Em mais um “tsunami” de alterações vistas na última semana, o Twitter deixou de exibir tuítes a não ser que você tenha uma conta e esteja logado nela, como também impôs uma quantidade máxima de publicações (“tuítes”) que você pode ler por dia. Esta última não foi bem aceita por aplicações terceirizadas que se integram aos perfis dos usuários, que efetivamente deixaram de funcionar.

Diversos usuários no Brasil e no mundo relatam que ferramentas como o TweetDeck e outras similares – que trabalham integrando o Twitter a uma interface que reúne e organiza postagens de formas customizadas – simplesmente deixaram de funcionar quando, no último sábado (1), por ordem de Elon Musk, o Twitter permitiu que usuários vissem apenas 600 postagens por dia.

O que vem acontecendo é o que a comunidade tecnológica vem se referindo como um “auto ataque de DDoS”). Essencialmente, apps como o TweetDeck estão enviando requisições constantes de atualização para o Twitter, mas devido à limitação de visualizações da plataforma, eles ficam sem resposta, rodando em um ciclo infinito de requisições não atendidas, o que faz com que novos pedidos sejam feitos, apenas para não serem atendidos e assim por diante…

A situação serve como mais uma evidência de que Musk tomou a decisão de limitar visualizações de maneira impensada: inicialmente, a ordem era de 600 visualizações máximas para usuários não pagantes, e 6 mil para assinantes do Twitter Blue. Depois, diante de críticas, o limite aumentou para 800/8 mil e, finalmente, mil/10 mil, onde parou hoje (3).

Segundo o que disse o CEO no sábado, a decisão tem o intuito de evitar uma ação conhecida como data scraping, onde hackers ou bots visualizam uma quantidade ampla de tuítes de uma só vez, obtendo informações mais precisas para o emprego de golpes que usem a chamada “engenharia social’’.

Segundo diversos especialistas, no entanto, Musk teria mentido em sua afirmação, e o problema seria outro, mais simples de entender: dinheiro.

Imagem mostra o logotipo do Twitter em uma imagem de smartphone

Imagem: rafapress/Shutterstock

Em essência, o Twitter tinha uma parceria com o Google para hospedagem de servidores, no qual a rede social simbolizada pelo passarinho azul usaria o parque tecnológico do Google Cloud para armazenar requisições de atualização – o que inclui “buscar” tuítes mais novos para o seu feed. Segundo o Engadget, esse contrato estava avaliado em US$ 1 bilhão (R$ 4,81 bilhões) por ano.

Desde que assumiu o controle do Twitter, no entanto, Musk vem cortando gastos e criando canais de monetização onde pode, a fim de fazer a conta fechar: a suspensão do contrato com o Google foi uma dessas mudanças administrativas, mas ela não veio sem consequência.

O volume de requisições atendido pelo Google ainda existia, mas agora sem uma grande empresa por trás. O resultado: a altíssima demanda passou a não ter resposta, efetivamente gerando paradas de serviço. A solução encontrada por Musk foi…limitar as visualizações por usuário a fim de reduzir o volume de requisições feitas aos servidores e, assim, aliviar o estresse tecnológico e justificar o fim do contrato.

Musk não comentou sobre essas afirmações, nem tampouco o próprio Twitter, mas diversos profissionais sinalizaram erros na ação do bilionário, uma vez que data scraping não depende de “quantas” visualizações, mas sim “do que você publica”, e também apontaram para o fato de que, ao cortar visualizações, o Twitter estaria também reduzindo o engajamento de marcas que promovam seus conteúdos via Twitter Ads – a plataforma paga da rede social para as empresas.

Apesar do TweetDeck estar confirmadamente apresentando problemas, não há relatos de que outras aplicações similares estejam passando pela mesma situação: o HootSuite, parceiro oficial do Twitter, não mencionou nada em seus canais sociais.

A última atualização da rede social envolve a questão do login obrigatório para visualizar uma publicação: é temporária, segundo a companhia, mas não há data para que isso seja revertido. Enquanto isso, uma forma de contornar a sua limitação de visualizações é usar o endereço do próprio tuíte para visualização – não é a mais ideal das soluções, mas ao menos ela não lhe impede de buscar o conteúdo que você deseja ver.

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