O primeiro-ministro australiano voltou a reafirmar que o seu governo se mantém firme contra a perseguição dos Estados Unidos no processo de Julian Assange, fundador do site WikiLeaks. Desde 2019, o australiano preso em Belmarsh vem lutando contra a extradição para evitar acusações de espionagem em território norte-americano, o que poderia levá-lo a 175 anos de prisão por revelar crimes de guerra durante as invasões dos EUA ao Afeganistão e ao Iraque.

Na terça-feira (1º), Anthony Albanese voltou a comentar sobre a perseguição dos norte-americanos ao jornalista. “Isso já está acontecendo há muito tempo. Já é o bastante”.

Antes de ser levado à prisão de segurança máxima de Belmarsh, em Londres, Assange passou sete anos abrigado na embaixada equatoriana. Em 2019, foi arrastado do local após autorização do então presidente Lenín Moreno. Desde então, o jornalista australiano luta contra a pressão da administração de Joe Biden. Em junho, ele perdeu a última etapa de apelação contra a ordem de extradição aos Estados Unidos após um juiz da Suprema Corte do Reino Unido rejeitar os oito fundamentos do recurso apresentados equipe do fundador do WikiLeaks.

Nos últimos meses, após a pressão de grupos de mídias, organizações de jornalistas e sociedade civil, além de chefes de Estado, o governo de Albanese tem tomado um posicionamento mais claro em defesa do australiano. No entanto, ainda é notável que a Austrália ainda permanece ambígua sobre se os Estados Unidos devem desistir da acusação ou fazer um acordo judicial.

WikiLeaks

Imagem: John Gomez/Shutterstock.com

No sábado (29), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, rebateu a posição australiana durante uma visita no sábado, dizendo que Assange foi acusado de “conduta criminosa muito séria” ao publicar um conjunto de documentos confidenciais dos EUA há mais de uma década. “Entendo as preocupações e opiniões dos australianos. Acho que é muito importante que nossos amigos aqui entendam nossas preocupações sobre esse assunto”, disse Blinken aos repórteres.

Ao se referir à fala de Blinken, o primeiro-ministro australino disse que os comentários do secretário ecoaram os pontos feitos pela administração do presidente Joe Biden durante discussões privadas com autoridades do governo australiano. “Continuamos muito firmes em nosso ponto de vista e em nossas representações junto ao governo americano e continuaremos a fazê-lo”, acrescentou Albanese aos repórteres.

O caso de Assange, cuja liberdade é vista amplamente como um teste da influência da Austrália sobre o governo Biden, já foi discutido em reuniões bilaterais anuais em Brisbane na semana passada, entre Blinken e a ministra das Relações Exteriores da Austrália, Penny Wong.

Wong disse no sábado que a Austrália queria que as acusações fossem “levadas a uma conclusão”, concordando com Blinken sobre a acusação de “conduta criminosa muito séria” feita ao jornalista.

Primeiro-ministro da Austrália enfatiza apoio contra perseguição dos EUA ao fundador do WikiLeaks

Imagem: Office of the President of the United States, Public domain, via Wikimedia Commons

Em 2010, o WikiLeaks vazou centenas de milhares de documentos diplomáticos e militares confidenciais sobre a chamada guerra ao terror, entregues pelo então ex-analista de inteligência do Exército dos EUA, Bradley Manning. Na época, um desses materiais foi bastante divulgado pelos principais veículos globais de mídia, na qual dois helicópteros Apache norte-americanos disparando e matando civis e jornalistas da agência de notícias Reuters no Iraque. O vídeo nomeado de Collateral Murder atraiu críticas de várias nações do mundo à presença e a conduta abusiva dos EUA no país.

Por denunciar crimes de guerra, Assange pode enfrentar 17 acusações de espionagem e uma sobre invasão não autorizada a um computador se extraditado aos EUA. A administração Biden quer julgá-lo em território e fazem pressão para que o Reino Unido o entregue.

A Austrália argumenta que há uma desconexão entre o tratamento dado pelos EUA a Assange e a Manning. O então presidente dos EUA, Barack Obama, comutou a sentença de 35 anos de Manning para sete anos, o que permitiu sua libertação em 2017.

Primeiro-ministro da Austrália enfatiza apoio contra perseguição dos EUA ao fundador do WikiLeaks

Imagem: Katherine Da Silva/Shutterstock.com

Recentemente, Gabriel Shipton, irmão de Assange, pediu à Austrália que intensificasse a pressão sobre os Estados Unidos. “A cada dia que o governo dos EUA ignora o público australiano sobre a liberdade de Julian, fica cada vez mais clara a verdadeira posição da Austrália na aliança”, disse Shipton, referindo-se a um tratado de segurança bilateral assinado em 1951.

 

Com informações Associated Press News

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