Ao que tudo indica, o mercado brasileiro de jogos será fortalecido até o fim de 2023. Pelo menos é isso que apontam dados preliminares da 2ª Pesquisa da indústria brasileira de games apresentados pela Abragames durante o BIG Festival deste ano.

Para quem não conhece, a pesquisa — que tem planos de ganhar caráter anual — da Abragames surgiu no ano passado visando melhor entendimento sobre o mercado produtor de jogos aqui no Brasil. Ao invés de focar no público gamer, o mapeamento busca analisar o comportamento de estúdios e outros players produtores do setor.

“Faltava no Brasil um mapeamento constante sobre o mercado produtor, já que censos governamentais e acadêmicos eram as únicas fontes disponíveis. E esse mapeamento vem para ser uma fotografia anual para entendermos o perfil dos estúdios, dos desenvolvedores e de outros trabalhadores da área de games”, explicou Rodrigo Terra, presidente da Abragames, em entrevista ao TecMasters.

Rodrigo Terra, presidente da Abragames

Imagem: divulgação

É verdade que a pesquisa deste ano ainda não foi concluída e, por isso, ainda não é possível traçar um comparativo mais denso. Felizmente, alguns dados preliminares apresentados no Best International Games Festival apontam para um crescimento do setor neste ano.

Brasil terá mais estúdios de jogos e em mais regiões

Um dos únicos dados preliminares divulgados — e talvez um dos mais importantes — pela pesquisa é que o Brasil vai encerrar 2023 com mais estúdios ativos de jogos do que em 2022.

A pesquisa do ano passado reportou um crescimento de aproximadamente 152% da quantidade de estúdios ativos desde 2018. E falando sobre números, essas empresas de desenvolvimento saltaram de 400 (em média) em 2018 para 1.009 em 2022.

E a boa notícia é que, em 2023, o Brasil observará ainda mais estúdios de jogos. Até o momento já foram mapeados 1.043 estúdios espalhados pelo Brasil, o que indica um aumento preliminar de 34 novas unidades.

Dados preliminares da Abragames sobre a indústria brasileira de jogos

Imagem: reprodução/BIG Festival

Outro dado interessante apresentado é que o número de estúdios cresceu também em regiões fora de São Paulo e Rio Grande do Sul. Naturalmente que o salto não foi agressivo, mas o aumento demonstra um setor produtivo ligeiramente mais espalhado em termos regionais.

Dados preliminares da Abragames sobre a indústria brasileira de jogos 2

Imagem: reprodução/BIG Festival

“A descentralização dos estúdios aumentou. Muito se fala em estúdios em São Paulo e na região Sudeste, mas tivemos alta no resto do país. E a gente entende que esse tipo de informação não é mais de um mercado que está começando, mas sim de um mercado que está em amadurecimento”, pontuou Terra.

Desafios pela frente

Mas embora os dados preliminares apontem um crescimento real, há diversos desafios quando se fala em mercado de jogos. E um dos principais impasses refere-se a fatores educacionais envolvendo profissões como designers ou desenvolvedores de games.

Prova disso é que um levantamento do Instituto Semesp apontou que o Design de Games é o curso campeão da área de TI quando se fala em desistências: a cada 10 universitários, seis desistem antes do término dos estudos.

E para o presidente da Abragames, o dado não é relacionado é diretamente ligado à falta de fomentos e investimentos públicos para o setor de jogos.

“A faculdade de jogos é uma das que mais têm desistências. Mas o problema não é que a pessoa desiste de se formar, mas sim, que ela desiste porque não consegue pagar. Temos mais de quatro mil cursos de jogos no país, mas 99% deles são privados”, destacou o executivo.

Há como reverter esse quadro? Certamente. Mas para Terra, isso exigiria mais estruturação dentro de universidades públicas e mais iniciativas para cursos técnicos e profissionalizantes, já que facilitar o acesso pode diminuir os índices de desistência.

Ilustração de universidade de jogos

Imagem: Africa Studio/Shutterstock

A descentralização de estúdios de jogos também é outro desafio. Por mais que mais desenvolvedoras estejam surgindo no Brasil, a concentração está localizada na região Sul e Sudeste (principalmente em São Paulo). E mais expansão necessitará de planos estratégicos mais abrangentes.

“É preciso uma estratégia federal (como programas de indução), mas precisamos também de ações privadas e públicas em níveis estaduais e municipais. Isso pode ser traduzido em programas de incentivo, geração de oportunidade de crédito, fomento para devs indies, consultorias para alavancagem de projetos e mais discussões em prol do setor”, finalizou o executivo.

Pesquisa será apresentada em agosto

Vale reforçar que a 2ª Pesquisa da indústria brasileira de games ainda está coletando dados com players da indústria, mas a conclusão do documento está marcada para agosto. E somente com todo o mapeamento finalizado que será possível observar padrões, parâmetros e fazer uma análise mais assertiva sobre o setor aqui no Brasil.

Mas por ora, duas coisas são certas: a primeira é que a indústria de jogos no Brasil continua crescendo a cada ano; e a segunda é que há diversos desafios no horizonte para que essa ascensão atinja patamares mais relevantes em termos globais.

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