O vasto universo de Starfield realmente tem muito a oferecer. Em desenvolvimento por longos sete anos, o novo título da Bethesda enfim foi lançado e traz uma verdadeira constelação interativa em forma de planetas para explorar, recursos para coletar, batalhas para engajar, missões para cumprir, e muitos outros elementos.

Seria muito fácil descrever Starfield como um jogo que segue a fórmula Bethesda — para bem ou para mal —, só que ambientado no espaço. Entretanto, o jogo oferece, literalmente, uma galáxia para o jogador desbravar de diversas formas. Embora sua campanha principal não seja das melhores, o título tem diversos outros méritos.

No fim, tudo depende de como você enxerga o copo: meio cheio ou meio vazio?

Campanha principal vs. missões secundárias

O início de Starfield tem um ritmo lento e apresenta uma trama intrigante: o ano é 2330 e seu personagem, que está trabalhando em uma escavação, descobre um misterioso artefato. Após ter contato com o objeto, o boneco tem visões disformes e sem sentido, e termina desmaiando.

Ao despertar, chega enfim o clássico momento de personalizar a aparência do personagem. O menu de criação oferece inúmeras opções de ajustes, cores e formas, permitindo que você use e abuse dos recursos para montar o visual de seu avatar de maneiras diversas. 

Além de escolher o nome e o pronome de seu personagem (inclusive, há opção para quem se identifica como não-binário), você deve atribuir uma história de fundo e escolher três características de base. Todas as suas escolhas influenciam, mesmo que minimamente, a jornada.

[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade
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Caso designe que seu personagem é procurado pelas autoridades, por exemplo, isso pode trazer complicações quando você precisa estacionar em alguns planetas, pois a fiscalização pode reconhecê-lo e querer conversar — e dependendo de sua persuasão, o boneco pode até ser preso.

Voltando à campanha principal, a trama avança em poucos minutos, pois logo você é apresentado à Constelação, um grupo que explora os segredos escondidos nos cantos do espaço, encontrando e preservando artefatos (como o que seu personagem teve contato no início do jogo). A partir disso, seu objetivo passa a ser encontrar objetos semelhantes, em uma tentativa de compreender o que são e para o que servem.

Um pouco antes disso, você ganha sua primeira espaçonave. E pouco depois de conhecer a Constelação, fica livre para não apenas explorar cidades, luas e planetas, mas também para viver inúmeras situações diferentes de gameplay, incluindo momentos em que será necessário ser sorrateiro, persuadir uma situação com o poder da diplomacia, ou até mesmo engajar em batalhas — sejam terrestres ou espaciais.

Imagem de Starfield

Imagem: Xbox Game Studios/Reprodução

Aos poucos, você também conhece outras facções, como a Vanguarda, a Frota Escarlate, a Confederação Freestar, entre outras organizações. É aqui que Starfield começa a se destacar ainda mais, pois, se por um lado a campanha principal é relativamente breve (e até um tanto clichê), as missões secundárias são o que verdadeiramente abrilhantam o jogo — assim como em todos os títulos da Bethesda.

Existem diferentes tipos de objetivos secundários, incluindo linhas de missões que se desdobram em mini tramas muito interessantes. Há também tarefas de curta duração, claro, mas a variedade de situações impressiona e te mantém engajado, permitindo que você explore locais, ganhe itens especiais e interaja com personagens que muitas vezes se destacam mais do que a campanha principal como um todo.

Ao infinito e além

Você pode se sentir sobrecarregado de informações nas horas iniciais de Starfield e isso é completamente normal. Afinal, o game está recheado de burocracias e pequenos detalhes para se prestar atenção, além de mecânicas diversificadas e situações que muitas vezes pegam o jogador desprevenido, dependendo do rumo de sua trajetória. 

[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade
[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade
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A boa notícia é que Starfield apresenta seus elementos relativamente aos poucos, então existe tempo para que você se familiarize com muitas ferramentas e opções. Ao mesmo tempo, seu mundo é tão vasto e livre para explorar, que você corre o risco de apenas se perder no espaço, literalmente. E não há nada de errado nisso.

Por sinal, jogar Starfield de fones de ouvido se provou uma das melhores decisões tomadas ao longo da jornada. Isso porque tanto a fantástica trilha sonora quanto os efeitos sonoros estão muito caprichados, especialmente em ambientações mais fechadas e sombrias. Além disso, vale registrar que a experiência deste review se limita à versão de Xbox Series X, pois não foi possível testar o jogo no PC devido a problemas técnicos.

Muito pra lidar, muito pra explorar, muito pra jogar

Além de exploração espacial, situações inusitadas e missões secundárias que muitas vezes são melhores que a campanha principal, o game também oferece relacionamentos com diversos personagens. Honestamente, este é um dos pontos mais fracos do jogo dada a falta de desenvolvimento e aprofundamento de grande parte das figuras… Além da completa falta de emoção em suas feições.

Imagem de Starfield

Imagem: Xbox Game Studios/Reprodução

Porém, há uma mecânica ainda mais interessante do que se relacionar com personagens inexpressivos: construir entrepostos. 

