O Google é a empresa de tecnologia que mais persegue os usuários na web, segundo uma análise realizada pela StockApps.com, comparado às outras quatro maiores do mundo pertencentes ao mesmo setor.

De acordo com o levantamento, o Google coleta ao menos 39 tipos de dados privados dos usuários. “A maioria das pessoas não tem tempo ou paciência para ler políticas de privacidade que podem ter várias páginas para cada site que visitam. Além disso, é bastante improvável que todos os usuários tenham um histórico legal que lhes permita compreender corretamente a política de privacidade. Além disso, os usuários não têm tempo, paciência ou energia para tentar descobrir que informações os sites estão armazenando e como estão utilizando-as em seu benefício. Como resultado, os usuários acabam permitindo que o Google colete todos os dados de que precisam, concordando com os termos da política de privacidade”, comenta Edith Reads, especialista em fintech na StockApps.com.

Google é a empresa de tecnologia que mais rastreia dados privados de usuários na web, diz pesquisa

Enquanto o Google é a corporação que mais coleta diferentes tipos de dados, Twitter e Facebook salvam além do que necessitam, entretanto, a maior parte dos dados armazenados pela empresa de Zuckerberg são informações que os próprios usuários inserem nas plataformas – inclusive os digitados, mas não postados.

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Google é a empresa que mais rastreia dados privados de usuários na web, diz pesquisa

Imagem: Anthony Quintano from Honolulu, HI, United States, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, via Wikimedia Commons

Já a Apple, que segue na última posição entre as que mais perseguem os usuários, coletando 12 tipos de dados distintos dos usuários, armazena apenas informações necessárias para manter as contas dos usuários, segundo a StockApps.com. Isso pode ser explicado pela menor dependência de dados na receita publicitária da fabricante de iPhones em relação ao Google, Amazon e outras duas redes sociais.

O interesse das empresas que monetizam dados se concentra mais em variedade que em volume, já que diferentes tipos de dados possibilitam a criação de perfis mais específicos para atingir usuários individualmente, portanto, com mais eficácia.

O Google, por exemplo, coleta mais tipos de dados de usuários individuais para fins de publicidade direcionada, sem depender de rastreadores de terceiros. A variedade de produtos da empresa – e-mail, armazenamento, gadgets, buscador, autenticador, rede social, ferramenta de monitoramento, além de companhias adquiridas de variados setores –  também representa uma vantagem para a empresa, já que o rastreio se torna ainda mais abrangente, implicando vários ecossistemas independentemente.

Google é a empresa que mais rastreia dados privados de usuários na web, diz pesquisa

Imagem: PixieMe/Shutterstock.com

Além disso, o Google também armazena dados sobre vários domínios. Se eles tratarem de dados, há uma forte possibilidade de que há rastreadores da empresa coletando – são dados que vão desde a localização do usuário que visita uma página aos cookies (rastros do usuário na web) e histórico armazenados no navegador. Aplicativos de terceiros e e-mails que chegam na caixa de usuários do Gmail também não ficam imunes à coleta.

A variedade aliada ao volume concentrados nas mãos de apenas cinco empresas mais poderosas do mundo representa uma grande preocupação para privacidade dos usuários, mas não só, esse cenário se provou perigoso até mesmo para a democracia de muitos países.

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Em uma tentativa de impedir ‘a festa do caqui’, as legislações que protegem usuários da conduta abusiva dessas companhias têm se mostrado ineficazes para frear os comportamentos divergentes. Notificações e penalidades bilionárias por violações à privacidade não têm sido frutíferas para reeducar as empresas da Big Tech, visto que essas condenações ainda não representam uma verdadeira ameaça aos lucros obtidos explorando esse mercado.

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Alternativas ao Google

Embora não seja fácil evitar todos os rastreadores presentes em aplicativos e na web, seja do Google ou de qualquer outra empresa da Big Tech (sem esquecer das corretoras de dados), há cada vez mais serviços disponíveis focados em privacidade do usuário, comprometendo-se com a transparência ao disponibilizar o código-fonte por trás dos aplicativos e mantendo-se independente de acionistas ou receita publicitária.

Privacidade do Brave

Imagem: Brave

Entre os motores de busca, Brave e DuckDuckGo são os mais notáveis e prometem ser reais alternativas ao Google no dia a dia, sem rastrear usuários ou vender, compartilhar ou vazar dados, já que eles não os coletam. Nesta tímida lista, vale incluir também o navegador Tor (para os mais preocupados com anonimato, privacidade e censura), que usa um motor próprio para buscas aliado ao browser.

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