 24 GB de VRAM, milhares de núcleos, suporte para memória GDDR6X e compatibilidade com os recursos gráficos mais potentes da atualidade.

O único ponto é que tamanha potência também resulta em custos elevados. E para efeitos comparativos, uma GPU de ponta dos dias atuais pode valer até mais que um carro usado datado de 2003.

  • Memórias RAM
Memória Micron

Imagem: divulgação/Micron

Como é de se imaginar, 20 anos passados também significou grandes avanços nas memórias RAM. E para compreender um pouco mais das mudanças do padrão DDR2 para o DDR5 nada melhor números.

Limitadas a cerca de 512 MB, as memórias DDR2 apresentavam taxas de dados entre 533 Mb/s e 800 Mb/s, além de taxas de transferências entre 4,2 GB/s e 6,4 GB/s.

Mas atualmente, as memórias DDR5 podem chegar a 48 GB e apresentar taxas de dados e de transferências de até 6.400 Mb/s e 51,2 GB/s, respectivamente.

  • Armazenamento
SSD NVMe de computadores recentes

Imagem: divulgação/Crucial

Outros hardwares de computador que ficaram no passado foram os HDDs. Há quem ainda os compre nos dias de hoje? Certamente, especialmente pelo seu custo-benefício. Mas quando se fala em armazenamento para PCs, automaticamente se fala em SSDs NVMe.

Isso porque eles são muito (mas muito) mais rápidos que os HDDs físicos tradicionais ou mesmo que os SSDs Sata. De quebra, são extremamente compactos (menores que uma barra de chocolate), apesar de atingirem capacidades de até 4 TB de armazenamento.

  • Sistema operacional
Windows 11

Imagem: divulgação/Microsoft

Passados 20 anos, o mais atual sistema operacional da Microsoft é o Windows 11. Em termos de popularidade, ele não chega aos pés do que foi o Windows XP. Mas se levado em conta o quesito avanço tecnológico, é possível dizer que tudo mudou.

E boas prova disso são: novas formas de login (com o Windows Hello), interface totalmente atualizada, inclusão de diversos novos softwares nativos, sistemas de segurança e criptografia, inclusão da assistente de voz Cortana, e uma série de outras novidades.

  • Monitores
Monitor Gamer MSI Optix LED 27´ Widescreen Curvo

Monitor Gamer MSI Optix LED 27´ Widescreen Curvo

Esqueça os monitores CRT ou LCD do passado. Em 2023, quem domina o setups de computador são os modelos baseados em LED (que usa diodos emissores), QLED (que combina pontos quânticos com tela LCD) e OLED (baseado em em pixels autoemissores de luz).

E para quem duvida dos avanços, saiba que os monitores hoje podem chegar a taxas de atualização que superam os 200 Hz, possuem tempo de resposta baixíssimos, incluem integração com tecnologias de luzes e ambientação e até trazem telas dobráveis.

Como visto, os tempos são outros, as culturas são distintas e as tecnologias são completamente diferentes. E acompanhando o instinto humano, tudo muda. Especialmente em um recorte de 20 anos que, embora pareça pouco, é tempo suficiente para um bebê se tornar um adulto.

E a tendência é que as transformações ocorram de forma cada vez mais acelerada daqui pra frente. Há quem ache bom, há quem ache ruim. Mas relembrar da trajetória do passado e dos avanços do intervalo são fundamentais para que o presente seja desfrutado em sua integridade.

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