Se eu tivesse de definir bem superficialmente um RPG, eu diria que é um jogo “no qual os jogadores interpretam personagens, cada um com suas habilidades, dentro de um mundo fantasioso”. O que posso dizer sobre Dungeon & Dragons: Honra entre Rebeldes é que o longa, produzido em associação entre Paramount Pictures e eOne Entertainment, conseguiu compor a essência do tabuleiro (de personagens, quests, desafios, cavernas e dragões) em um roteiro digno de uma partida de RPG.

Esse é apenas um dos motivos pelos quais eu recomendo o filme. Nas próximas linhas, vou tentar colocar em palavras um pouco do que senti assistindo à produção. Lembrando que vou tentar não colocar spoilers, mas isso é bastante relativo, né? Então, se você não gosta de saber sobre absolutamente nada de nada, volta aqui no texto depois de assistir ao filme, tá? Vou te esperar…

Agora, se você não liga para um ~spoilerzin~ de leve, só para dar aquele calor no coração, segue o fio para ver os detalhes sobre o que achamos do longa, que tem estreia programada para esta quinta-feira (13).

Dragões, dungeons e um toque de personalidade

Vamos do começo: Dungeon & Dragons: Honra entre Rebeldes é baseado no icônico jogo de RPG homônimo. O filme é centrado na história de Edgin Darvis (Chris Pine) e sua parceira de aventuras, a bárbara Holga Kilgore (Michelle Rodriguez).

A aventura começa mesmo quando os dois conseguem fugir da prisão e, assim, montam o grupo de rebeldes completado pelo mago Simon Aumar (Justice Smith) e pela druida Doric (Sophia Lillis). Juntos, eles entram em uma jornada para recuperar uma antiga relíquia e, de quebra, dar uma lição no trapaceiro Forge Fitzwilliam (Hugh Grant).

Para mim, quando se fala de RPG, é preciso estabelecer alguns elementos básicos, porém essenciais, para criar uma história: personagens com habilidades específicas, um toque de magia e um mundo fantasioso, uma main quest, desafios no meio da trama (e aqui é possível incluir o que a imaginação mandar: de feitiçaria nefasta a monstros, dragões e outras criaturas fantásticas ou mesmo objetos que ganham vida, fora o inimigo ardiloso) e puzzles. Se tudo der certo e não for pedir muito, conseguir um final feliz também não é má ideia.

Dito isso, posso dizer que consegui ver todos esses elementos elencados na trama de D&D, em um roteiro bem estruturado escrito pelos também diretores do longa John Francis Daley e Jonathan Goldstein. Começando pelos personagens com suas habilidades específicas:

Edgin (Pine) é o típico bardo: um contador de histórias nato, charmoso, simpático, compositor e harpista, mas que tem um ‘quê’ de ladino. Ele é acompanhado pela bárbara humana Holga Kilgore (Rodriguez) que, como você pode imaginar, segue todos os estereótipos que uma bárbara pode trazer: força, brutalidade, grosseria e habilidades com armas.

O grupo é completado pelo mago Simon (Smith) que, apesar de não ter lá muito talento, tem um potencial imenso; e a druida Doric (Lillis), com sua personalidade protetora da natureza e, claro, habilidade ímpar de metamorfose.

Há também Xenk (Regé-Jean Page) que carrega todos os elementos de um bom paladino: armadura brilhante e destreza com espadas, muita coragem, e um coração direcionado a ajudar quem está em alguma enrascada.

E não vamos esquecer dos principais antagonistas: Forge (Grant), que entra na clássica classe “rogue” — um trapaceiro, mercenário puro; além da feiticeira Sofina (Daisy Head), que dá uma bela de uma necromante carregada de um poder grandioso e sedento de sangue (o que me faz encaixá-la muito bem no quesito “feitiçaria nefasta” que delineei no início do texto).

Não vou me estender sobre os outros elementos de RPG que estão na trama, porque basta dizer que eles, sim, estão presentes e bem ilustrados. Você pode dar uma espiada no segundo trailer oficial, que mostra um pouco disso (se quiser).

