Desde a criação, o conceito sobre a televisão tem assumido mudanças drásticas na aparência e no papel que o objeto desempenha na vida dos usuários hoje, no entanto, o preço das telas finas e inteligentes parece não ter acompanhando realmente a inflação desde os anos 20, quando foi concebida por norte-americanos e russos.

É comum que nos primeiros anos da comercialização de um eletrônico recém-lançado seja acompanhado pelo seu alto custo; com o advento da televisão não foi diferente. Mesmo depois de ser item comum na sala da maioria das famílias, assim como alimentação e cuidados médicos, o preço da TV não deixou de ser ajustado para a inflação.

O que o custo oculto das smart TVs tem a ver com você?

Imagem: Fletcher6, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Commons

Ao contrário das smart TVs ou TV inteligentes, agora conectados à internet e recursos interativos da Web 2.0, bem menos caras ou tão mais baratas que fogem da lógica básica.

Uma das maiores melhorias é simplesmente um grande pedaço de vidro. “Os painéis de TV são cortados de uma folha realmente grande chamada ‘mother glass'”, disse-me James K. Willcox, editor-sênior de eletrônica da Consumer Reports. Os de hoje são enormes, aproximadamente 3 por 3 metros, e os fabricantes se tornaram mais eficientes no corte dessa grande peça em telas. “Há alguns anos você teria muito desperdício; agora você pode perfurar mais telas daquela mesma mother glass”, disse Willcox.

Embora com o tempo as fabricantes de componentes possam reduzir o processo de fabricação e, por consequência, gerar impacto no custo; além da concorrência maciça no mercado de televisão, permitida pelos baixos preços de displays – um convite para que mais fabricantes entrem no mercado e forcem empresas mais estabelecidas como Sony e LG a baixar também os preços – a história por trás das TVs baratas não é concretizada apenas pelas forças do mercado.

Smart TVs e a monetização pós-compra

A razão para isso pode ser explicada pelos dados. Tais dispositivos coletam e compartilham o que usuários assistem, por quanto tempo e em quais locais. Alguns desses aparelhos, munidos de câmera, podem até mesmo ir além das TVs inteligentes convencionais.

Elas são como motores de busca, redes sociais e provedores de e-mail, que lucram com os dados que coleta. As TVs modernas, com raras exceções, são inteligentes, ou seja, trazem software para streaming de conteúdo online do YouTube, Netflix, Amazon Prime, entre outros serviços. Além de sistemas operacionais, como o Google TV (Google) usado pela Sony, com LG e Samsung oferecendo os próprios.

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Imagem: Nicolas J Leclercq/Unsplash

Ao fornecerem esses serviços como ‘gratuito’, em troca, tais empresas nos vigiam para depois monetizar essas informações, vendendo a anunciantes e criando perfis. Esses dispositivos “estão coletando informações sobre o que você está assistindo, quanto tempo você está assistindo e onde você assiste”, disse Willcox, “então vendendo aqueles dados que são um fluxo de receita que não existia há alguns anos atrás”.

Embora seja um ataque à privacidade dos usuários, empresas de rastreamento de dados parceiras como Inscape e Samba se gabam orgulhosamente dos fabricantes de TV com os quais mantêm contrato e os dados que acumulam provenientes de tais rentáveis acordos.

As empresas que fabricam televisores chamam isso de “monetização pós-compra”, e isso significa que podem vender televisores quase a preço de custo e ainda ganhar dinheiro a longo prazo, compartilhando dados de visualização. Além de vender suas informações de visualização aos anunciantes, as TVs inteligentes também mostram anúncios na interface.

A Netflix recentemente lançou um plano que exibe anúncios da Microsoft para tentar salvar-se da queda de assinantes em uma década, além de perder mais de US$ 50 bilhões em valor de mercado em abril de 2022.

A Roku também recorre aos anúncios pagos, exibidos de forma proeminente em um determinado programa de TV ou serviço de streaming no lado direito da tela inicial. No Canal Roku apoiado por anúncios, a empresa recebe uma parte dos anúncios em vídeo mostrados em outros canais nos dispositivos Roku.

Não há dúvidas de que a venda de dados é muito rentável. A Roku ganhou US$ 2,7 bilhões em 2021. Quase 83% disso veio do que a companhia chama de “receita da plataforma”, que inclui anúncios mostrados na interface. No entanto, ela não é a única que oferece tal software: Google, Amazon, LG e Samsung têm sistemas operacionais de televisão inteligente com modelos de receita similares.

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Imagem: Gerd Altmann/Pixabay/Freepik

Tudo isso significa que, o que quer que você esteja assistindo na TV, os algoritmos estão rastreando seus hábitos. Isso influencia os anúncios que você vê em sua TV, e também em outras plataformas como Google, Facebook, YouTube, Twitter etc., caso você as conecte à sua TV. Obviamente isso também afetará os anúncios vistos enquanto navega pela web, seja pelo computador ou telefone. Quanto maior o conjunto de dados coletados de uma pessoa, maiores serão as chances das empresas da Big Tech criarem perfis ainda mais específicos e, por consequência, controlá-la prevendo com muito mais facilidade os seus hábitos.

 

Via The Atlantic

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