O lançamento da mais nova expansão de Black Desert, Terra do Amanhecer, foi um marco na história do MMORPG. De acordo com a própria desenvolvedora Pearl Abyss, o game registrou um significativo aumento de 267% de jogadores novos e 335% de retornantes pelo mundo.

Na Steam, Black Desert saltou 50 posições e atingiu a 13ª colocação no ranking da categoria de mais vendidos nos Estados Unidos, com 33.546 jogadores simultâneos — a maior marca nos últimos dois anos, tendo sido o último registro de 33.859 jogadores, em julho de 2021). 

Além disso, o MMORPG celebrou seu 6º aniversário de lançamento na América do Sul em 12 de julho. Além de uma transmissão celebrativa, o game ofereceu buffs temáticos, caixas comemorativas, eventos Hot Time e tesouros escondidos como agradecimento pelo suporte dos jogadores ao longo dos anos.

O sucesso de Black Desert é incontestável e, por isso, o TecMasters conversou com a inspiradora CEO da Pearl Abyss, Jeonghee Jin (ou apenas JJ), em uma ocasião prévia ao lançamento da expansão Terra do Amanhecer. Abaixo, você confere a entrevista na íntegra.

Integrando a Coreia em um mundo eurocêntrico

O bate-papo com JJ começou com a CEO revelando sobre sua animação com a chegada da expansão Terra do Amanhecer, que traz muito da história e da cultura coreana e, portanto, reverbera com ela e suas raízes. Além de contente, ela afirmou que também estava se sentindo “nervosa”. “Sabe, isso é algo que muitos de nós, coreanos, estamos familiarizados e temos muito orgulho de trazer para um MMORPG como Black Desert, que é totalmente medieval europeu em um mundo de fantasia”.

“Nossos desenvolvedores fizeram um ótimo trabalho em construir esse mundo bastante inspirado na Coreia, mas muito bem misturado com o resto do mundo eurocêntrico de Black Desert”, disse JJ, acrescentando ainda que a transição para a expansão não apenas foi “suave” como também trouxe muitos “componentes da cultura coreana”, e “mecânicas avançadas de jogo” que os jogadores estavam pedindo há muito tempo.

Black Desert: Terra do Amanhecer

Imagem: Pearl Abyss

“Os jogadores querem histórias mais envolventes”, continuou JJ. “Sempre achamos que existem diversos contos folclóricos coreanos que são muito interessantes e envolventes, então queríamos trazer alguns deles [para Black Desert]”. Além de ansiosos para implementar as novidades, a CEO afirma que o time de desenvolvimento nunca havia tentado algo desse tipo antes. “Acho que não existe outro MMORPG que tenha tentado isso”, ela completa, referindo-se ao que Terra do Amanhecer representa. 

Compreensível, afinal, antes de chegar às Américas, Terra do Amanhecer foi lançado na Coreia e, de acordo com JJ, os jogadores coreanos amaram o novo conteúdo e expressaram que “nunca tinham visto nada igual antes”. Quando questionada sobre o tempo de desenvolvimento da expansão, a CEO acredita que levou quase um ano — considerando as novas classes gêmeas, Woosa & Maegu, que fazem parte dos preparativos. Os conceitos, no entanto, podem ter começado ainda antes.

“Acho que quase um ano. Não sei o tempo exato desde a concepção das ideias, mas foi definitivamente há muito mais tempo do que você imagina, considerando a maioria das outras atualizações. Também levamos mais tempo para localizar [o novo conteúdo] porque fizemos tudo em coreano primeiro, já que Terra do Amanhecer é uma região muito coreana e têm elementos da Dinastia Joseon, revela JJ.

Black Desert: Terra do Amanhecer - Maegu e Woosa

Imagem: Pearl Abyss

A CEO aprofundou um pouco mais nessa questão, ressaltando que existem palavras que não podem simplesmente serem traduzidas para outros idiomas, pois elas não existem nessas culturas. “Existem certas coisas que só existiam naquela época ou naquela cultura”, ela complementou. O tempo e os esforços depositados nesse aspecto da criação, portanto, levou muito mais tempo, segundo JJ, e alguns termos sequer foram adaptados para algo equivalente. “Queríamos colocar algumas palavras como elas estão, para que sejam mais exclusivas e culturais”.

Como o K-Pop e o K-Drama abriram caminho para Terra do Amanhecer

Pegando carona no assunto “conceitos e ideias”, JJ revelou que a ideia de criar a expansão Terra do Amanhecer não surgiu porque os jogadores estavam pedindo por um conteúdo assim. Na realidade, os conceitos começaram a surgir naturalmente, mas, obviamente, tem relação com a popularidade e influência do K-Pop e do K-Drama pelo mundo nos últimos cinco anos.

