O sucesso de The Last of Us – seja o jogo ou a série em exibição no HBO Max – pode ter deixado ao menos uma pessoa descontente: Bruce Straley, que trabalhou como codiretor da Naughty Dog ao lado de Neil Druckmann e participou ativamente do desenvolvimento do primeiro título da franquia pós-apocalíptica do PlayStation.

O motivo para isso é simples: ele sente que deveria ter recebido alguma citação creditando o seu trabalho no início da franquia, o que não aconteceu. Ao mesmo tempo, Straley crê que a série em si tem um tom amenizado e que, fosse ele na roteirização da produção, The Last of Us teria “uma pegada muito mais sombria”.

Straley trabalhou na Naughty Dog durante o desenvolvimento do primeiro jogo da franquia e, conforme mostra o Meu PlayStation, chegou até a receber um prêmio de Melhor Narrativa por ele ao lado de Druckmann em 2014. Pouco tempo depois, no entanto, ele deixou a empresa, e a continuidade da série foi conduzida pelo seu então parceiro de trabalho.

A “rusga” começou quando a versão aprimorada do primeiro jogo – The Last of Us Remastered – foi lançada sem o seu nome nos créditos. Na ocasião, ele próprio havia reagido negativamente no Twitter. Agora, com o sucesso astronômico da série de TV baseada no jogo, ele reacendeu essa discussão durante entrevista ao Los Angeles Times, visto no trecho reproduzido da matéria, logo abaixo:

“A relação de Straley com a Sony e a Naughty Dog acabou se tornando tensa. Straley deixou a Naughty Dog pouco depois do lançamento de Uncharted 4: A Thief’s End, em 2016, antes da HBO se envolvesse na produção de uma série sobre The Last of Us, e não recebeu nenhum crédito por ela. Hoje, ele vem trabalhando na criação de seu próprio estúdio, o Wildflower Interactive.

Diz ele que a falta de um crédito o fez pensar mais em direitos trabalhistas dentro do universo dos videogames. ‘É um argumento a favor da sindicalização onde alguém que foi parte da cocriação de um mundo e de seus personagens, e que não está recebendo o devido crédito ou mesmo um centavo pelo trabalho que ele desempenhou’, ele diz. ‘Talvez a gente precise de sindicatos na indústria dos videogames para protegermos criadores’. A HBO e a Sony não comentaram suas afirmações.”

Colagem posiciona lado a lado os co-criadores de The Last of Us, Bruce Straley e Neil Druckmann

Bruce Straley (esq) e Neil Druckmann (dir) cocriaram o universo de “The Last of Us”, mas após deixar o estúdio Naughty Dog, Straley nunca mais recebeu nenhum crédito pela sua participação (Imagem: AnnaTheRed/Wikimedia Commons/Reprodução)

“Não fomos reais o suficiente com The Last of Us”

Outro ponto criticado por Straley foi a suposta falta de um tom mais obscuro e intenso com a série, afirmando que não houve no primeiro episódio dela um “nível de ansiedade e tensão” comparado com o que se viu no jogo:

“Nós não fomos verdadeiros o suficiente sobre o nível de ansiedade e tensão que todos os personagens enfrentariam naquele mundo. Se você voltar aos primeiros dias daquela pandemia — não estamos nem falando sobre os infectados entrando pelas janelas para mastigar a sua cara; somente a notícia de que havia uma possibilidade de que você ficasse terrivelmente doente — existem tantas possibilidades de trauma por alguém ter passado por isso, que eu penso que o mundo de The Last of Us poderia ter personagens bem mais quebrados psicologicamente. Eu acho que as pessoas estão se mantendo bem firmes considerando o mundo em que nós as colocamos, se comparado com o que eu sei sobre viver no meio de uma pandemia.” – Bruce Straley

Na mesma matéria, o próprio Neil Druckmann respondeu esta parte, no entanto, afirmando que The Last of Us funciona justamente por ter uma parte otimista em meio a todo o caos:

“Eu sou um imigrante que cresceu em West Bank [região da Cisjordânia] e, para mim, The Last of Us é meio que uma carta de amor sobre o que eu gosto neste país [EUA]. É por isso que você vê paisagens belíssimas. Era importante para mim expressar a beleza do que eu vejo nesse país.

Há muito o que se criticar nos Estados Unidos, e não precisamos entrar nisso nesta entrevista, mas o superpoder da América é ser esse caldeirão, onde, para qualquer lado que você olhar, você verá uma pessoa diferente, de uma história diferente de vida — um espectro político, raça, identidade diferente. Eu acho que tem algo muito bonito nisso. Eu penso que, para ser autêntica, The Last of Us nos EUA, ela deve explorar todos os tipos de personagens” – Neil Druckmann

via Meu PlayStation | Los Angeles Times

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