Elon Musk, o atual dono do Twitter, tem um problema nas mãos, e esse problema se chama “Twitter”: desde que assumiu a liderança da rede social após comprá-la há duas semanas, o novo “chefão” vem enfrentando severas críticas à sua gestão – e boa parte delas vêm de pessoas com um grau elevado de influência.

As coisas começaram a ir mal quando Musk anunciou que o programa de “usuários verificados” – até então, acreditado a usuários pela veracidade e autoridade do que postavam – passaria a ser pago em um modelo de assinatura de US$ 8 por mês, “para acabar com os bots”.

Twitter Elon Musk

Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock

Eis que, na última sexta-feira (4), Musk anunciou uma série de demissões em vários níveis da hierarquia, desde o operacional até alguns cargos de gerência. Ele tomou o primeiro processo trabalhista por isso, mas eis que, numa epifania incomum, o novo CEO do Twitter lembrou que, para fazer a empresa rodar, ele precisa de pessoas trabalhando nela. Resultado: chamou uma parte dos demitidos de volta hoje (7) cedo.

Essas são apenas algumas das atitudes erráticas que fizeram com que, ao longo da última semana, diversas pessoas anunciassem uma saída nada discreta da rede social do passarinho azul, mas não sem antes deixar bem claro que, sim, o problema é Elon Musk.

Na lista dos “abandonantes”, a atriz Whoopi Goldberg disse durante a edição do programa The View, onde ela é co-apresentadora, que deixaria o Twitter.

“Estou saindo fora. Estou saindo fora hoje, porque eu acho que tudo ficou muito bagunçado e eu estou cansada de ter, agora, que ver certas atitudes antes bloqueadas agora voltando. Eu vou sair, e se isso acabar melhorando e eu me sentir mais confortável com a ideia, talvez eu volte. Mas a partir de hoje, chega de Twitter para mim.”

Goldberg não é a única a dar voz às preocupações da nova gestão da empresa. Embora eles não tenham propriamente saído da rede, o “tubarão” apresentador do Shark Tank, Mark Cuban; e o cofundador do Twitter, Jack Dorsey, entraram em discussões com Elon Musk – e foram prontamente rebatidos pelo novo CEO:

No caso de Dorsey, o ex-CEO questionou o atual sobre ele desejar que o Twitter fosse “a mais correta fonte de informação do mundo”. Musk disse que seriam as pessoas da plataforma a decidir isso pelo antigo recurso Birdwatch, que permite que usuários colaborativos possam adicionar etiquetas de veracidade e qualidade de informação em tuítes com assuntos de interesse público.

Dorsey, por sua vez, respondeu dizendo que “Birdwatch é um nome melhor” e que “mais informativa” seria melhor que “mais correta”, haja vista que as informações trazem várias interpretações, mas apenas um fato.

Já com Mark Cuban, a conversa foi mais no sentido de sugerir que o programa pago de verificação de usuários poderia ser oferecido gratuitamente para colaboradores do Birdwatch que mais “acertassem” em seus julgamentos”, sugerindo que um modelo de inteligência artificial (IA) poderia avaliar a assertividade das informações propagadas.

Musk respondeu na negativa: “oito dólares para todos”, ao que Cuban prontamente se retirou da conversa após dizer “sua empresa, sua decisão”.

Fora isso, outros nomes de peso efetivamente anunciaram o completo abandono ao Twitter, tais como:

  • Shonda Rhimes, autora de Grey’s Anatomy e várias outras séries

  • Sara Bareilles, cantora e vencedora do Grammy

  • Toni Braxton, cantora de R&B que venceu sete Grammys e nove Billboard Music Awards

  • Mick Foley, ator e ex-lutador profissional de Luta Livre, confirmou sua saída pela sua página (verificada) no Facebook:

  • Gigi Hadid, supermodelo estadunidense. Ela não tuitou sobre sua saída, mas disse em um story no seu Instagram (onde ela é verificada) que estava saindo em meio a preocupações de que “o Twitter pode se tornar algo mais próximo a uma fossa de ódio e intolerância”, adicionando que “não pode dizer que [a rede] é um lugar seguro para qualquer pessoa, nem uma plataforma social que fará mais bem do que mal.”
  • Erik Larsen, quadrinista que atualmente desenha os gibis do Homem-Aranha na Marvel, confirmou sua saída em e-mail enviado à NBC, ressaltando que ele faria exatamente isso caso a compra por Elon Musk se confirmasse: “Eu disse que sairia se ele comprasse o Twitter. Ele comprou o Twitter. Não tive escolha. A ação dele só encorajou os usuários mais tóxicos. Os racistas, os ‘patriotas’ [ênfase nas aspas, que ele usou de forma irônica] e tarados voltaram com força total. Eu tenho zero arrependimentos”
  • Ken Olin, produtor executivo da série “This Is Us”, da NBC:

  • Téa Leoni, atriz da série “Madam Secretary”, comunicou sua saída do da rede, dizendo “vamos ver onde estaremos quando a poeira baixar. Hoje, a poeira revelou muito ódio, muita coisa na direção errada.”

Marina Sirtis, atriz que viveu Deanna Troi em “Star Trek: The Next Generation”, disse por meio de sua publicista à NBC que decidiu sair da rede social após Elon Musk atacar publicamente, Paul Pelosi, marido de Nancy Pelosi, da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos.

Paul Pelosi, 82, foi atacado na última semana por um agressor da extrema-direita. Horas depois do ataque, Elon Musk tuitou um link contendo supostos laços amorosos – amplamente e comprovadamente desmentidos – da vítima com seu agressor. Musk, depois, apagou o tuíte sem pedir desculpas, mas as fake news que ele ajudou a reverberar ainda pode ser vista em alta aceitação em fóruns extremistas online.

Ao que tudo indica, Musk terá um começo bem turbulento de sua gestão – considerando que ele tentou se remover da compra do Twitter e só a finalizou após ser forçado a tal na justiça (e tomando pesados empréstimos para financiar a aquisição).

O assunto ainda vai render bastante.

via Variety | NBC Bay Area

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