Nas últimas semanas, a californiana Masimo Corporation moveu um processo contra a Apple, alegando que o novo smartwatch da companhia – o Apple Watch Série 9 e seu irmão “parrudão, o Apple Watch Ultra 2 – têm tecnologias que violam uma patente da empresa de dispositivos de saúde. O processo viu os dois dispositivos terem suas vendas impedidas (mas liberadas um dia depois) até que maiores averiguações fossem feitas.

Obviamente, processos desse tipo tendem a ser bem caros – a Masimo estima um gasto perto dos US$ 100 milhões (R$ 488,19 milhões) só para se manter na luta – mas de acordo com o Wall Street Journal, o CEO Joe Kiani está bem confortável com essa ideia, por um motivo, ao menos em teoria, bastante nobre:

Imagem mostra o Apple Watch Ultra 2

Imagem: Rezeki2031 / Shutterstock.com

“Ninguém os está enfrentando. Se eu posso fazer isso, então pode ser que a Apple mude para a melhor.” – Joe Kiani, CEO da Masimo Corp

Antes de tudo, é importante ressaltar que Kiani não é um idealista que resolveu arrumar briga com uma empresa trilionária à toa: processos de violação de patente são algo que ele está acostumado, tendo vencido a concorrente Nellcor em 2006 (depois de sete anos de idas e vindas com juízes) e, em 2016, ele fez isso de novo, desta vez contra a Royal Phillips.

Por outro lado, nem a Nellcor, nem a Royal Phillips são a Apple: “muitos dos meus funcionários e amigos me avisaram dos riscos que poderiam vir. Alguns até me chamaram de louco e afirmaram que eu não poderia enfrentar a Apple. Eles têm recursos infinitos”, disse o CEO ao jornal.

Mais do que ganhar ou perder um processo, Kiani espera que a Apple continue vendendo os dois produtos apontados pelo reclamante, mas “da maneira correta”. Segundo ele próprio conta, o processo contra a Nellcor rendeu indenização de mais ou menos US$ 800 milhões (R$ 3,91 bilhões), enquanto, em 2016, um acordo com a Royal Phillips virou indenização de US$ 300 milhões (R$ 1,47 bilhão) e um acordo de licenciamento de tecnologia com mais de US$ 1 bilhão (R$ 4,89 bilhões) de faturamento.

“Eu sinto que tenho que fazer isso”, disse o CEO, após declarar que está aberto a fazer um acordo com a Apple. Mas segundo ele, “precisa-se de duas pessoas para dançar o tango”.

Em outras palavras: ele até topa um acordo, mas a Apple tem que querer isso também – e a empresa não dá sinais de que vai seguir por esse caminho. Na última semana, a fabricante do Apple Watch conseguiu uma injunção que barrou a decisão anterior, que proibia a comercialização do relógio de US$ 399 (R$ 4.999 no Brasil), reverteu uma decisão desfavorável. Então claramente a empresa também soube o que fazer quando decidiu encarar a batalha de frente.

Kiani segue resoluto, no entanto: “se eu conseguir mudar a empresa mais poderosa do mundo a ponto de ela parar de agir com essa maldade, isso terá mais impacto no mundo que qualquer outra coisa que eu faça.”

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