Upskilling e reskilling: as tendências no mercado de tecnologia

Hoje,  se  pararmos  para  analisar  por  um  minuto  o  setor  de  tecnologia  neste momento, veremos um mercado cercado de mudanças constantes e demissões. É uma situação complicada e temporária, mas, ao mesmo tempo, a área não tem deixado de criar oportunidades. Um levantamento da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom) aponta que, até 2025, 800 mil novas vagas surgirão no segmento.

Imagem: Brasscom

Quando o mercado se mostra instável, também existem oportunidades, ou seja, devemos juntar o útil ao agradável: preencher os cargos disponíveis com profissionais qualificados para acabar com as dificuldades enfrentadas pelo ramo tech. Nesse sentido, soluções de desenvolvimento, upskilling e reskilling, se tornam praticamente indispensáveis, especialmente aquelas que formam trabalhadores com rapidez e competências muito demandadas pelas marcas. E pela velocidade das mudanças, todos aqueles que estão inseridos no meio entenderam essa dinâmica.

O crescimento da busca por bootcamps é uma ótima prova dessa compreensão, uma vez que o que está em jogo, mais do que uma mudança técnica, é uma mudança de mentalidade. Nesses cursos os estudantes afastam o longo prazo e aprendizados não necessariamente alinhados com o mercado que são fornecidos pelas universidades para escolherem uma alternativa eficaz, que valoriza a imersão nos novos formatos tecnológicos em um ritmo veloz e acima de uma carreira tradicional.

Não à toa, esse novo modo de pensar prático e que potencializa pessoas também se estendeu para a própria estrutura interna das empresas, as quais têm mostrado que ações de aprendizado são necessárias para lidar com o cenário cheio de desafios dos dias atuais. Um dos maiores exemplos disso é o olhar das marcas tanto para jovens talentos do setor como aos profissionais de longa data, mas sob perspectivas diferentes.

O que é upskilling e reskilling?

No primeiro caso, as principais companhias que estão à procura de especialistas em nível júnior são scale-ups e PMEs, justamente porque os mais experientes, que estão em grandes corporações, passaram a mudar de emprego com menos frequência. Ou seja, alguém que está dando os seus primeiros passos em TI e adquire os conhecimentos certos, provavelmente terá o seu lugar reservado nestas organizações.

Já no segundo caso, a tendência do desenvolvimento interno, a fim de evitar o turnover e poupar custos de contratação, tem ficado cada vez mais forte nos últimos anos. Com a série de layoffs que invadiram o mercado tech – sem falar da competitividade extremamente elevada -, as lideranças estão entendendo o quanto requalificar (do inglês reskill) funcionários da casa é vantajoso, visto que são colaboradores que já falam a língua da empresa e sabem quais são os seus objetivos e processos internos. Com isso, é muito mais fácil guiar o membro do time para qual caminho ele deve se aperfeiçoar.

Basicamente, é uma jornada que ajuda os dois lados. De um, a companhia vai aproximar os integrantes dos times da sua proposta e suprir demandas, enquanto o trabalhador  adquire mais habilidades e se transforma em um profissional mais versátil. Sem coincidências, o que chamamos de “generalistas”, que são os especialistas que possuem várias skills, também estão sendo muito requisitados por praticamente todos os segmentos e devem ocupar um espaço maior no mercado nos próximos anos.

Isso acontece principalmente pela importância e abrangência atual do vasto mundo dos dados. A transformação digital já é uma realidade e para acompanhar todas as suas atualizações, que ocorrem literalmente todos os dias, as equipes devem ser compostas de pessoas que saibam mergulhar nas novas ferramentas, sistemas e softwares. Até mesmo o surgimento de áreas, anteriormente inexistentes em TI, indica que os profissionais do ramo não poderão mais entrar em uma zona de conforto intelectual e técnica nas suas carreiras.

Imagem: Charles Deluvio/Unsplash

Em outras palavras, neste momento do setor de tecnologia, o mercado de trabalho e os seus integrantes vão precisar se entender, porque ambos estão no mesmo barco. Nele, o caminho de ouro é o ambiente de desenvolvimento, no qual as ações de upskilling e reskilling tendem a amansar os obstáculos que vimos crescer no último ano. Por outro lado, com colaboradores mais qualificados, com certeza também veremos um aprimoramento nos produtos e serviços da área, além de companhias com estratégias mais sólidas.

Bem, parece que isso é um pouco mais do que uma contenção de danos… é uma verdadeira porta de saída dos problemas que vai direto para a entrada da inovação.

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Alexandre Tibechrani é General Manager Americas da Ironhack, escola de tecnologia global em Desenvolvimento Web, UX/UI Design, Data Analytics e Cibersegurança.