Já imaginou poder jantar com seus amigos e familiares em um ambiente virtual que, naturalmente, dispensa a presença física? Embora a descrição se assemelhe ao clássico cinematográfico “Matrix”, trata-se de um cenário comum no metaverso, uma espécie de plataforma que combina internet, realidade aumentada e realidade virtual, e que tem sido um dos principais focos das big techs recentemente.

Mas antes de entender o motivo de as gigantes estarem sedentas por essa tecnologia, é preciso, primeiramente, entender o que é o metaverso. Basicamente, trata-se de um ambiente virtual (ainda em desenvolvimento), que permitirá viagens, passeios e outras aventuras de indivíduos em tempo real, sem que eles precisem sair de casa ou sejam lá onde estejam.

Metaverso; o futuro da internet. Será?!

Diferentemente de jogos simuladores, a tecnologia será integrada com óculos de realidade aumentada e de realidade virtual. Deste modo, todo o cenário poderá ser visto em 3D, o que certamente permitirá um sentimento “mais real” de presença do indivíduo e interações mais fiéis ao mundo “de verdade”. É a tal da chamada “imersão”.

Até o momento, falar sobre o metaverso é algo mais abstrato do que concreto: ainda não há um consenso sobre o que é ou que poderá ser — o que reforça a tese de que, embora possível, a tecnologia esteja longe de se tornar realidade.

Ao que tudo indica, seria um espaço para fugir dos problemas mundanos. O único problema é que, por necessitar da participação humana, problemas como discriminação, assédio e violência também poderiam figurar neste universo virtual.

Ilustração de pessoa com óculos de realidade virtual

Metaverso seria um ambiente virtual que replicaria atividades da vida real. Foto: Billetto Editorial/Unsplash

Big techs e metaverso

Embora a tecnologia esteja distante de ser algo do cotidiano das pessoas, big techs e outras gigantes têm colocado o metaverso como pauta importante de seus próximos projetos.

Em uma recente conferência do Facebook, por exemplo, a palavra “metaverso” foi citada mais de 20 vezes. Não à toa, a rede social tem mirado transformar-se em uma “empresa metaversa” e Mark Zuckerberg, CEO da companhia, enxerga a tecnologia como “a sucessora da internet móvel”.

“Você pode pensar sobre [o metaverso] como uma internet incorporada na qual você está dentro, em vez de apenas olhar”, disse Zuckerberg na teleconferência.

A Microsoft, por sua vez, afirmou estar trabalhando na construção de um “metaverso empresarial”. A Epic Games, desenvolvedora do jogo Fortnite, anunciou uma rodada de financiamento de US$ 1 bilhão em abril para apoiar suas ambições no ambiente virtual. Em junho, o investidor de risco Matthew Ball ajudou na criação de um fundo para que pessoas possam investir dentro do metaverso.

Em tese, todo esse interesse de diversas companhias vai ajudar na construção do metaverso. Mais que isso: na verdade, elas desejam integrar o espaço virtual com o desenvolvimento de novos produtos, recursos ou quaisquer outros tipos de tecnologia.

Mas, por quê?

Um dos pontos que pode explicar o “hype” do metaverso é a própria tecnologia. Basta olhar para o atual cenário: dispositivos móveis de ponta, infraestrutura de internet, 5G, sistemas de jogos, dispositivos de realidade aumentada e virtual, criptomoedas… todos esses desenvolvimentos tecnológicos — nunca antes vistos — aproximam o metaverso de uma realidade.

Ilustração de conectividade tecnológica

Tecnologias atuais e conectividade convergem para concretização de um ambiente virtual. Foto: Marvin Meyer/Unsplash

“[Uma mudança como] esta é sempre um processo iterativo de várias décadas… e ainda, apesar desse fato, há uma sensação inconfundível ao longo dos últimos anos de que as peças fundamentais estão se juntando de uma forma que parece muito nova e muito diferente”, afirmou Ball, o investidor de risco.

Aliado a isso, a pandemia de coronavírus também foi um verdadeiro divisor de águas, que revolucionou (e ainda vai) as interações profissionais e, principalmente sociais. E o ambiente virtual poderá ser um espaço que vai facilitar novas interações sociais em tempos de ruptura.

Dificuldades

Claro, ainda existe muito caminho pela frente até que o metaverso se torne realidade. Sem contar a necessidade de novas tecnologias e os bilhões que precisam ser investidos, preocupações com a privacidade e segurança no ambiente virtual devem seguir como pauta.

Além disso, existem preocupações essenciais voltadas para o ser humano. A primeira delas baseia-se na preocupação de um iminente novo vício tecnológico, capaz de distrair a atenção dos problemas mundanos e interferir o progresso na “vida real” do indivíduo.

Outro ponto, relacionado ao anterior, pode indicar um novo caos no ambiente virtual. “Já evoluímos emocionalmente o suficiente para ir além da divisão segura de ter telas entre nós e digitar palavras? Estamos seguros para começar a interagir em um nível mais pessoal, ou os buracos ainda vão arruinar tudo para todos?”, indagou Avi Bar-Zeev, fundador da consultoria de RA e RV RealityPrime.

As perguntas seguem sem respostas. É claro que tudo depende de quem irá usar e de como será a utilização da tecnologia. Mas tendo em vista a natureza do ser humano, é bem provável que o universo virtual rapidamente se torne tóxico, assim como o ambiente real vivido aqui na Terra.

Fonte: CNN

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