Pesquisadores da Universidade de Wuyi, na China, desenvolveram um tipo de “dedo robótico” com superfície tátil bastante sensível. A ideia é que o aparelho sirva para escanear o corpo humano e fazer avaliações clínicas hoje disponíveis apenas por exames de raio-x, tomografia ou ressonância.

Em essência, o paper que resultou do desenvolvimento do dispositivo (via Cell Reports Physical Science), o tal dedo consegue “imitar a habilidade humana de sentir pelo toque” graças a sensores capazes de reconhecer formatos, texturas e rigidez de objetos.

Imagem mostra dedo robótico em mão artificial

Imagem: Shutterstock

“Nós nos inspiramos nos dedos humanos, que têm a percepção tátil mais sensível que a ciência conhece. Por exemplo, quando tocamos os nossos próprios corpos com nossos dedos, sentimos não só a textura de nossa pele, mas também o contorno externo do osso por baixo dela.” – Jianyi Luo, professor da Universidade Wuyi e coautor do estudo

“O nosso dedo robótico vai além dos sensores artificiais anteriores, que eram apenas capazes de reconhecer e discriminar formatos externos e rigidez.” – Zhiming Chen, palestrante da Universidade Wuyi e coautor

O objeto funciona por meio da aplicação de uma leve pressão contra a superfície a ser analisada e, ao identificar um objeto sob a pele, “arrastar-se” sobre ele – não muito diferente de quando você encontra uma costela com os dedos e percorre todo o seu tamanho.

Essa pressão é tão forte quanto um simples cutucão – na verdade, é como os cientistas definem a ação: uma série de cutucões que faz com que as fibras do dedo robótico se contraiam, e essa contração envia as informações necessárias a um computador que faz o mapeamento 3D da região analisada.

Em testes, o objeto teve sucesso em identificar um chaveiro no formato da letra “A” enterrado sob uma camada de sílica. Noutra avaliação, o dedo foi capaz de identificar a natureza de um objeto feito de três materiais – uma camada sólida interna e duas camadas exteriores mais macias. Neste último, ele ainda apontou as diferenças entre as duas partes macias.

Finalmente, um teste mais rígido criou, por meio de impressão 3D, um composto que simulasse partes do corpo humano. O material também veio em três camadas – pele, músculo, osso – que escondiam um vaso sanguíneo. O dedo robótico foi capaz de identificar e traçar o perfil não apenas das camadas, mas também identificar o tal vaso.

Esse nível de detalhamento normalmente é encontrado em testes clínicos que necessitam de uma aparelhagem muito grande – e muito cara. O exame de raio-x, por exemplo, requer não apenas o maquinário, mas também aparelhos capazes de “ler” a imagem produzida e uma sala dedicada, com iluminação (ou falta dela) específica – e isso, falando do menos invasivo dos exames do gênero (ressonâncias magnéticas e tomografias, por exemplo, podem elevar o custo disso tudo em várias vezes).

Com o projeto dos cientistas chineses, a ideia é que, no futuro próximo, não apenas os pacientes tenham uma opção mais avançada de tecnologia clínica, mas também os hospitais possam economizar em custos e espaço ao adotar o novo recurso. Mais além, membros da equipe de estudo já afirmam estudarem a possibilidade de que o dispositivo possa ser afirmado na forma de uma prótese, para que pacientes possam obter dados clínicos mais específicos antes de serem atendidos e, durante uma emergência, terem um encaminhamento mais rápido.

Infelizmente, todas essas possibilidades estão longe de se concretizarem, e testes mais aprofundados ainda serão conduzidos pelo time.

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