Nada como sentir menos dor durante uma cirurgia, não é mesmo? Se pacientes fizessem uso de dispositivos de realidade virtual — como um headset VR — durante as operações, essa sensação de alívio seria possível. Mais do que isso, a utilização do gadget poderia, inclusive, reduzir a necessidade de aplicação de anestesias, segundo sugerem pesquisadores do Centro Médico Diaconisa Beth Israel, em Nova York, nos Estados Unidos.

A pesquisa analisou o volume de aplicação de um sedativo chamado “propofol” (2,6-diisopropilfenol), sugerindo que a quantidade da medicação não apenas foi muitas vezes menor em pacientes equipados com os dispositivos, mas também uma recuperação bem mais rápida na saída do anestésico.

Imagem mostra um procedimento cirúrgico sendo feito: estudo afirma que sensação de dor pode ser reduzida se operações usarem um headset VR no pacientes

A dor é um dos maiores medos de pacientes clínicos em cirurgia, mas o estudo aponta que a sensação pode ser reduzida pelo uso de tecnologia de realidade virtual – Imagem: Piron Guillaume/Unsplash

Trocando em números: pacientes sem o equipamento precisaram de, em média, 750,6 miligramas por hora (mg/h) de propofol para se manterem adormecidos durante um ato cirúrgico. Paralelamente, quem usou um headset VR precisou de apenas 125,3 mg/h — cerca de seis vezes menos.

O tempo de despertar do paciente também mudou: usuários do equipamento de realidade virtual levaram apenas 63 minutos para acordar, enquanto foram necessários 75 minutos para aqueles sob o método tradicional.

A relação entre o uso de headset VR e a redução da dor

Segundo os cientistas, essas variações apareceram pelo fato da imersão de um headset VR causar uma distração mais intensa da atenção do usuário, efetivamente fazendo perceber menos a dor — isso, se essa percepção ocorresse de fato.

Em países onde a saúde pública é deficitária e planos de saúde particulares têm preços exorbitantes, isso pode ser uma bênção: segundo o CostHelper, uma aplicação de anestesia geral para cirurgias nos Estados Unidos pode custar até US$ 3,5 mil (R$ 18.088,35), com planos de saúde não cobrindo o valor total e forçando a coparticipação no usuário para custear a quantidade da medicação, o profissional que vai aplicá-la e outros equipamentos necessários.

Na prática, o estudo pode abrir caminho para uma redução de custos do próprio bolso para pacientes clínicos.

A premissa, no entanto, ainda não está pronta para ser encarada como uma prática definitiva. Os pesquisadores do centro médico admitem que pacientes sabiam de antemão a natureza dos testes, então é possível que isso tenha efeito na percepção de dor de cada um — o chamado “efeito placebo”.

Em outras palavras: saber que você não faria parte do grupo que usaria o headset VR pode ter gerado uma expectativa maior de dor (consequentemente, sentindo-a mais); em contrapartida, quem soube que usaria o dispositivo pode ter antecipado uma redução sensorial (ou seja, já era predisposto a perceber menos dor).

Os estudiosos planejam a condução de novos testes sem o aviso prévio em novos pacientes a fim de afirmar ou refutar os resultados atuais. Entretanto, eles não informaram quando isso deve acontecer.

O texto completo do estudo, vale ressaltar, foi publicado na revista científica One, da Public Library of Science (PLOS), uma das mais conceituadas publicações de pesquisa do mundo.

Via Public Library of Science, CostHelper

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