“Francamente, eu não quero ser CEO de nenhuma empresa”, disse Elon Musk durante um depoimento gravado na última quarta-feira, 16, durante julgamento de processo no qual a Tesla está sob investigação sobre o seu comitê de diretores aprovar um pagamento ao bilionário que, hoje, vale em torno de US$ 52 bilhões (R$ 282,53 bilhões) em ativos acionários.

O processo busca averiguar se o comitê da montadora de carros elétricos de luxo agiu de forma apropriada – e se o próprio Elon Musk teve alguma influência no fato, o que, em caso positivo, configura crime. Inevitavelmente, porém, as perguntas direcionadas a ele – que é CEO de várias empresas apesar do que diz – acabariam caindo em seus cargos e ocupações.

Montagem mostra um celular com todas as empresas lideradas por Elon Musk na tela, e o próprio Musk desfocado no fundo

Imagem: kavi designs/Shutterstock

“Na SpaceX, a verdade é que eu sou responsável pela engenharia dos foguetes e, na Tesla, pela tecnologia dentro do carro que o faz bem sucedido. Então, o ‘CEO’ é comumente visto como uma posição focada no negócio, mas na realidade, o meu papel é muito mais próximo do engenheiro desenvolvendo tecnologias e assegurando que estejamos criando inovações e tenhamos um time de incríveis profissionais que possam cumprir esses objetivos.”

Mais recentemente, Elon Musk assumiu mais uma posição de CEO – a quinta, se você vem mantendo a conta em dia – após formalizar a aquisição do Twitter por US$ 44 bilhões (R$ 239,15 bilhões). Apesar de todos os trancos e barrancos – e não são poucos -, o próprio Musk admite que não pretende ficar no cargo muito tempo e deseja apontar outra pessoa para tomar as rédeas da rede social – reforçando, aliás, algo que ele também havia dito a investidores na semana passada.

“Eu espero reduzir meu tempo [no Twitter] e encontrar alguém para conduzir as operações [da rede social] daqui um tempo.”

Ao todo, Elon Musk lidera cinco empresas de grande porte: além da SpaceX, Tesla e Twitter, o bilionário também é CEO da Neuralink e Boring Company. Destas, ao menos três possuem contratos firmados ou concorrem em licitações de trabalhos ligados ao governo norte-americano.

O processo estabelece uma linha do tempo majoritariamente posicionada em 2017 – ano em que o tal pagamento ocorreu. Questionado sobre como dividia seu tempo na época, Musk enfaticamente disse que ficava entre a Tesla e a SpaceX, com a primeira levando a maior parte da sua rotina diária – vale lembrar: em 2017, a Tesla enfrentou inúmeros problemas devido ao conturbado lançamento do carro conhecido como “Model 3”.

O aspecto de gerenciamento de crise foi, aliás, um ponto contencioso entre Musk e seus investidores: eles acreditam que o bilionário simplesmente assumiu responsabilidades demais para poder lidar com todas elas com sucesso. Musk, no entanto, discorda, afirmando que delega a outras pessoas a maior parte das operações diárias e trabalha quase que exclusivamente onde encontra problemas. “Eu vou onde tem crise”, segundo suas próprias palavras.

Finalmente, Elon Musk foi questionado sobre suas frequentes batalhas contra órgãos governamentais de regulamentação – particularmente, a SEC (a “Comissão de Valores Mobiliários” dos Estados Unidos), que já investigou e ainda investiga o bilionário em uma série de assuntos.

“De uma forma geral, eu acho muito boa a missão da SEC. O meu problema é se essa missão está sendo bem executada. Para mim, muitas vezes, não é esse o caso.”

Musk usou como exemplo a recente falência da carteira de criptomoedas FTX, que “quebrou” com vários de seus investidores levando a situação à justiça para reaver o dinheiro. Musk afirma que a SEC “nem olhou” para o caso, por estar ocupada demais “perseguindo” o bilionário mesmo que ele, ao contrário da finada carteira, recompense grandemente seus investidores.

Musk também disse que não há aprovação prévia de seus tuítes, ao contrário do que diz uma decisão pública da SEC, advinda de agosto de 2018, quando o bilionário disse que tiraria a Tesla do mercado aberto e a tornaria novamente uma companhia privada. Na ocasião, Musk havia afirmado que os fundos para essa operação já estavam “assegurados”. Dada a configuração da montadora como uma empresa de capital aberto até hoje, obviamente isso não aconteceu.

Por causa do que ele tuitou, o mercado de ações reagiu negativamente, levando a SEC a acusá-lo de tentar fraudar seus investidores. Uma resolução posterior do órgão dizia que Musk deveria se manter longe do Twitter e limitar suas postagens na rede a publicações pré-aprovadas. Desde então, o bilionário vem tentando reverter essa decisão na justiça: em abril, ele levou o primeiro revés.

Apesar da ordem da SEC ainda valer nesta situação, Musk reiterou em depoimento que ninguém aprova nem revisa seus tuítes, e que o acordo firmado com a SEC foi assinado “sob coerção” e, consequentemente, é inválido perante a legislação.

via The Verge

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