O enorme sucesso de Persona 5 / Persona 5 Royal continua rendendo frutos para a Atlus. Depois de Persona 5: Dancing in Starlight e Persona 5 Strikers, é chegada a hora de mais um derivado: Persona 5 Tactica, que coloca novamente o jogador no comando dos Phantom Thieves of Hearts, só que desta vez em um game de estratégia em turnos.

Pessoalmente, é impressionante como a Atlus consegue transportar a estilosa identidade visual do Persona 5 original para seus derivados, e no Tactica, essa característica continua presente. Aqui, no entanto, os personagens encarnam versões chibi de si mesmos — ou seja, são deformados, só que extremamente fofos.

Mecânicas antigas estrategicamente renovadas

E enquanto os gráficos impressionam, é no gameplay que Tactica realmente se destaca. O jogo implementa todas as mecânicas do Persona 5 original em um sistema de tabuleiro estratégico por turnos (como na maioria dos games do gênero RPG tático), e tudo funciona de maneira sublime. 

Isso significa que você precisa ter jogado o título original antes? De forma alguma. Persona 5 Tactica traz quatro Kingdoms (diferente dos Palaces do original), e o primeiro funciona basicamente como um tutorial. Na teoria, esse método de introdução às mecânicas parece ótimo. E realmente seria, se o primeiro cenário não se prolongasse tanto (cerca de 15 missões).

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

Mas antes de entrar no mérito dos Kingdoms, vale passar pelas mecânicas propriamente ditas. A cada missão, você monta grupos com três bonecos (o Joker não é obrigatório na formação), e precisa cumprir os objetivos propostos. Nem sempre é necessário executar todos os requisitos, então na maioria das vezes, basta derrotar todos os inimigos.

Porém, se você cumprir tudo que a missão pede, ganha mais recompensas na conclusão da fase. Por exemplo: se conseguir derrotar todos os inimigos em 7 turnos ou menos e não deixar nenhum dos personagens morrer, pode faturar mais dinheiro e obter Personas raros.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

Vale ressaltar que os turnos só acabam quando cada um dos personagens executa uma ação. Movimentar-se pelo tabuleiro não conta, então considere como ações: atacar com arma branca, atirar com arma de fogo e/ou usar os poderes dos Personas de cada boneco do grupo.

Ao explorar fraquezas dos inimigos ou causar algum efeito, você é recompensado com o One More (ação extra), e se atordoar um ou mais oponentes, e conseguir alinhar os três bonecos do grupo em uma formação triangular, pode executar o All-Out Attack, uma habilidade conjunta que causa bastante dano.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

Todas essas mecânicas já existiam no Persona 5 original e estão presentes no Tactica. O único recurso retrabalhado é o Baton Pass, que antigamente permitia que os Phantom Thieves passassem uma ação extra para outro companheiro do grupo, estendendo o turno e permitindo a execução de um combo funcional e inteligente.

No Tactica, o Baton Pass é usado apenas quando um dos personagens do grupo “morre”. Se isso acontecer, você pode substituí-lo por outro boneco que está em standby. Além disso, todos os Phantom Thieves têm acesso a habilidades de um Persona secundário, semelhante ao que Joker fazia no Persona 5 original.

Parecido, mas diferente

Isso ocorre porque a fusão de Personas no menu Velvet Room é feita de forma diferente. Além disso, o Tactica dá continuidade à narrativa de Persona 5 / Persona 5 Royal, o que significa que todos os Phantom Thieves sabem da existência da realidade conhecida como Velvet Room. 

Somando isso às regras desse novo Metaverse do Tactica, é possível equipar Personas secundários em cada personagem do grupo. As habilidades e características herdadas em cada fusão, claro, são mais limitadas, mas é possível comprar fusões antigas sempre que quiser. Inclusive, assim como no jogo original, é recomendado brincar e abusar das fusões na Velvet Room.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

A cada nova fusão, mais possibilidades de Personas vão surgindo. E para os colecionistas de plantão, é possível completar o compendium da Velvet Room com fusões normais e especiais (ou seja, aquelas que pedem três, quatro ou cinco criaturas para realizar o ritual).

Em Tactica, também existe uma árvore de habilidade para cada personagem, e é através desse recurso que você evolui o poder das magias, aumenta a quantidade de quadrados para se mover no tabuleiro, desperta técnicas passivas (como, por exemplo, recuperar HP ou SP ao final de cada turno), e por aí vai.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

A grande maioria das habilidades das árvores só podem ser desbloqueadas por meio de Group Points (GPs). E para ganhar esses pontos, é preciso vencer as missões, conversar com seus companheiros por meio da opção Talk (que meio que substituí as interações com os Confidants) quando estiverem no esconderijo, ou completar Quests (missões secundárias).

Muitos Talks e Quests são opcionais, mas é altamente recomendável que você faça todos para ganhar uma quantidade razoável de GPs de uma só vez. Também é possível revisitar missões da história principal por meio da opção Replay, mas esse tipo de grind é, sinceramente, bem chato.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

De minha parte, fiz todas as Quests porque esse tipo de missão secundária possui alguns dos objetivos mais interessantes do jogo todo. Meu tipo favorito era o de completar a fase com apenas um turno.