“Todos os desenvolvedores de jogos na Coréia tentam criar jogos que são mais parecidos com os ocidentais, e tem sido assim pelos últimos 10 ou 20 anos. Essa era a maneira de tornar seu jogo atraente para o público global”, explica JJ. Um conteúdo exclusivamente coreano provavelmente não teria o mesmo apelo, já que os jogadores não estavam tão familiarizados com a cultura e a história do país.

Black Desert: Terra do Amanhecer

Imagem: Pearl Abyss

“Mas acho que em algum momento nossos desenvolvedores provavelmente pensaram: ‘é por que simplesmente não trazemos mais componentes da cultura coreana’?”, compartilha a CEO. Ela também acredita que o processo foi um pouco mais natural, e que “a comunidade de jogadores de Black Desert estava pronta para abraçar mais diversidade” do que quando o MMORPG foi lançado há oito anos. “Acreditamos que as pessoas estão sempre procurando conhecer mais coisas novas e diversas em componentes culturais”.

As novas classes gêmeas, Woosa & Maegu, também tiveram sua importância no processo de criação. JJ revelou que, após a criação das duas, o time de desenvolvimento quis, cada vez mais, expandir esses conceitos. Com isso, o projeto naturalmente se tornou mais ambicioso até assumir a forma de uma expansão. Além disso, havia interesse no folclore coreano. “Não estamos apenas copiando e colando todos os folclores coreanos, é mais como se tivéssemos recriado uma história muito divertida e interessante que também está conectada a Black Desert”, completa a CEO.

Comparando com a cultura japonesa, JJ diz que “sempre acreditou que existem muitos jogadores ocidentais mais familiarizados com” o Japão, enquanto “os jogos coreanos eram mais neutros”. No entanto, a Pearl Abyss se sente pronta para ir além, trazendo um conteúdo exclusivamente coreano para Black Desert, e situado em um período histórico que realmente existiu, isto é, a Dinastia Joseon — uma escolha inteligente e que combina mais com o universo do MMORPG. 

Black Desert: Terra do Amanhecer

Imagem: Pearl Abyss

JJ ainda explicou que a Pearl Abyss cooperou não apenas com historiadores, mas com diferentes especialistas para poder recriar as paisagens e todos os demais componentes coreanos da melhor maneira. “Não queríamos apenas confiar no que sabemos ou no lembramos, isso pode estar errado e, às vezes, o que você sabe sobre sua cultura não é de fato correto”. A meta, de acordo com a CEO, era “ter certeza de que essa é a melhor representação [da Coreia no período Joseon]” e que nada estivesse sendo mostrado de maneira errada.

Para tanto, além de incontáveis reuniões com diferentes especialistas, foi preciso visitar alguns lugares para conseguir recriar os cenários, tirar muitas fotos, entre outros procedimentos assim. “Acho que o processo foi longo e nos esforçamos muito, mas a nossa equipe também aprendeu bastante durante o processo”.

“Crescer e abraçar vertentes culturalmente diversificadas” é o desejo da CEO da Pearl Abyss

JJ também contou que, dentre a nova leva de incríveis chefões inclusos em Terra do Amanhecer, sua favorita é Bari, a xamã. “Ela é impressionante, eu gosto dela porque é visualmente graficamente”, revela a CEO, que apesar disso, não é uma grande fã de filmes de terror. “Eu sinto que estou assistindo a um filme japonês psicologicamente horrível, que me faz sentir um pouco arrepiada. É assustador, mas eu meio que gosto dessa sensação”, ela acrescenta.

Mas indo além de Black Desert e sua mais recente expansão, Terra do Amanhecer, seria inevitável perguntar a JJ se ela gosta e acompanha K-Pop e K-Drama. A CEO da Pearl Abysse revelou que “costumava assistir a muitos dramas coreanos antes de mudar para os Estados Unidos”.

“Estou feliz em ver que esse conteúdo está se tornando popular em todo o mundo e eu nunca imaginei isso porque sempre achei que K-Pop e K-Drama têm um um estilo muito único”, disse JJ. “Nunca pensei que eles pudessem ser tão populares e eu adoro assistir a essa tendência”.

A CEO, inclusive, completa afirmando que existem muitos conteúdos ótimos na cena do mercado global e que a onda de popularidade deveria se estender para outras nacionalidades também. “Eu espero que o conteúdo coreano abra caminho e no futuro, lidere outros países em termos de oportunidades para negócios e demais áreas a se conhecer. Sabe? Para crescermos mais e abraçarmos vertentes mais culturalmente diversificadas”, finaliza JJ.

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