O número de funcionários do Twitter já era preocupante com as demissões e saídas desde a chegada de Elon Musk ao comando. Mas a situação agora parece muito mais crítica: estima-se que mais algumas centenas de colaboradores deixaram a empresa após um ultimato do bilionário para uma jornada “extremamente hardcore”.

Segundo relatos de funcionários e ex-funcionários da rede, Musk deu um prazo até a noite da última quinta (17) para que os colaboradores escolhessem ficar ou não na empresa. Ao responderem “sim”, eles estariam concordando com uma reformulação geral para o que chamam de Twitter 2.0.

“No futuro, para construir um Twitter 2.0 inovador e ter sucesso em um mundo cada vez mais competitivo, precisaremos ser extremamente hardcore. Isso significa trabalhar longas horas em alta intensidade. Apenas um desempenho excepcional constituirá uma nota de aprovação”, dizia o e-mail do executivo com a proposta.

Não colou. É incerto o número de pessoas que não concordaram com a reformulação radical, mas de acordo com mensagens internas de um grupo no Slack, centenas de funcionários optaram por se demitir ao invés de comprar a ideia do bilionário.

“Meu turno termina com o Twitter 1.0. Não desejo fazer parte do Twitter 2.0”, disse um funcionário que está deixando a rede, segundo o jornalista Waleed Tariq.

Diversos outros colaboradores que também estão deixando a rede publicaram mensagens de protesto em suas redes.

Twitter com os dias contados?

O novo fato coloca um grande ponto de interrogação sobre o futuro da rede do pássaro. Antes de Musk assumir o comando, a equipe do Twitter contava com cerca de 7,5 mil funcionários. Mas até antes do ultimato, era estimado um número perto de 2.900 colaboradores — e nem existe mais um departamento de comunicação para responder aos questionamentos da imprensa.

Internamente, o clima está péssimo. A cada dia que passa, Musk se envolve em uma nova polêmica e, quem contestá-lo ou criticá-lo, é demitido. Aliás, Eric Frohnhoefer, que foi desligado após rebater um tweet do bilionário, revelou um clima de desconfiança entre ambas as partes.

“Ninguém mais confia em ninguém dentro da empresa. Como você pode funcionar? Os funcionários não confiam na nova administração. A administração não confia nos funcionários. Como você acha que deve fazer alguma coisa?”, contou à Forbes.

Twitter Elon Musk

Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock

Com isso, o futuro da empresa fica extremamente comprometido. No papel, Elon Musk levantou uma bandeira de que estaria adquirindo a rede para melhorias de problemas que já eram conhecidos — como questões de otimização e segurança. Mas sem mão de obra, essa reformulação se torna inviável.

Aliás, a reformulação é extremamente contestada por funcionários (e ex-funcionários) e usuários da rede. Melhorar recursos que não eram 100% eficazes é uma coisa. Mas alterar modelos de negócios, incluir novas formas de monetização ou mesmo promover uma jornada exaustiva para atingir essa meta é outra história.

O descaso de Musk

Curiosamente, o novo dono do Twitter não parece demonstrar preocupação sobre todo esse caos. Durante um depoimento gravado na última quarta-feira (16), ele afirmou que não quer “ser CEO de nenhuma empresa” — o que engloba a rede social, SpaceX, Tesla, Neuralink e Boring Company.

E mesmo com as notícias de saídas em massa do microblogging, o bilionário usou suas redes para postar mensagens irônicas, sugerindo, por exemplo, que é a própria rede social que está enterrando-a.

Talvez somente os próximos capítulos consigam confirmar como será o Twitter daqui pra frente. Das duas, uma: ou Musk encontra uma nova equipe que tope comprar essa jornada exaustiva e faça a tal reformulação, ou a rede morrerá aos poucos, por osmose, devido aos constantes conflitos de interesse.

Mas independentemente desses desfechos, saiba de uma coisa, usuário: o microblogging vai mudar — ou melhor: já mudou.

Via: The Verge

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