Hoje (10) cedo, o TecMasters revelou uma nova patente registrada pela Sony, relacionada a um controle “deformável”. Mencionamos como isso dificilmente veria a luz do dia na forma de um produto e que, provavelmente, a Sony havia feito o registro com a finalidade de controlar esse aspecto tecnológico específico, ainda que sem um acessório propriamente dito no mercado.

Ironicamente, pouco antes do texto ir ao ar, o blogueiro especializado em patentes Florian Mueller, do Floss Patents, publicou um fio em seu perfil no Twitter, discutindo a forma que a Sony adotou de fazer a gestão e inclusão de suas próprias patentes – severamente criticando a japonesa pelo método adotado e chamando isso de “comportamento infantil”.

O tuíte em si direciona o usuário para um artigo publicado em seu blog, onde Mueller detalha mais a sua opinião, fundamentando-a no fato de que, há vários anos, a Sony vem usando linguagem especificamente ofensiva contra a Microsoft e a Nintendo – suas concorrentes no mercado mundial dos videogames:

“[A] Sony incorporou essas ‘indiretas’ ao consoles Xbox da Microsoft e a plataformas da Nintendo, como o Switch, por dezenas de anos, em dezenas de aplicações de patentes.

É absurdo como ninguém havia descoberto essa ‘tradição’ antes, assim como também o é o fato de nenhum escritório de patentes dizer à ela, anos atrás, para que ela parasse com isso de uma vez por todas. Aplicações e registros de patentes não foram feitos para servirem de instrumentos de propaganda para ‘guerreiros de consoles’.” – Florian Mueller, jornalista

O blog ainda lista trechos de uma patente que exemplifica justamente esse tipo de ataque velado por parte da Sony – essa aqui, sobre um tipo de controle universal, conforme abaixo:

“Por exemplo, um dispositivo voltado para o usuário final pode ser um computador pessoal, um sistema caseiro (ex.: Sony PlayStation 2(R) ou Sony PlayStation 3(R) ou Sony  PlayStation4(R)), um dispositivo portátil para jogos (ex.: Sony PSP(R) ou Sony Vita (R)), ou um sistema de entretenimento do lar de uma fabricante diferente, ainda que inferior” – Sony (ênfase nossa)

Considerando que o jargão tecnológico sempre posicionou “sistema de entretenimento do lar” como um console de videogames (no caso de patentes vindas da Sony ou das outras duas fabricantes) ou algum sistema com função de jogos embutida, o blog afirma que “uma fabricante diferente, ainda que inferior” só pode se referir à Microsoft e à Nintendo.

Há que se ressaltar, porém, que nem toda afirmação de inferioridade configura necessariamente um ataque: se, digamos, a japonesa apontasse a ausência de uma entrada USB-C no Xbox Series X (que é algo verdadeiro) e posicionasse isso como uma desvantagem em relação ao PlayStation 5, já que o mercado se move cada vez mais para esse formato de conexão cabeada, seria uma coisa diferente e válida. É um fato, afinal.

O problema: a forma como as documentações da companhia são formuladas afirma categoricamente: “Microsoft é inferior”, “Nintendo é inferior” – as empresas, como um todo. E a japonesa não oferece nenhuma base que justifique a inclusão disso em uma documentação técnica, tal qual é a natureza de uma patente, exceto uma “indireta” apenas falando “nós somos bons, eles são ruins, porque sim”.

O blog ainda lista vários outros exemplos onde a gigante japonesa usou o mesmo palavreado – senão alguns piores – com exemplos que vão atrás alguns anos, até pelo menos 2016.

Vale citar que Mueller não é apenas um entusiasta do assunto, e durante anos ele cobriu, como jornalista, situações litigiosas envolvendo as chamadas “altas patentes” – registros de produtos tão poderosos que qualquer similaridade deles encontradas em concorrentes incidem em processos de milhões de dólares. Para ele, a pesquisa de patentes é algo rotineiro.

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