Lembra-se de quando, em Dragon Ball Z, Vegeta avisou Nappa que “alguém com mais de 5 mil de poder de luta” estava perto de chegar? Essa parte aqui, bem no início da saga, antes do sayajin mais calvo do anime migrar pro time dos heróis.

Bom, um estudo publicado na American Chemical Society (ACS) – talvez sem querer – acabou trazendo à tona a ideia de que o “Ki”, uma parte tão vital de Dragon Ball, seja algo hipoteticamente realista, ao menos, no campo científico. Calma, ninguém aqui está afirmando que você será o próximo “Super Sayajin”, mas o conceito por trás da ideia de como os personagens elevam seus poderes pode ser sólido na explicação humana.

Animação mostra cena de Dragon Ball Super

Imagem: Toei Animation/Reprodução

 

Começando do começo: o estudo intitulado “Electronic Energy Migration in Microtubules” (“Migração energética eletrônica por microtúbulos”, na tradução literal) afirma que “a repetida disposição de dímeros de tubulina confere grande força mecânica aos microtúbulos, que por sua vez são usados como ‘andaimes’ para transporte intracelular macromolecular em células e é aproveitado por dispositivos bio híbridos”.

Traduzindo: os tais “dímeros de tubulina” contribuem grandemente no transporte de objetos/nutrientes que conferem força aos microtúbulos presentes em um conjunto de células. Microtúbulos, vale citar, são objetos formados a partir do processo de polimerização de duas moléculas de proteínas globulares chamadas alfa e beta tubulina (valeu, InfoEscola).

Eles aparecem bastante em assuntos relacionados à força motriz e termodinâmica, como veículos propagadores de movimento dos objetos ou, por estarem presentes em nossas células, dos seres vivos.

Entretanto, enquanto você pode pensar em “força física”, o estudo é mais voltado à “projeção da consciência”. Valendo-se da Teoria da Redução Objetiva Orquestrada de Penrose-Hameroff, que argumenta que a consciência em si é uma energia quântica transmitida pelos microtúbulos, o estudo buscou teorizar factualmente essa coerência quântica por meio de execuções práticas.

No caso: um modelo computacional ambiciona acender uma luz e, a partir daí, aferir se o processo permanece coerente e corrente ao longo da ação. Para isso, eles simularam a entrega de uma coisa chamada “triptofano” – essencialmente, fótons ultravioleta que são invisíveis aos nossos olhos. A ideia é que, diante do estímulo forçado pelo modelo computacional (“acender a luz”) o triptofano reagiria de forma diferente, mantendo essa reação por um determinado período de tempo.

Bom, os pesquisadores identificaram a ocorrência desse padrão em 22 estudos práticos independentes, provando não apenas que microtúbulos podem servir como condutos energéticos, mas também o fazem a uma capacidade milhares de vezes maior que o esperado. Os triptofanos, inclusive, continuaram nesse padrão elevado por vários nanossegundos a mais que o que se admitia.

Na prática: essa transferência energética é mais que suficiente para executar funções biológicas e, onde ela for excedente, não há um “descarte”, mas sim um engrandecimento de capacidades.

Em plantas, por exemplo, a gente entende isso como uma parte da fotossíntese. Em Dragon Ball, isso se chama “episódio em que o Goku está pistola da vida e fica fortão”.

Ok, mas o que “microtúbulos” têm a ver com Dragon Ball?

No anime de Akira Toriyama, o conceito do “ki” como uma capacidade energética individual dita o nível de poder dos personagens: quanto maior o “ki”, mais poderoso é seu dono e assim por diante.

Mais além, Dragon Ball estabelece que o “ki” é “treinável”, lhe atribuindo uma capacidade mais elástica: quando Goku está em seu estado normal, ele tem um nível de “ki”. Quando ele se transforma em Super Sayajin, esse ki aumenta grandemente e, com ele, seus poderes. Eventualmente, Goku aprende a controlar essas transformações, invocando-as conforme lhe é conveniente.

A transferência energética por microtúbulos segue mais ou menos a mesma prerrogativa: o estudo em si não prova que essa capacidade possa ser dominada ou intencionalmente melhorada – estamos falando da consciência humana, afinal, e dela, sabemos bem pouco. Mas o mesmo estudo ajuda a estabelecer um processo que, dentro da possibilidade dessa transferência energética ser dominada, explica o seu funcionamento de uma forma processual.

Em outras palavras: “a gente não sabe se é real, mas se for, é assim que deve acontecer”.

Por essa razão, o estudo foi publicado na ACS Publications, como uma parte de algo maior: a Teoria da Redução Objetiva Orquestrada ainda não foi comprovada em definitivo, mas o processo estipulado pelos microtúbulos pode nos colocar mais perto desse objetivo.

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