A Apple está mais uma vez na mira de uma organização governamental, desta vez alertada publicamente pela União Europeia (UE) para que ela não reduza o desempenho de cabos USB-C em seus dispositivos em favor apenas daqueles certificados por ela própria.

A premissa já é relativamente antiga, mas uma “dica” de um insider da indústria – “ShrimpApplePro” – feita em fevereiro, ligou os alertas da organização do bloco comercial europeu.

Com os rumores de que a “Maçã” deve trocar o conector na próxima geração do iPhone – indo do Lightning para o USB-C – a UE preferiu ser precavida e notificar a empresa, ainda que ela não tenha feito nada diretamente.

O método se chama data throttling e, essencialmente, se resume a reduzir o desempenho de cabos USB não autorizados pela fabricante. Assim, cabos piratas acabam tendo taxas de transferência reduzidas – isso, quando funcionam.

No caso do iPhone 15, há indícios de que a Apple vá priorizar apenas cabos que tenham a insígnia “MfI” – sigla em inglês para “Feito para o iPhone” – concedida pela fabricante aos seus próprios cabos e também a alguns parceiros autorizados.

A situação toda não seria de todo problemática não fosse o fato dos cabos originais da Apple terem preços considerados hiperfaturados: atualmente usando o sistema Lightning, qualquer dispositivo da empresa pode usar qualquer cabo compatível com ele. A mesma premissa se aplica de forma mais global ao USB-C – exceto pelo fato de um cabo original Lightning custar € 25 (R$ 132,89).

A diferença entre as duas plataformas reside no fato de que o Lightning é uma propriedade da Apple, usada apenas em seus “iTrecos” e Macbooks. No caso do USB-C, o padrão é realmente universal – praticamente todo smartphone Android que concorra com o iPhone já adotou esse padrão.

A Apple, o Lightning e a treta com a UE

Em 2022, a UE emitiu ordem técnica pedindo que todo dispositivo com capacidade de recarga cabeada de bateria e/ou transferência de dados via cabo tivesse suporte à tecnologia USB-C. Apesar de não nomear a Apple de forma explícita, a “Maçã” é a única, hoje, que se vale de um sistema diferente.

O problema para a UE: a ordem técnica só terá valor legal – ou seja, reforçado por ameaças de processo pelo consumidor – a partir do final de 2024. O iPhone 15 deve sair até o quarto trimestre deste ano. Teoricamente, a Apple tem aí um ano para “desobedecer” a ordem sem represálias.

E é aí que entra o tuíte acima: embora não tenha oferecido evidências, o insider afirma que a Apple vai fazer justamente isso, forçando os cabos com certificação MfI no próximo smartphone (e, especula-se, no próximo iPad, próximo Macbook e assim por diante). Na prática, isso pode reduzir o poder de compra do usuário final.

A mesma percepção veio do analista especializado em todos os assuntos Apple – Ming-che Kuo – em seu blog no Medium. Ele chamou a medida de “otimização energética”.

No “legalês” da discussão, uma desobediência à ordem da UE implicaria no iPhone se tornando inelegível para ser vendido no mercado europeu.

A regra da união não contempla o Reino Unido, que se separou dela em 2020, mas considerando que o regulador britânico emitiu ordem similar – esta, com valor legal retroativo – em referência às baterias dos iPhones antigos, não é difícil especular que eles também devem seguir pelo mesmo caminho por lá.

Naturalmente, a Apple não comentou as informações.

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