O TikTok é suspeito de coletar, de forma indevida, vários dados de cidadãos europeus e enviá-los à China, de acordo com uma carta assinada pela presidente da União Europeia (UE) – Ursula von der Leyden – e compartilhada por Brendan Carr, comissário da Comissão Federal de comunicações dos EUA, Brendan Carr.

Pela carta, von der Leyden confirma que há “diversas” investigações contra o app chinês de vídeos curtos em curso, todas com o objetivo de averiguar se o TikTok usou desses dados para oferecer publicidade direcionada a usuários menores de idade – uma violação da General Data Protection Regulation (GDPR), a legislação estipulada pela UE para a segurança de informações digitais a cidadãos do Velho Continente.

Vale ressaltar: o TikTok permite que menores de idade criem contas na rede social – desde que eles tenham 13 anos ou mais. Menores que isso, e o próprio app cuida de banir o perfil permanentemente.

Carr, que compartilhou as informações no Twitter, disse ainda que entrou em contato com Google e Apple para que as empresas americanas removam o TikTok de suas lojas de aplicativos. Como você já sabe, elas são, respectivamente, responsáveis pela Play Store, no Android; e pela AppStore, no iOS.

Segundo trecho da carta:

“As práticas de dados do TikTok, incluindo o que diz respeito à transferência internacional de dados, são objeto de vários procedimentos investigativos em curso. Isso inclui uma investigação pela Comissão de Proteção aos Dados da Irlanda sobre a obediência do TikTok a diversos requerimentos da GDPR, incluindo o envio de dados à China e o processamento desses dados em direção a menores, bem como um litígio do mesmo assunto sob a Justiça da Holanda.” – Ursula von der Leyden

A União Europeia acendeu o sinal de alerta após uma matéria veiculada no Buzzfeed afirmar que o TikTok teve acesso, na China, a vários dados de usuários dos Estados Unidos. Embora o site não tenha informado suas fontes, ele menciona áudios aos quais teve acesso, para corroborar a reportagem.

A matéria, então, chamou a atenção do Parlamento Europeu, que teme que o app possa estar fazendo o mesmo com os cidadãos da Europa.

De acordo com Carr, em seus tuítes, “o TikTok não vê apenas seus vídeos de danças.  Ele coleta históricos de busca e navegação, padrões de toques no teclado, rascunhos de mensagens e metadados, além de coletar também textos, imagens e vídeos armazenados na área de transferência de um dispositivo.”

“Área de transferência” é o recurso de qualquer sistema operacional onde, de uma forma bem resumida, ficam guardadas as informações onde você copiou, mas ainda não colou. Essencialmente, o que vem depois do “CTRL-C”, mas antes do “CTRL-V”.

Imagem mostra uma criança usando um smartphone, em matéria sobre a segurança de menores no TikTok

Imagem: Getty Images/Reprodução

Já explicamos em agosto como, mesmo se você usar sistemas como adblockers e outros recursos anti monitoramento, ainda é possível que aplicativos como TikTok e Instagram, para citar dois exemplos, ainda consigam seus dados por meio da forma como eles são montados.

Um exemplo clássico disso é o fato do TikTok contar com um navegador próprio embutido – e este navegador, ao contrário do que você usa normalmente, não restringe recursos monitores. Ao se apresentar como uma conveniência – visitar uma página sem ter que sair do aplicativo – ele convence você a abrir mão do controle de suas informações online.

No caso do TikTok, não é nem a primeira (e dificilmente será a última) vez que o assunto vem para assombrar a empresa: ao final de outubro, o app teve que negar afirmações de que sua equipe chinesa estaria usando dados de GPS dos dispositivos de usuários de outros países para obter informações precisas de localização.

Vale lembrar que, nos EUA e Ocidente, quem opera e armazena os dados dos usuários do TikTok é a Oracle, justamente porque já haviam suspeitas de que o produto da chinesa ByteDance fizesse uso de práticas consideradas antiéticas de armazenamento de dados.

via Brendan Carr (Twitter)

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