Assim, me atrevo a dizer: levar para o roteiro um pensamento de como tudo poderia se encaixar tal como acontece em uma campanha de RPG foi essencial para a adaptação dar certo, e trouxe a mim a sensação de estar assistindo a uma partida.

Em resumo, posso dizer que se eu tivesse de imaginar uma jogatina de D&D e pudesse fazer com que essa minha imaginação se tornasse realidade, eu facilmente poderia imaginar o filme. Deu para sacar? Se ainda não ficou tão claro, só tenho a dizer: assista e você entenderá.

A cereja do sorvete (ou do bolo, como preferir…)

Aos aventureiros de primeira viagem, vale a nota: Dungeon & Dragons não apenas é um dos games mais famosos no universo dos jogos, não. Ele é pioneiro, um clássico que serve até hoje como elemento de inspiração para os mais variados produtos — de histórias e elementos-chave para a construção de outros universos de RPGs, às séries, filmes e… (desculpas antecipadas pelo trocadilho intencional) o que mais a imaginação ditar.

Por exemplo: todo mundo que assistiu Stranger Things vai se lembrar das partidas de RPG jogadas por Dustin, Lucas, Mike e Will, e o jogo da produção não é um mero tabuleiro colocado no meio da história. O baú Mimico, com seus muitos dentes e sua enorme língua, é outro item clássico que pode ser visto em diversos games, do simpático Terraria ao intenso Dark Souls — e isso só para citar pouquíssimos exemplos.

No longa, assim como nos exemplos acima, temos aquele amado fan service e, durante todos os 134 minutos da produção, é possível encontrar itens literalmente tirados do universo fantasioso de D&D.

Vou mencionar aqui também uma referência que não considero como spoiler (apesar de ser), mas só porque ela foi ostensivamente divulgada no ano passado, depois do lançamento oficial do filme durante a CCXP22: a cena com os personagens de Caverna do Dragão, um clássico desenho dos anos 1980 baseado no mesmo jogo — essa cena fez a Tissiane de 10 anos vibrar por dentro e, para mim, foi uma cobertura incrível para o delicioso “sundae” que foi o filme.

Cena do filme Dungeon & Dragons: Honra entre Rebeldes, com os atores principais. Da esquerda para à direita: Justice Smith, Sophia Lillis, Chris Pine e Michelle Rodriguez

Imagem: Paramount Pictures

Vale dizer também: os diretores John Francis Daley e Jonathan Goldstein, inclusive, já trabalharam juntos em outras produções cômicas como A Noite do Jogo e Quero Matar Meu Chefe 2, e são bem conhecidos principalmente pelo trabalho em Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Já a produção executiva do longa ficou a cargo de Jeremy Latcham, que é conhecido por seu trabalho em produções como Os Vingadores e Homem de Ferro.

Porque digo isso? Senti no longa aquele humor característico das produções da Marvel (olha aí a ligação) que, aliás, se tornou exemplo de humor bem costurado em produções blockbuster. Então podem esperar pela fórmula de piadocas e punchlines devidamente colocados ao longo da narrativa do filme — o que, para mim, foram muito bem-vindos.

Dungeon & Dragons: Honra entre Rebeldes é bom?

O longa transparece equilíbrio entre a construção de roteiro dentro de uma narrativa que faz sentido e sinceramente traz a sensação de que o RPG de tabuleiro foi trazido à vida, como mencionei anteriormente. A produção conseguiu fazer um bom trabalho para transformar o mundo da fantasia em algo palpável, imersivo em tal ponto que é possível encontrar o jogo de mesa referenciado em inúmeras situações.

Acredito que eles conseguiram construir uma adaptação que vai agradar tanto aos fãs de longa data quanto às novas gerações — que talvez sequer entendam o quão importante foi (e ainda é) o mundo de D&D para abrir caminhos na dramaturgia e no entretenimento, mas que simplesmente se deleitam em assistir a um entretenimento de boa qualidade.

Dungeon & Dragons: Honra entre Rebeldes chega aos cinemas brasileiros oficialmente nesta quinta-feira, 13 de abril. O TecMasters pôde assistir ao filme em uma sessão especial a convite da Paramount Pictures.

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