Uma das maiores dificuldades das franquias mais antigas é atrair as gerações mais novas para seus jogos. “Infinity Strash: Dragon Quest – The Adventures of Dai” vem justamente para preencher essa lacuna: a nova iteração da franquia “Dragon Quest”, da Square Enix, vem com uma proposta de gameplay simplificado e progressão narrativa mais direta e linear, mas sem falhar com os elementos que tornaram a franquia uma das mais conhecidas do mundo.

O ponto é que Infinity Strash consegue, mesmo com uns tropeços, cumprir bem o seu objetivo: ao mesmo tempo em que traz o nome “Dragon Quest” (a segunda maior franquia de RPGs japoneses do mundo, atrás apenas de “Final Fantasy”), o jogo se posiciona como um ponto de entrada a fim de evitar que o peso da franquia afaste novos fãs.

Infinity Strash: The Adventures of Dai

História é velha conhecida, para quem já é meio velho

O enredo do jogo é um que crianças e adolescentes “noventistas” poderão reconhecer com facilidade: o jogo é inteiramente posicionado na história de The Adventures of Dai (“Fly, O Pequeno Guerreiro”, no Brasil), um mangá adaptado para os animes entre 1990 e 1991 (o mangá em si deriva dos primeiros jogos de Dragon Quest – a franquia começou em 1996).

Entretanto, ao invés de abusar de cenas de corte e muito, muito roteiro e diálogo, a Square Enix preferiu seguir por um rumo mais simples: ao separar o jogo todo em capítulos, cada pedaço dele tem pequenas entradas que vão contando a história do mangá/anime. Quem a conhece, não terá surpresas: Hadlar, Avan, Pop, Maan, o próprio Dai (renomado “Fly” por aqui por uma questão de pronúncia: “Dai” soa igualzinho a “Die”, ou “morrer”, em inglês)… estão todos lá.

A fim de manter a premissa do RPG, no entanto, é possível reconhecer os elementos que tornaram Dragon Quest uma franquia bem famosa: apesar do enredo ser conhecido, um elemento dele permite que você vá e volte nos episódios – logo na introdução, Dai é atacado por um inimigo poderoso e perde a memória. A busca por essas lembranças é o que dita a primeira metade de Infinity Strash e, ao longo de suas viagens, você visita o “Templo da Relembrança”, onde enfrenta desafios crescentes em busca disso. Essa parte funciona como uma função auxiliar – você não precisa pegar tudo, mas é interessante adquirir itens e memórias que ampliam seus poderes.

E, claro, como todo bom RPG, o jogo – se progredido sem muito apreço a side quests – vai ter um “final padrão”, e após ele, o jogo se abre em mais segredos para que você consiga ir mais além.

É tudo muito simples, mas não “emburrecido”: Final Fantasy XIII, no PlayStation 3, foi um exemplo de linearidade aplicada do jeito errado. Em Infinity Strash, ela é um recurso, não um peso, funcionando como um chamariz interessante para novos jogadores.

Imagem do jogo Infinity Strash: Dragon Quest - The Adventures of Dai

Imagem: Square Enix/Divulgação

Gameplay em tempo real é gostosa de jogar, mas tem bugs bobos

Na hora do combate é que a coisa “pega” um pouco: Infinity Strash segue o mesmo molde dos Dragon Quest mais recentes, abrindo mão do sistema de luta por turnos em favor de uma progressão em tempo real. Nela, você controla um personagem de um grupo de até quatro membros, podendo alternar entre cada um enquanto os outros são dirigidos pela inteligência artificial (IA).

A IA em si não é um problema: dentro da premissa simples do jogo, ela faz um bom trabalho – personagens de cura “sabem” a hora de “entrar” e salvar você em momentos de baixa energia, e até reconhecem status negativos e os contra-atacam de acordo. E ao contrário de outros jogos que seguem a mesma receita, a IA não “prioriza” você por ser o personagem controlado pelo jogador…a distribuição é igualitária, ou tanto quanto pode ser.

O problema está mesmo no decorrer da batalha: como todos os inimigos e amigos estão no mesmo campo, agindo ao mesmo tempo, é fácil ver um atravessar o outro. Isso aconteceu em nossas partidas repetidamente: à distância, eu fazia meu personagem disparar alguma magia bem poderosa, apenas para que um companheiro desavisado acertasse meu oponente com um golpezinho à toa e…o tirasse do caminho do meu projétil. Acabava sacrificando um “porradão certeiro” em favor de um “peteleco”.

Agora imagine isso contra os chefões, ou contra os desafios do Templo da Relembrança…

Outro ponto negativo vem na forma de contar a história: sim, sabemos que dissemos que não há excesso de cutscenes alguns parágrafos acima, mas o pouco que existe é exibido exclusivamente em vídeo, o que torna a experiência de curtir a história meio maçante em certos pontos – mesmo que os vídeos tenham controles abertos, permitindo rebobinar ou avançar tudo, às vezes a coisa faz você “bufar” de impaciência.

De qualquer forma, não é algo que vá quebrar a experiência completa. O jogo ainda consegue te agradar.

Imagem do jogo Infinity Strash: Dragon Quest - The Adventures of Dai

Imagem: Square Enix/Divulgação

O Veredito

Infinity Strash: Dragon Quest – The Adventures of Dai é bastante agradável. É bem claro, desde o começo, que o jogo se propõe a ser um “portão de entrada” para que uma franquia tão antiga perdure nos consoles e PCs do público mais jovem – o que é ótimo: grandes jogos merecem grandes continuações, e com a base de fãs original envelhecendo e já com filhos adolescentes, faz sentido que “o bastão” seja passado para eles.

Os percalços, como dissemos, não são nada para se preocupar, embora eles possam soar bem irritantes às vezes. Ainda assim, se Dragon Quest é uma franquia que lhe interessa, Infinity Strash serve a uma dualidade interessante: ao mesmo tempo em que mantém a sua coleção atualizada, ele também lhe ajuda a introduzir a marca a seus amigos, filhos e afins.

Infinity Strash: Dragon Quest – The Adventures of Dai será lançado em 28 de setembro de 2023, para PC, Switch, PlayStation 4 e PlayStation 5.

Galeria de imagens

[Review] ‘Infinity Strash’ simplifica fórmula de ‘Dragon Quest’ para abraçar novos fãs da franquia
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