O primeiro pensamento que me cruzou a cabeça ao jogar Vengeful Guardian: Moonrider foi, na realidade, uma memória: imediatamente, me vi jogando clássicos da era 16-bits como Shinobi III: Return of the Ninja Master e Castlevania: Bloodlines no MegaDrive, e Hagane: The Final Conflict no Super Nintendo.

Foi um passageiro, mas nostálgico mergulho no passado, afinal, o JoyMasher, estúdio por trás de Vengeful Guardian: Moonrider possui outros títulos em seu portfólio com um estilo retrô semelhante: Oniken, Odallus: The Dark Call e Blazing Chrome — jogos de qualidade igualmente excelente da desenvolvedora brasileira.

Desta vez, porém, há uma caraterística única no mais novo lançamento do JoyMasher que, de certa forma, dialoga com o cenário atual do Brasil. Poder jogar Vengeful Guardian em um país constantemente assombrado pelos resquícios de uma ditadura militar, e que acaba de passar por um trágico episódio protagonizado por terroristas na Praça dos Três Poderes; agrega uma experiência diferente das que tive quando joguei os títulos citados anteriormente.

O principal elemento que difere Vengeful Guardian de todas as experiências passadas com outros clássicos da era 16-bits é justamente sua premissa e personagens. A narrativa, contada à moda antiga — sem cutscenes cinematográficas, apenas animações pixelizadas de abertura e encerramento, e algumas descrições —, aborda armas de guerra que se rebelam contra o estado autoritário que as construiu.

[Review] Vengeful Guardian: Moonrider homenageia o passado, mas reflete a atualidade
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No desolado e oprimido mundo do game, o guerreiro Moonrider é criado para defender um estado totalitário. Entretanto, ele rejeita seu propósito e escolhe o sanguinolento e implacável caminho da vingança contra seus criadores e outros supersoldados. Com isto, a humanidade ganha um herói improvável e uma nova esperança contra um governo tirano — e poder desfrutar desta experiência após os recentes eventos, é quase como saborear uma deliciosa sobremesa.

Ao abraçar a causa de Moonrider, você percorre oito fases de plataforma em rolagem lateral (side-scrolling) e pode usufruir diferentes habilidades do protagonista para cumprir sua vingança. Além de golpes e combos com o sabre, também é possível disparar projéteis laser de longo alcance — e é possível trocar o tipo de arma.

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O protagonista também pode correr, saltar entre paredes, se pendurar, dar voadoras e combinar chips para ganhar ou melhorar suas habilidades. Esses componentes, claro, precisam ser coletados e estão bem escondidos nas fases, o que acaba agregando mais horas de gameplay para os colecionadores de plantão. Contudo, isso não será nenhum problema, já que o game tem uma jogabilidade prazerosa, com comandos refinados. 

Em geral, o game oferece bastante desafio, com uma dificuldade que aumenta gradativamente conforme seu progresso. E ao morrer, se prepare para repetir toda a fase desde o início, como jogavam os Maias na época dos consoles 16-bits (que conste que não estou reclamando dessa característica). Além disso, existem chefões ao final de cada estágio que, claro, são difíceis.

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Ainda assim, a trilha sonora composta por Dominic Ninmark é impecável. Com instrumentos como shamisen e shakuhachi mesclados a gêneros como synth e retrowave, as faixas que embalam cada cenário, seleção, estágio e batalha, são memoráveis, daquelas que você vai querer ouvir mesmo quando não estiver jogando Vengeful Guardian.

Vale a pena jogar Vengeful Guardian: Moonrider?

Muito! Para veteranos dos videogames que costumavam se aventurar em jogos de ação e plataforma em rolagem lateral, a familiaridade com com Vengeful Guardian será quase que instantânea, mas claro, com aquele sentimento de ser algo inédito no gênero.

Com sua jogabilidade altamente refinada e prazerosa, narrativa satisfatória, trilha sonora impecável embalando as desafiadoras fases, e um belíssimo e sanguinolento estilo gráfico em pixel art, o estúdio JoyMasher entrega uma das melhores experiência do início de 2023.

E para os jogadores novatos, que nunca tiveram contato com um jogo deste gênero, Vengeful Guardian pode ser tornar uma excelente porta de entrada para conhecer outros títulos clássicos.

Vengeful Guardian: Moonrider está disponível para no PC, PlayStation 4, Nintendo Switch e PlayStation 5. O jogo foi analisado por meio de uma cópia antecipada de Nintendo Switch fornecida pela publisher Arcade Crew.

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