Há um consenso: grande parte de nossas vidas está digitalizada. Seja fotos e documentos pessoais, comunicação, arquivos da faculdade ou do trabalho. Uma prática comum do nosso dia a dia, assim como esta reportagem publicada em um endereço na internet, cuja cópia de segurança (ou backup) foi realizada minutos atrás para caso incidentes ocorram.

Se hoje é algo normal, pensar em poucas décadas atrás, os dados dessas memórias — tão fáceis de se registrar com uma câmera de celular em tempos — simplesmente não existem. Provavelmente, a geração de millennials, tipicamente definida como pessoas nascidas de 1981 a 1996, foram os últimos a vivenciar a infância que não está na nuvem, mas presa em formatos analógicos. Diários pessoais escritos à mão, fotos com câmera com filme e vídeos gravados em rolos de fitas VHS. Com a tecnologia que transforma tudo em dados, eles, ao contrário dos formatos digitais, podem irremediavelmente se perder com o tempo.

Esses artefatos tangíveis e imperfeitos que se degradam com o passar dos anos, apesar de não terem sido extintos completamente, foram reduzidos a grupos de nostálgicos ou aqueles que fogem da ideia de terem seus dados pessoais armazenados “de graça” e para sempre em um data center de uma empresa da big tech.

Apesar de 30% das pessoas nunca terem feito um backup na vida, segundo dados de 2021 da Backblaze — State of Backups, o motivo pode ir além dessas escolhas citadas acima. Desde confiança excessiva nos dispositivos, custo de armazenamento, proteção dos dados, complexidade do processo entre outros. Ao contrário de um cenário corporativo, no qual não existe margem para escolhas quando o assunto é manter várias cópias de segurança dos dados da empresa — de preferência muito bem armazenados e com equipes treinadas para cuidarem da sobrevivência da própria companhia.

A importância de um backup nessas situações é inquestionável, entretanto, parte do processo de salvar cópias seja de tarefas ou arquivos importantes exigem cuidados imprescindíveis. O mesmo vale para o usuário final, que deseja manter memórias e documentos pessoais com segurança e o mínimo de privacidade.

Cuidados

Tão necessário quanto fazer uma cópia de segurança é considerar o local onde serão armazenados esses dados e como eles serão armazenados. No caso de empresas, por exemplo, não é raro encontrar aquelas que fazem backup em excesso sem ao menos testá-los, consumindo vários terabytes e pagando por isso, exemplifica o engenheiro de dados sênior em Singapura Eric Lopes. “Além disso, há aquelas que acabam fazendo a cópia de arquivos corrompidos”, observa.

Em 2014, CTO da Cambridge Semantics, empresa de software de gerenciamento de dados e análise empresarial, tinha descrito essa prática em um estudo da PwC. “Vemos clientes criando grandes cemitérios de dados, despejando tudo no sistema de arquivos distribuídos Hadoop (HDFS) e esperando fazer algo com ele ao longo do caminho. Mas então eles simplesmente perdem a noção do que está lá. O principal desafio não é criar um data lake (”lago de dados”, em português), mas aproveitar as oportunidades que ele apresenta”.

Além dos gastos envolvidos nessa prática do “guardar o máximo possível com esforço mínimo”, o que propõe o tipo de implementação de armazenamento de informações acima, há outros cuidados a serem analisados, como recuperar esses dados armazenados em nuvem quando necessário, levando em consideração o tempo e quão prática é essa restauração, complementa Douglas Esteves, do Centro de Computação da Unicamp.

Outro cuidado essencial levantado por Lopes é a atenção quanto à legislação de cada país. Isso porque há mudanças consideráveis nas leis de proteção de dados de acordo com a localidade, por exemplo, o período estipulado pela regulamentação para armazenamento dos tipos de dados tratados pela empresa.

Já em relação aos usuários finais, as mesmas precauções valem, porém com algumas adequações. A criptografia dos dados da cópia de segurança é um passo fundamental e que não deve ser negligenciado, segundo o engenheiro de dados. Fotos, documentos pessoais e arquivos que não estão disponíveis na rede devem receber a camada de proteção, mesmo sob garantias de segurança de terceiros.

A configuração desse serviço a ser utilizado — para evitar exposição indevida — e a leitura dos termos de uso, apesar de exaustiva, também são básicas antes mesmo de fazer o primeiro backup.

Serviços de nuvem ou armazenamento offline

Um dos primeiros argumentos que ditam a escolha da forma de armazenamento de backups em detrimento da outra é o custo. Ao comparar um serviço de nuvem ou cloud storage de uma empresa da big tech com a manutenção de servidores físicos para o mesmo propósito, muitas empresas acabam seduzidas pela economia da nuvem. Segundo Esteves, instituições que ainda insistem em estratégias híbridas (backup em nuvem e data center local), salvas sob o argumento de legado, podem acabar migrando para a opção mais barata por uma questão de tendência.

Backup: o que considerar e quais cuidados devo ter

Imagem: Unsplash

Entretanto, por se tratar de uma armazenamento online, conectado à internet, é preciso considerar que há diferenças quando o assunto é complexidade e permissão, portanto envolvendo a segurança dos dados. De acordo com os entrevistados, eles são unânimes ao apontar que infraestruturas locais possuem permissões mais rígidas e hierárquicas que um serviço cloud, cujo acesso não autorizado é algo mais comum do que se imagina.

Backup de dados: o que considerar e quais cuidados devo ter

Foto: Nothing Ahead/Pexels

 

A escolha entre um serviço cloud e backup em discos rígidos, no caso de usuários, vai depender da particularidade e necessidades de cada um. Enquanto as cópias de segurança em HDs podem ser corrompidas devido a erros humanos comuns e serem afetadas pela vida útil desses dispositivos sem garantia estendida, o serviço em nuvem pode não oferecer praticidade e rapidez de acesso às cópias esperadas pelo usuário.

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