Simples, difícil, (muito) cômico e com todos os elementos necessários para ser um dos jogos mais divertidos do ano. Essas são basicamente as características do jogo Trombone Champ, o recente musical rítmico lançado pela Holy Wow Studios para PC que caiu nas graças dos jogadores — sejam eles músicos ou não.

Simples por conta de suas mecânicas e enredo. O game pode ser jogado apenas com o mouse — embora seja altamente aconselhável utilizar ao menos uma tecla do teclado — e, aqui, o quesito agilidade será praticamente a única “arma” do player. Tudo isso aliado a uma lore (história) sem muitos rodeios e muito distante da complexidade de títulos como Silent Hill ou Elden Ring.

Mas apesar das mecânicas simples, não se deixe enganar: Trombone Champ pode ser um tanto quanto difícil. Não há como escolher a dificuldade do jogo como em Guitar Hero, ou seja, todos jogam no mesmo cenário e com as mesmas condições. Existem, sim, músicas mais fáceis, mas as faixas de maior nível certamente trarão mais dificuldades para os jogadores.

Ainda assim, dificilmente um player passará raiva com o jogo. Por quê? Porque Trombone Champ é extremamente cômico. Desde sua história (sem muito pé ou cabeça), passando pelos sons divertidos criados por um trombone — perdão trombonistas profissionais — até os elementos aleatórios que aparecem na tela para deixar a jogatina muito, mas muito leve.

E foi este cenário cômico-difícil-simples que o TecMasters resolveu desbravar, com algumas boas horas de diversão e muitas notas desafinadas de trombone. E o parecer disso tudo você confere abaixo.

Babuínos e músicos lendários no enredo

Como a ideia aqui é falar um pouco sobre a lore, mas sem entregar tudo, vamos nos limitar ao enredo de forma mais superficial. Se não ficou claro ainda, Trombone Champ é um jogo musical baseado em um trombone — assim como Guitar Hero tem como foco a guitarra — e em um músico, que no caso será você.

A história segue o clichê de tornar o player o campeão dos trombones e, também como de praxe, haverá um vilão na história. O único detalhe é que, diferentemente da vida real, não serão empresários, staff ou fãs as companhias nessa empreitada irreverente.

Ao invés disso, o trombonista terá a ajuda de babuínos (?) para guiar a jornada e para liberar conteúdos extras no game. Também haverá um pequeno demônio que, com suas habilidades de rituais nada comuns, ajudará com desbloqueios de cartas — calma, falaremos delas posteriormente — e de trombones lendários.

Trombone Champ

Babuínos (mortos e vivos), demônios e ícones da música clássica são algumas das presenças tarimbadas em Trombone Champ – Imagem: Igor Shimabukuro/TecMasters

Todas essas mãos-amigas serão de extrema importância para vencer o vilão da história, um renomado musicista clássico que aparentemente teve sua alma dividida em duas partes: a boa e a má. Não é preciso muito para imaginar que a parte maligna será o grande desafio para que o player se torne o campeão dos trombones, certo?

E por mais simples que seja a história, ela não torna Trombone Champ menos interessante. Pelo contrário: são os elementos aleatórios e nada realistas da lore que complementam toda a diversão vivida no jogo.

Mecânicas simples, mas gameplay nada tediosa

Partindo para as mecânicas, Trombone Champ muito se assemelha a jogos como Guitar Hero ou Osu. A música começa ao fundo e o player tem de posicionar o ponteiro do mouse na posição correta da linha vertical e apertar o clique (ou qualquer tecla do teclado) no momento exato em que a nota passar. E assim continua do início ao fim da faixa.

Gameplay de Trombone Champ

Não há muito segredo: é apontar o mouse na posição correta e apertar a tecla no momento exato da nota – Imagem: Igor Shimabukuro/TecMasters

A mecânica em si é simples, mas a jogatina… aí já é outra história. Posicionar o mouse e apertar as notas no tempo certo pode parecer fácil, mas acredite: não é bem assim. As notas mais longas — em que o player precisa manter o botão pressionado — são mais fáceis, mas é preciso atenção para não alongar demais o assopro e deixar o avatar sem fôlego. Também há notas relativamente curtas e pegar o timing delas é complicado. Os slides, por sua vez, exigem alterar a direção do cursor no meio da nota.

