As paralisações dos roteiristas e atores de Hollywood fizeram a Warner Bros Discovery revisar sua expectativa de lucros para este ano fiscal. Segundo documentação enviada pelo estúdio à Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos EUA, a empresa deve levar um “baque” entre US$ 300 milhões (R$ 1,49 bilhão) a US$ 500 milhões (R$ 2,49 bilhões) por causa das greves.

As greves tiveram “dois começos”: em maio, roteiristas do setor iniciaram as paralisações exigindo reajustes condizentes com a inflação e proteções contra o uso de inteligência artificial (IA) por parte dos estúdios. Em julho, os atores afiliados ao sindicato SAG-AFTRA ingressaram ao movimento, também reclamando da possível adoção da IA na simulação de suas vozes e rostos sem remuneração. Ambas as partes também pedem por melhorias na remuneração referente a direitos autorais das obras em que participam.

Warner - HBO Max

Imagem: rafapress/Shutterstock.com

“Ainda que a Warner Bros Discovery tenha a esperança de que as greves serão resolvidas logo, a empresa não pode prever quando elas acabarão de fato. Com ambas as organizações [roteiristas e atores] paralisadas ainda hoje, a empresa agora presume que o impacto financeiro dessas greves à Warner Bros Discovery persistirá até o final de 2023.” – David Zaslav, CEO da Warner Bros Discovery

A situação atual da Warner mostra uma alteração do que a empresa havia previsto em sua última conferência com seus investidores, segundo a Variety. Realizada em 3 de agosto, a conferência viu Zaslav afirmar aos participantes que as greves “provavelmente acabariam” no início de setembro.

Entretanto, o CEO não contava com a falha das negociações entre o SAG-AFTRA e representantes dos estúdios. O “início de setembro” chegou e, bem, todos ainda estão paralisados.

“A Warner Bros Discovery continua a priorizar o trabalho diligente com outras lideranças da indústria para resolver a atual greve WGA/SAG-AFTRA de uma forma que seja justa e valorize o importante trabalho e a parceria com os roteiristas e atores”, disse a empresa à SEC.

Greve não desacelerou, e pode incluir mais gente

Não só as greves continuam – com apoio massivo de atores de blockbusters, aliás – mas o SAG-AFTRA indicou nesta semana que a indústria dos videogames também deve responder na mesma medida. Tal qual filmes e séries, os jogos eletrônicos também têm roteiristas e atores em suas equipes de desenvolvimento. E publishers como Ubisoft e outras companhias já anunciaram ferramentas de IA neste processo.

Em reunião extraordinária, o SAG-AFTRA afirmou a abertura de uma votação interna para decidir se profissionais dos videogames devem ser incluídos no movimento. É importante ressaltar que a autorização de participação não implica na automática entrada deles nas greves, apenas que, caso o façam, o sindicato lhes oferecerá apoio e suporte.

“Além de proteções trabalhistas contra a IA, o SAG-AFTRA busca pelos mesmos aumentos salariais para profissionais dos videogames em relação a aqueles sob contratos de televisão e cinema: 11%, retroativos ao estabelecimento da greve e aumentos de 4% no segundo e terceiro anos do acordo – uma necessidade para que as remunerações dos membros permaneçam alinhadas à inflação nacional.” – Fran Drescher, presidente do SAG-AFTRA

Com isso, o assunto ainda vai longe, e é bem provável que notícias similares à redução de lucro da Warner apareçam na mídia, citando outras empresas.

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