Parece que Elon Musk terá que esperar um pouco mais antes de receber oito dólares pelos usuários verificados: segundo uma correspondência interna do Twitter vista pelo jornal New York Times, o Twitter Blue, que deveria entrar no ar hoje, teve seu lançamento adiado.

Para quem não vem nos acompanhando, “Twitter Blue” é o nome dado à parte “paga” do Twitter: essencialmente, por uma determinação de Elon Musk, usuários com o selo de perfil verificado na rede social de microblogs teriam que pagar US$ 7,99 (R$ 41,20 na conversão direta) mensais para manterem o selo – ou perdê-lo em até 90 dias para o caso de quem já o tem.

Imagem mostra Elon Musk, que ainda não conseguiu iniciar o projeto Twitter Blue dentro da rede social

Imagem: BBC/Reprodução

Segundo a correspondência citada pelo jornal, há preocupações sobre o possível mau uso do serviço em vista das chamadas Midterm Elections – eleições que promovem membros do Congresso e do Senado dos Estados Unidos – que começa hoje, 8. A nota divulgada cita “incômodos internos e externos à empresa”, dando exemplos como usuários que pagassem pelo serviço para se passar – de forma verificada – por juristas, especialistas políticos ou até mesmo candidatos.

O risco disso é óbvio: falas atribuídas a essas figuras, sem que elas próprias as tenham mencionado, teriam um ar de credibilidade por serem “verificadas”. Em suma, fake news, mas de forma crível pela rede social.

Atualmente, o selo de verificação do Twitter é conferido a usuários que detém propriedade e veracidade sobre as informações que veiculam em seus perfis. Não raro, é fácil encontrar este selo em perfis de jornalistas, veículos de imprensa, celebridades, atletas e políticos, entre outros pilares. Elon Musk, que assumiu o controle do Twitter após comprá-lo há duas semanas, chama este sistema de algo “arcaico”, referindo-se a ele como “prática de senhores e camponeses”.

Dentro do Twitter Blue, a ideia de Musk é a de cobrar o valor referido acima para conferir o selo a qualquer usuário. O bilionário, no entanto, não detalhou como a empresa verificaria a validade da identidade do usuário pagante, nem tampouco como o impediria de se passar por outra pessoa. Vale lembrar: Elon Musk suspendeu a conta da comediante Kathy Griffin do Twitter quando esta se passou por…Elon Musk. A humorista não deixou claro tratar-se de uma conta de paródia, mas seu caso acabou reforçando argumentos contrários ao Twitter Blue. E o próprio Musk reconheceu que usuários afastados não seriam “desbanidos” sem um processo claro ainda a ser definido.

Ainda sobre isso: Griffin conseguiu voltar ao Twitter usando uma conta de sua falecida mãe (a qual ela própria operava antes da morte) e chamou Musk de “falsário” e de filho de uma pessoa cujo adjetivo empregado não podemos reproduzir aqui (é, esse mesmo: que bom que você nos entende).

Por essa e outras razões, várias pessoas mundialmente conhecidas anunciaram sua saída do Twitter, dos quais alguns nomes se destacam: a cantora Toni Braxton, a atriz e apresentadora Whoopi Goldberg, além de discussões bem públicas de Musk com o escritor Stephen King, o empresário Mark Cuban e até o ex-CEO e co-fundador do Twitter, Jack Dorsey.

Segundo a descrição do Twitter Blue, o serviço vai conferir aos seus assinantes prioridade em respostas e retuítes, elevando suas postagens à primeira posição quando interagindo com outros usuários. Além disso, os pagantes terão menos publicidade exibida (mas ainda terão “alguma” publicidade) e poderão postar vídeos mais longos e aparecer com mais prioridade na busca orgânica da rede social.

Para Elon Musk, esse formato de assinatura ajudará a acabar com os bots e a proliferação de desinformação dentro da rede. Novamente, no entanto, ele não explicou “como” e, a se analisar pelo caso de Kathy Griffin, a ideia não parece ter muito efeito prático em comparação à sua teoria.

Musk não comentou as informações veiculadas pelo New York Times, nem tampouco se ou quanto o Twitter Blue será definitivamente lançado.

via The New York Times

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