O Final Fantasy XVI estreou com tudo e, como mostra a ótima análise do Luiz Nogueira, é um jogo incrível e emocionante. Eu mesmo, admito, gastei praticamente 40 horas para fechar o jogo e devo dizer que curti cada segundo dele, mas jogá-lo também me causou um sentimento estranho.

Apesar de ter amado a sua campanha e história sensacional, Final Fantasy XVI também me deixou com mais saudades dos JRPGs, afinal, até mesmo a Square Enix quer que o mesmo seja considerado apenas um RPG.

Dito isso, aqui estou para listar alguns dos motivos que fizeram essa minha paixão pelo gênero de JRPG ser reacendida pelo novo título da Square Enix. Vamos lá!

Combate delicioso, mas a estratégia não importa

Nos JRPGs mais tradicionais, podemos até usar a própria franquia Final Fantasy ou Pokémon de exemplo, os combates são muitas vezes ditados por uma estratégia do que temos equipado. Assim, ao estar enfrentando um inimigo do tipo fogo, o natural seria usar magias com água para causar mais dano.

Assim como relatei em minhas primeiras impressões ao jogar a demo de Final Fantasy XVI, o seu sistema de combate com ação frenética parecia e é bem divertido. Entretanto, no título novo da Square Enix não importa o elemento que usamos, uma vez que o seu dano será o mesmo.

Parte do combate funcionar assim, vale lembrar, é devido a toda mecânica envolvendo a mesclagem de poderes dos Eikons. Mas enquanto a ação fica divertida, isso também me fez não ter que bolar alguma estratégia, o que tanto amava nos JRPGs em que classes e magias são importantes.

Algo até engraçado a ser lembrado é que outros títulos da Square mais recentes têm uma mecânica de ação com mais estratégia. Um exemplo de um título mais simples dessa forma fica com o ótimo Trials of Mana, um remake de Seiken Densetsu 3, que recomendo para qualquer fã de um action JRPG.

A história de corredor foi levada a sério por demais

Antes de falar desse ponto, eu preciso admitir que até prefiro RPGs no geral com histórias lineares do que RPGs não lineares, aqueles que permitem andar para onde queremos. Final Fantasy XVI até acertou no equilíbrio de missões principais e secundárias, mas algumas decisões de level design despertaram um desapontamento meu como fã de JRPGs.

Ao jogar títulos de JRPGs, claro, nós precisamos passar por algumas dungeons para chegar até um chefe ou cidade. Por sua vez, ao entrar em uma dungeon, não é incomum nos depararmos com corredores parecidos, para não falar idênticos, e puzzles para serem resolvidos. Tal combinação, pelo menos para mim, faz com que, às vezes, eu perca um tempo descobrindo como passar para o próximo local.

Por sua vez, no Final Fantasy XVI, as dungeons do jogo, que nem são cavernas na verdade, trazem, de forma geral, dois corredores. Em um deles temos apenas uma porta fechada, enquanto no outro podemos chegar de fato até onde queremos sem passar por grandes dificuldades, a não ser por um inimigo ou outro no meio do caminho.

Além de faltar esse tempero que deixaria as dungeons mais atrativas de serem jogadas, isso também até me incentivou um pouco a não querer explorar cada canto. Mesmo assim, fiz o máximo para explorar cada centímetro em busca de obter um loot melhor, coisa que não aconteceu, já que na maioria das vezes só encontrava itens comuns para o sistema de craft do jogo.

Side quests sem grandes recompensas

Em Final Fantasy XVI nós temos mais de 20 horas de conteúdo que fogem da sua campanha principal. Por sua vez, nessa conta, muitas side quests estão inclusas, mas que nem sempre despertaram minha atenção.

Enquanto algumas missões do Final Fantasy XVI me fizeram conhecer mais dos personagens e até melhoraram alguns itens, eu não me senti recompensado de verdade. Vamos lembrar, por exemplo, de Final Fantasy VII ou X, em que tínhamos que ir até um lugar específico para obter uma arma poderosa para o Cloud.

Se formos além, no Final Fantasy VIII, algumas GFs eram obtidas através de side quests. Indo mais além ainda, no Final Fantasy X também tínhamos algumas summons extras para serem obtidas em atividade extras.

Não somente em Final Fantasy, até mesmo outros jogos, como The Legend of Heroes, as side quests causam um impacto ainda maior na progressão do jogador. Outro ponto que também não me ajudou em Final Fantasy XVI foi o fato do mesmo querer praticamente “pegar na minha mão” e falar: vai ali que é onde a missão será completada.