Entrepostos são basicamente bases que você pode construir e que servem para diferentes finalidades — desde uma residência ou abrigo para aliados até centros de pesquisa ou extração de matéria-prima. Essa mecânica está disponível logo no início do jogo, mas a criação de certos tipos de instalações exige habilidades e recursos específicos.

Você também pode construir uma espaçonave do zero e personalizar as partes e até mesmo o interior do veículo. Obviamente, isso requer muito dinheiro, então prepare-se para investir muito tempo interagindo com a economia de Starfield, que muitas vezes é tão burocrática quanto a da vida real.

[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade
[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade
[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade

Isso não é uma crítica, longe disso: a economia do mundo de Starfield é bem satisfatória. E assim como em outros jogos da Bethesda, você também pode passar muito tempo gerenciando recursos em seu inventário de Starfield, para vendê-los depois de cumprir as missões.

Por falar em outros games da Bethesda — a minha primeira experiência foi com The Elder Scrolls V: Skyrim —, você deve imaginar que Starfield também está cheio de bugs neste período inicial de lançamento.

Nenhum dos bugs avistados, como personagens atravessando superfícies horizontais e verticais, ou ainda desaparecendo no cenário, foram impeditivos para a experiência. Felizmente, também não houve problemas de progressão, como alguns jogadores relataram na internet.

Imagem de Starfield

Imagem: Xbox Game Studios/Reprodução

Ainda assim, Starfield é mais um caso de jogo que, com o passar do tempo, vai ficar ainda melhor, além de mais completo e aprimorado. Além disso, o NG+ (sigla para new game plus) traz uma abordagem extremamente intrigante, que poderia muito bem se tornar o novo padrão na indústria — ao menos em termos narrativos.

Após terminar a campanha principal, você pode começar a história novamente, mas carrega consigo apenas a experiência e as habilidades. Os relacionamentos (sim, você pode criar laços e até mesmo se casar em Starfield) e os entrepostos que construiu em seu arquivo de save anterior, infelizmente, desaparecem. 

Por um lado isso é bom, pois lhe dá oportunidade de explorar outras rotas de relação, formar novas alianças e tudo o mais; além de explorar entrepostos de maneiras diferentes também. Pelo outro, abrir mão de tudo que foi construído com muito suor e horas investidas pode ser um pouco doloroso.

Um novo mundo de aventuras, mas…

[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade
[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade
[Review] Starfield oferece muito — mas nem sempre quantidade é qualidade

A exploração espacial de Starfield é um tanto complicada. Embora o jogo realmente ofereça sistemas solares com muitos, muitos planetas e luas com diferentes biomas para contemplar, ao mesmo tempo, muitos dos cenários, estruturas e até mesmo as criaturas são repetidas. Isso não acontece com frequência, vale ressaltar, mas dependendo de como está a sua expectativa com o jogo, isso pode ser um pouco desapontador.

De fato, existem pontos positivos e negativos na exploração. É possível, por exemplo, visitar planetas distantes e inexplorados e você realmente leva horas para se aproximar do lugar desejado, se assim quiser — afinal, a dobra de tempo-espaço não está disponível em locais desconhecidos. Isso por si só cria uma sensação incrível de imersão, quase como um simulador de espaçonave.

Entretanto, aterrissar em uma região completamente nova sem ter um veículo terrestre para auxiliar na exploração, por sua vez, pode ser extremamente problemático. É aqui que entra a questão do copo meio cheio ou meio vazio: a maneira como você enxerga essa balança é o que define se explorar (literalmente) o desconhecido em Starfield será uma tarefa empolgante ou completamente entediante.

Starfield vale a pena?

Starfield

Imagem: Bethesda

Sim, porém depende. O ritmo do início do jogo pode ser uma barreira para alguém que está esperando ação espacial frenética, por exemplo. Starfield está longe disso, muito embora existam momentos de adrenalina ao longo do game.

Starfield também pode ser uma aposta arriscada, se esta seja sua primeira experiência com um jogo da Bethesda. O novo título segue uma fórmula bastante parecida com os demais, então caso você já tenha jogado um projeto anterior do estúdio, pode ter uma ideia melhor do que esperar.

Por outro lado, se você for um grande entusiasta de ficção científica e exploração espacial, e quer uma experiência que oferece bastante interação, viagens e escolhas que impactam (mesmo que minimamente) a sua jornada, Starfield é a sua pedida. 

Independente de qualquer decisão sua, o jogo está disponível no Xbox Game Pass; então, se for assinante do serviço, basta fazer download de Starfield. Seja no console ou no PC, é uma jornada com altos e baixos e que ainda pode melhorar em muitos aspectos, mas sem dúvidas, oferece infinitas possibilidades e é uma experiência marcante.

Starfield está disponível desde 6 de setembro para Xbox Series X|S e PC (via Steam e Microsoft Store). Também é possível jogá-lo por meio do serviço Xbox Game Pass (PC e console). O jogo foi analisado no Xbox Series X por meio de uma cópia cedida pela Bethesda.

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