O mercado das criptomoedas vem amargando uma crise que analistas ouvidos pela Bloomberg vêm se referindo como “inverno das criptos” ou “criptocrise”, e as empresas do setor não estão conseguindo pagar os empréstimos tomados para a aquisição dos PCs de alto desempenho que usam no processo de mineração.

Pior: segundo a agência, a situação é tão complicada que algumas dessas empresas que oferecem gestão de ativos em criptomoedas para clientes estejam até arrendando seus PCs para tentar aliviar o peso dos referidos empréstimos, mas em alguns casos, esses e outros itens oferecidos como garantia mal cobrem os parcelamentos.

Imagem mostra um bitcoin com gráfico em queda, simbolizando uma "criptocrise"

Imagem: 1698/Shutterstock

“Mineradores, que financiaram cerca de US$ 4 bilhões [R$ 20,93 bilhões] quando as margens de lucro das criptomoedas estavam na casa de 90%, estão ‘caloteando’ empréstimos e devolvendo centenas de máquinas que serviram de garantia colateral aos seus credores. Empresas como New York Digital Investment Group, Celsius Network, BlockFi Inc., Galaxy Digital, e a divisão Foundry do Digital Currency Group estão entre os maiores credores e financiadores de equipamentos de computador e construção de data centers” – Bloomberg

Essencialmente, como os mineradores de bitcoin e outras criptomoedas ditavam os termos do mercado, os empréstimos tomados por suas empresas eram, quase que exclusivamente, dedicados à obtenção de equipamento – os quais eram oferecidos como colaterais. Agora, com o setor em “criptocrise” e as moedas enfrentando baixas ondas de valorização, talvez nem mesmo a devolução dessas máquinas seja suficiente para saldar as dívidas adquiridas.

Em suma: dívidas foram feitas, e agora elas não estão sendo pagas nem com a retomada de itens.

Por exemplo: a Iris Energy estima que não poderá pagar os US$ 108 milhões (R$ 563,86 milhões) que tomou emprestados do New York Digital Investment Group. A BlockFi, que recentemente declarou falência após o fiasco da FTX, deve ao mesmo grupo cerca de US$ 39 milhões (R$ 203,62 milhões).

Ainda segundo a Bloomberg, a Stronghold Digital Mining iniciou o processo de devolução das máquinas: o problema é que a empresa tomou dinheiro emprestado para comprar o equipamento, mas este desvalorizou cerca de 85% entre a data de aquisição e a data de devolução. Na prática, a Stronghold está devolvendo menos do que tomou emprestado.

É importante ressaltar que muito do poder computacional de mineração de criptomoedas vem de empresas privadas que, legalmente, não são obrigadas a declarar seus bens de estrutura – ou seja, é bem provável que muitos atrasos ainda venham a aparecer, haja vista que ninguém sabe exatamente quanto de equipamento as empresas têm em mãos, nem tampouco quanto disso é proveniente de empréstimos similares.

Ethan Vera, chefe de operações da Luxor Technologies – outra empresa de mineração – disse: “escolher não pagar os acordos financeiros pode ser uma decisão econômica de algumas empresas. Os mineradores estão focados em garantir a sobrevivência nos próximos seis meses ao invés de pensar se vão precisar de novos empréstimos nos próximos cinco anos.”

Por ora, nem as empresas citadas, nem os grupos de investimento e credores comentaram a matéria da Bloomberg.

via Bloomberg

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