Sei que às vezes tenho um lado mais nostálgico, que pode até mesmo ser conferido na série de artigos “jogos que valem a pena conhecer”, mas a graça em RPGs muitas vezes está em explorar e em achar para onde devemos ir. Se eu for lembrar de Final Fantasy 8, que nem é meu favorito, novamente, posso mencionar das revistas que precisávamos encontrar para comprar armas melhores.

O Final Fantasy XVI até traz um certo nível de desafio, principalmente com os monstros que podemos caçar, mas digamos que isso pode ser pouco para um RPG, não estou nem entrando novamente no mérito de ser ou não um JRPG.

Vilão ótimo, mas quase ausente

Aqui não quero entrar em spoilers, então, vou tentar ser delicado sem mencionar nomes, mas quem está jogando pode querer não ler essa parte do texto. O Final Fantasy XVI até traz alguns vilões, mas o vilão mesmo de verdade só aparece lá na metade do jogo e é enfrentado, logicamente, no fim da campanha.

Isso não seria ruim caso outros personagens fossem mais bem construídos. Por exemplo, em Final Fantasy VIII, sabíamos que teríamos um problema ao enfrentar Seifer. Já no Final Fantasy X, Seymour era sempre um sinal de problema, mas seus capangas também não facilitavam nossa vida.

Então, mesmo sem estes personagens serem o último chefe do jogo, você sabia que uma batalha difícil importante aconteceria.

E, se eu for voltar um pouco atrás na questão de dungeons, ou até mesmo em outras partes, eu não tive muitos inimigos sequer no caminho. Por exemplo, antes das lutas importantes no jogo, eu tive entre duas e três levas de inimigos para enfrentar antes de chegar em um chefe e isso é um número minúsculo perto do que vemos outros JRPGs.

Porque Final Fantasy VXI me fez querer jogar JRPGs

Apesar de todas estas críticas que fiz acima, por mais que possa não parecer, eu amei, de verdade, o Final Fantasy XVI, mas como disse no começo, o jogo acabou servindo mais para reacender a minha paixão por JRPGs. Ou seja, sinto muito, Square Enix, mas a ideia de virar só RPG não me pegou tanto assim e explico por quais motivos isso ocorreu de forma mais simples ou resumida a seguir.

A minha história com JRPGs se iniciou com o Final Fantasy VIII e, logo após jogá-lo, procurei jogar diversos clássicos com mecânicas e elementos parecidos. Isso, claro, me fez não só conhecer a franquia da Square Enix ou Squaresoft, mas também outros jogos de outras empresas, como Breath of Fire, Shadow Hearts, Dragon Quest (da era Enix) e por aí a fundo.

Assim, mesmo sabendo que teria uma experiência diferente com o Final Fantasy XVI, que a Square trata como um RPG, eu logo senti a falta daquele desafio extra de perder e ter que aprender com o erro, seja em um combate em que tenho que me preparar com itens e magias diferentes ou em descobrir o que o jogo tem a me oferecer sem que o mesmo conte o que tem a oferecer.

Já por conta do Final Fantasy XVI não ter esses combates difíceis, eu não tive sequer uma sensação de progresso ou evolução no jogo. Sei que os anos passaram para os jogadores e que hoje não temos tanto tempo livre para ficar grindando como no passado, apesar do Diablo IV quase obrigar a gente a isso, mas é algo que realmente me fez falta.

Além da falta de desafio por conta dos combates em si quase scriptados, uma party um pouco maior e com um toque de gerenciamento também me agradaria mais. JRPGs sempre, ou quase sempre, possuem diversos personagens para trazer uma variedade e, apesar de termos companheiros no Final Fantasy XVI, o fato de controlarmos apenas Clive o torna mais um jogo de ação em que classes quase não existem.

Para saciar essa minha vontade ou paixão por JRPGs que foi reacendida, estou indo atrás de jogar ou rejogar alguns títulos, como Tales of Arise, Lost Odyssey (que é quase um Final Fantasy em sua essência), Blue Dragon, Koudelka, The Legend of Dragoon e outros títulos que podem até virar uma lista de JRPGs em uma nova matéria aqui no TecMasters.

Então, por mais que Final Fantasy XVI seja um jogo incrível com uma história emocionante e, para mim, o melhor título da franquia desde Final Fantasy X, o meu gosto pelos JRPGs só aumentou.

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