[Review] Trombone Champ é simples, desafiador e certamente um dos jogos mais divertidos do ano
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Isso sem contar na velocidade das notas que varia de acordo com a música. Como dito anteriormente, não há como escolher um nível de dificuldade padrão. Neste sentido, existem faixas mais lentas e mais fáceis (a partir de uma estrela), até músicas mais rápidas e difíceis (de nove estrelas).

Por falar em músicas, o game foi lançado com 25 músicas ao todo:

  • Also Sprach Zarathustra – Richard Strauss
  • Auld Lang Syne (CHAMP MIX) – Robert Burns
  • Baboons! – Holy Wow (Original Song)
  • Beethoven’s Fifth Symphony – Ludwig Von Beethoven
  • The Blue Danube Waltz – Johann Strauss II
  • Dance of the Sugar Plum Fairy – Pyotr Ilyich Tchaikovsky
  • Eine Kleine (CHAMP MIX) – Wolfgang Amadeus Mozart
  • Eine Kleine Nachtmuzik (Trap Mix) – Wolfgang Amadeus Mozart
  • The Entertainer – Scott Joplin
  • Entry of the Gladiators – Julius Fucik
  • God Save the King – Unknown
  • Hava Nagila – Abraham Zevi Idelsohn
  • Long-Tail Limbo – Max Tundra
  • O Canada – Calixa Lavallée
  • Rosamunde (Beer Barrel Polka) – Jaromir Vejvoda
  • Skip to my Lou – Unknown
  • The Star-Spangled Banner – Smith & Key
  • Stars and Stripes Forever – John Philip Soua
  • SkaBIRD – Holy Wow (Original Song)
  • Trombone Skyze – Holy Wow (Original Song)
  • Take Me Out to the Ball Game – Norworth & Von Tilzer
  • The Old Gray Mare – Thomas F. McNulty
  • Trombone Fuerte – Holy Wow (Original Song)
  • Warm-up
  • William Tell Overture – Gioachino Rossini

“Mas um jogo baseado em apenas 25 músicas não pode se tornar entediante?”, podem estar se perguntando alguns. Acontece que novas músicas estão programadas para desembarcar em Trombone Champ ao longo do tempo. Na atualização v1.07, por exemplo, foram três novas adições.

Sim, isso pode não ser o bastante. Mas há dois fatores que solucionam essa limitação de “mesmice” em Trombone Champ. A primeira é que cada música possui sua própria ambientação e, durante a jogatina, imagens, memes e outras figuras animadas aparecem no fundo da tela para um pouco mais de dinâmica à gameplay.

Trombone Champ

Durante as gameplays, prepare-se para figuras animadas (e pra lá de divertidas) aparecendo ao fundo da tela – Imagem: Igor Shimabukuro/TecMasters

O segundo baseia-se nas pontuações conquistadas em cada música. Dependendo do timing e precisão nos comandos da nota, o jogo lhe concederá uma escala de pontuação. A lógica é simples: quanto mais acertos, mais pontos e, quanto mais erros, menos pontos. Uma boa dica é manter o símbolo de trombone (no canto superior esquerdo da tela) ativo pelo maior tempo possível para conseguir mais pontos — também chamados de “toots”.

Trombone Champ

Ao final de cada faixa tocada, o game mostrará sua nota e quantos toots foram conquistados com base na pontuação – Imagem: Igor Shimabukuro/TecMasters

E estes toots serão necessários para desbloquear conteúdos extras e dar prosseguimento à jornada do game. Ou seja, não importa se o player já jogou determinada música e conseguiu um A. Caso ele venha a precisar de mais toots, será preciso rejogar músicas. E é basicamente essa meta que força o player a farmar em alguns momentos e impede que replays tornem-se chatos e monótonos.

