Uma semana depois de anunciar seu controverso modelo de cobrança por instalação, a Unity “deu para trás” e reverteu sua decisão, pedindo desculpas aos desenvolvedores de jogos (gamedevs) e anunciando um novo formato, bem mais amigável aos profissionais, sejam eles independentes ou de grandes estúdios.

Não é como se a constante ameaça de abandono à Unity e o crescimento de outros motores gráficos para jogos tivesse algo a ver com isso, certo? De qualquer forma, as desculpas vieram pelo chefe da Unity Create, a área de desenvolvimento de software 2D e 3D da companhia, Marc Whitten.

Imagem mostra logotipo do motor gráfico Unity na tela de um computador

Imagem: Konstantin Savusia/Shutterstock

“Eu quero começar com isso: eu sinto muito. 

Nós devíamos ter falado com mais de vocês e devíamos ter incorporado mais do seu feedback antes de anunciarmos a nossa política de cobrança por instalação. O nosso objetivo era o de garantir que pudéssemos continuar a oferecer a vocês o suporte de hoje, amanhã, e continuar a investir de forma aprofundada em nossa engine.

Vocês são o que tornam a Unity excelente, e sabemos que devemos escutá-los e trabalhar duro para conquistar a sua confiança. Nós ouvimos as suas preocupações, e estamos mudando a nossa política para refletir isso.” – Marc Whitten

Resumidamente, uma forma corporativa de dizer “errei, fui moleque”. A partir daí, veio o detalhamento da “nova nova política”:

  • o plano Unity Personal, gratuito, seguirá desta forma, passando a ser cobrado se e quando o jogo desenvolvido nele atravessar o teto de US$ 200 mil (R$ 985,70 mil) de faturamento. Neste plano, também não será obrigatória a exibição do logotipo da Unity na splash screen (aquela tela de abertura com logotipos de várias empresas)
  • no caso dos planos Unity Pro e Unity Enterprise, a cobrança será executada somente após a atualização para a primeira versão a ser lançada em janeiro de 2024, quando as novas políticas tomarão efeito
    • jogos atualmente em desenvolvimento ou que rodem em versões pré-2024 não serão cobrados (a não ser que atualizem para a nova versão – o que inevitavelmente terá que ser feito, para fins de suporte técnico)
    • os jogos elegíveis à cobrança terão a opção de aceitá-la na forma de 2,5% do faturamento anual ou baseado no volume de jogadores a engajar com o produto – a Unity ressalta que esse número é “auto-reportado” dentro dos dados que os próprios gamedevs têm, então eles “sempre pagarão o menor valor”. Essencialmente, instalações, compras, downloads etc. contam como “engajamento”

Pelas redes sociais, as respostas à reversão da Unity foram majoritariamente positivas: depois da empresa detalhar os novos termos do que, essencialmente, pode ser resumido a um “foi mal, tava doidão”, a maior parte dos usuários permeou o tuíte original com perguntas sobre as palavras mais complicadas – questões essas que foram prontamente respondidas pela empresa.

No mais, a situação parece estar controlada. Resta saber se, entre o anúncio da semana passada, os últimos dias em completo silêncio e a revisão dos termos, o dano causado à imagem – e acima de tudo, à adoção e aos negócios da empresa – foi algo permanente ou reversível.

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