Esse tipo de Quest exige bastante estratégia do jogador, pois é necessário usar o One More e os All-Out Attacks de forma eficaz para cumprir o objetivo em apenas um turno. É realmente um quebra-cabeças bem interessante e eu gostaria que o jogo tivesse mais missões desse tipo.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

Por fim, outro menu que você tem acesso quando está no esconderijo é o Shop, onde pode comprar novas armas de fogo para os personagens gastando seu suado dinheiro. Diferente do Persona 5 original, porém, não é possível comprar armaduras ou armas brancas — ainda bem, porque tudo é sempre muito caro.

Revolucionando corações

A inédita história de Persona 5 Tactica é ótima, mas arrastada, honestamente. Como o primeiro Kingdom se prolonga mais do que deveria, a expectativa que a trama vai gerando fica cada vez maior. Felizmente, os reinos restantes são mais curtos e, a partir do segundo, o plot começa a fazer um pouco mais de sentido.

A premissa é a seguinte: os Phantom Thieves presenciam um estranho incidente quando estão na cafeteria Leblanc e entram em um mundo paralelo liderado por Marie. Ela e seu exército de Legionnaires governam e controlam os cidadãos. Mas felizmente, existe um grupo que luta contra a opressão do regime tirânico.

Chamados de Rebel Corps, o grupo de revolucionários é liderado pela implacável Erina. A jovem faz um acordo com os Phantom Thieves e promete ajudá-los a voltar para casa em troca da derrota de Marie e seus Legionnaires. Em meio às missões, também entra em cena o amnésico e medroso Toshiro Kasukabe, um jovem membro da Dieta Nacional do Japão e forte concorrente a ser o próximo primeiro-ministro.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

Embora não se lembre muito bem como ou porquê foi parar no reino de Marie, o jovem se une aos Phantom Thieves e aos Rebel Corps para colocar um fim à ditadura, para descobrir a verdade e para retornar para casa também.

Em Tactica, a temática de revolução de corações é ainda mais abordada do que no jogo original — e até de forma melhor e mais consistente. Como já mencionado, a narrativa é um pouco arrastada por conta do primeiro Kingdom, mas o ritmo melhora muito a partir do segundo, com direito a reviravoltas muito satisfatórias.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

Pessoalmente, a história tomou rumos inesperados, e isso me surpreendeu de maneira positiva. No finalzinho da aventura, o ritmo volta a ficar esquisito para prender um pouco mais o jogador, mas o desfecho do jogo compensa bastante. 

Persona 5 Tactica vale a pena?

Vale, mas com ressalvas. A primeira delas é a ausência de legendas em português brasileiro. Visto que Persona 5 Tactica também tem uma mitologia riquíssima e muito texto, a localização certamente faz falta. Em segundo lugar, a trilha sonora que, infelizmente, não chega aos pés da obra original. Senti muito a falta de músicas marcantes ao ponto de me fazer bater os pés e balançar a cabeça enquanto jogava, além de letras que conversam com o que acontece na trama.

[Review] Persona 5 Tactica revoluciona pouco, mas brilha com personagens e história inédita
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Além disso, mesmo podendo ser considerado canônico (pós-eventos de Persona 5 Royal), a Atlus segue divulgando o game como uma aventura complementar, mas não exatamente sequencial. Persona 5 Tactica tem uma ótima e inédita história, e mesmo que ela se desenvolva em um ritmo estranho, tratar o game como um derivado pode mais atrapalhar do que ajudar.

Somando isso ao impeditivo preço cheio no lançamento, é completamente compreensível que o game não seja uma prioridade no concorrido calendário de lançamentos de 2023. Entretanto, o título leva entre 30h e 40h para ser finalizado, e sua vinda para o Xbox Game Pass no dia do lançamento o torna um jogo mais do que recomendado!

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

Também vale apontar que, caso você não conheça nada sobre Persona 5 ou sobre a franquia de maneira geral, talvez se sinta um pouco perdido, O Tactica possui um glossário com informações sobre os personagens-chave e os principais acontecimentos do jogo original, mas é, de uma forma ou de outra, uma continuação. Dito isto, não o acho apropriado para jogadores de primeira viagem.

Por outro lado, seja você um fã de Persona 5 / Persona 5 Royal que quer vivenciar uma nova aventura com os adoráveis Phantom Thieves of Hearts novamente — tanto para matar a saudade quanto para apreciar uma jornada revolucionária —, então Persona 5 Tactica é a sua pedida.

Imagem de Persona 5 Tactica

Imagem: Atlus/Reprodução

Persona 5 Tactica chega em 17 de novembro para PC (via Steam)), Xbox One, PlayStation 4, Nintendo Switch, Xbox Series X|S e PlayStation 5. Também será possível jogar por meio do Xbox Game Pass no dia do lançamento. O game foi analisado no Nintendo Switch por meio de uma cópia antecipada cedida pela Atlus.

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