A cada nova jogatina é uma chance a mais de coletar toots, ou mesmo de pegar os macetes da música em questão em busca de um “S”.

Conteúdos extras são casos à parte

Uma vez que os toots foram mencionados, é hora de entender como e onde eles serão usados. De forma curta e grossa: eles podem ser usados para desbloquear novos personagens, timbres diferentes, cartas e até trombones de cores variadas. Mas fato é que não existe uma loja explícita e a busca para desbloquear tudo isso torna-se uma aventura à parte.

Em uma das áreas na tela inicial, há um local que abriga um babuíno secreto que auxiliará no progresso do jogo. Fica o spoiler: será preciso conquistar algumas notas “S” para liberá-lo e, posteriormente, será possível usar os toots para desbloquear conteúdos extras.

Trombone Champ 7

Lugares aparentemente inóspitos podem esconder babuínos escondidos e prontos para ajudar o Trombone Champ – Imagem: Igor Shimabukuro/TecMasters

Já na área “Coleções”, será possível usar os mesmos toots para comprar cards fictícios (50 ao todo) do game — baseados em musicistas renomados, instrumentos ou mesmo hot dogs (?). É aqui que também será possível despertar outro babuíno e um demônio que também auxiliam no desbloqueio de outros elementos.

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Cartas de Trombone Champ podem ser adquiridas por meio de pacotes ou via construção de cards (cujos preços traz uma surpresa engraçada) – Imagem: Igor Shimabukuro/TecMasters

Mas sobre esses sistemas de desbloqueios, há pontos positivos e meio negativos. Sobre os negativos: embora alguns itens ajudem na conclusão do game, os elementos são meramente cosméticos (como se fossem skins) e não concedem benefícios ou habilidades adicionais — tudo é resolvido no dedo mesmo. Além disso, as lojas não são nada intuitivas e pode demorar algum tempo até que o jogador entenda sobre seus funcionamentos.

Sobre os pontos positivos: embora esses locais de troca não sejam explícitos, a procura por eles pode significar um desafio a mais durante a jornada. Em relação às cartas, elas até podem parecer inúteis, mas podem esconder grandes segredos — e render boas risadas.

Trombone Champ

Acervo de cartas podem ser relacionadas a movimentos, instrumentos, musicistas clássicos e até mesmo hot dogs – Imagem: Igor Shimabukuro/TecMasters

Veredito: Trombone Champ vale cada centavo

De maneira geral, Trombone Champ é um daqueles típicos jogos que certamente renderão diversão, independentemente da faixa etária ou do nível de familiaridade com games em geral. Experimente mostrar para a família e tenha a certeza que terá de dividir o PC com os parentes.

A mecânica do jogo é bem simples e músicas antigas conhecidas trazem um tom de nostalgia à gameplay. Mas fica novamente o aviso: o jogo pode ser bastante desafiador e, por mais conhecimentos que tenha sobre instrumentos musicais, as únicas coisas que farão diferença são agilidade e precisão (alô, jogadores de FPS).

Se por um lado a história não traz aquele enredo denso e complexo, amado por muitos jogadores de RPG, por outro, cativa com uma lore, elementos e mecânicas cômicas. Aliás, o fator comicidade talvez seja o principal ponto forte de Trombone Champ e que o empurra para o posto de um dos jogos (se não o) mais divertidos de 2022.

O jogo deve render por volta de 3 a 5 horas para ser finalizado, mas novos conteúdos devem ser lançados para manter os jogadores na ativa. Na pior das hipóteses, será um daqueles games para ter armazenado em sua máquina para treinar reflexos ou para amenizar um dia ruim.

Trombone Champ foi lançado no dia 16 de setembro exclusivamente para PC (via Steam) por R$ 28,99 — vale cada centavo. Há uma versão em andamento para Macs e ports do game são considerados, embora não estejam nos planos de curto prazo da Holy Wow Studios.

*O game foi analisado por meio de uma cópia via Steam fornecida pela Holy Wow Studios.

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