Em meio a mudanças internas e aumento da pressão de investidores para aumentar os lucros com a rede social, o Twitter supostamente considerou monetizar conteúdos adultos na plataforma. Pelo menos é isso que aponta o site gringo The Verge, que obteve documentos internos e conversou com funcionários da empresa.

Segundo as informações, a ideia — considerada no primeiro trimestre deste ano — do microblog era permitir que criadores de conteúdo adulto passassem a vender assinaturas pagas, ao maior estilo OnlyFans. No projeto, intitulado de Adult Content Monetization (ACM), o Twitter ficaria com uma parte dessa receita.

O fato pode soar estranho para alguns, mas a rede social é uma das únicas (grandes) da atualidade em que posts de pornografia não significam a violação das diretrizes. Logo, seria apenas uma forma de monetizar um conteúdo que já é conhecido pelos usuários da plataforma.

Representação de pornografia para ilustrar planos do Twitter

Imagem:
charlesdeluvio/Unsplash

E mesmo que o movimento pudesse causar uma reação contrária por parte dos anunciantes — responsáveis pela maior parte da receita da rede —, as estimativas eram de que o lucro obtido com os conteúdos adultos poderia ter alcançado um patamar suficiente para lidar com as perdas.

A ideia poderia ser ótima no papel, não fosse uma grande pedra no meio do caminho.

Pornografia infantil barrou planos do Twitter

Isso porque uma equipe de 84 funcionários do Twitter (chamada de “Red Team”) descobriu que a rede não era capaz de detectar material de abuso infantil (CSAM) e nudez não consensual em escala. Além disso, não havia ferramenta necessárias para confirmar que criadores e consumidores eram maiores de idade.

Aliás, a equipe chegou a dizer que esse é um velho problema da rede. A plataforma utiliza o banco de dados PhotoDNA desenvolvido pela Microsoft. Mas diversos casos passados mostraram que a tecnologia é bastante suscetível a falhas e não pode lidar com imagens mais recentes ou modificadas digitalmente.

Há quem diga que o impasse é relacionado à receita do Twitter. A receita anual da rede no ano passado foi de US$ 5 bilhões, muito distante do faturamento do Google de US$ 257 bilhões, por exemplo. Isso teria impedido que a plataforma focasse em mais recursos e investimentos para lidar com detecção de CSAM como seus rivais.

O problema é que a “Red Team” reiterou que o microblog vinha sendo alertado há tempos sobre isso e não houve uma movimentação necessária para que o impasse fosse solucionado. No fim, a junção destes fatores fez com que o projeto ACM caísse por água abaixo, já que poderia potencializar conteúdos de pornografia infantil na rede.

Talvez para o futuro?

Não há indícios de que a monetização de conteúdos adultos será uma realidade para o futuro do Twitter. Mas se o projeto ainda estiver nos planos da companhia, a rede social terá de otimizar suas tecnologias de segurança e saúde antes de avançar com a ideia.

Segundo a porta-voz da plataforma, Katie Rosborough, a companhia tem aumentado os investimentos em detecção de exploração sexual infantil (CSE) desde fevereiro de 2021. Mas é incerto se os esforços serão suficientes para concretizar os planos com o ACM.

Fonte: The Verge

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