Pagamentos atrasados e condições insalubres de trabalho levaram operários da “Cidade do iPhone” – nome dado à fábrica da Foxconn em Zhengzhou, na China – a entrarem em confronto com autoridades em um protesto que tomou proporções bem violentas.

De acordo com várias mídias circulando nas redes sociais, é possível ver que os protestos foram respondidos com violência, com a presença de policiais portanto cassetetes e uniformes táticos, bem como oficiais governamentais com trajes de isolamento: a fábrica da Foxconn está em isolamento continuado devido à escalada de casos de COVID-19 na região.

Ainda não se sabe exatamente se há uma relação com o assunto, mas no começo deste mês, a Apple havia anunciado uma expectativa menor de encomendas de novas unidades do iPhone 14, a mais recente iteração da sua marca de smartphones, justamente por causa do avanço do coronavírus. Pouco depois, a Foxconn confirmou que alguns pagamentos de bônus, horas extras e salários seriam atrasados.

De acordo com o Wall Street Journal e a Bloomberg, a “Cidade do iPhone” impôs prática de moradia no local de trabalho, montando alojamentos aos funcionários da fábrica como medida de continuidade do trabalho mesmo em virtude do isolamento social. Diversos empregados, no entanto, vinham manifestando descontentamento e alguns chegaram até a deixar seus empregos.

A situação levou a Foxconn a prometer bônus e aumentos salariais a quem ficasse, como uma medida de retenção e redução de turnover, um termo corporativo aplicado ao percentual de funcionários que entram versus os funcionários que saem de uma empresa. Um turnover alto é péssimo à imagem, pois passa a ideia de que uma companhia não consegue segurar empregados com suas práticas.

Nos vídeos mostrados, ainda segundo o jornal, é possível ouvir os manifestantes ecoando gritos de “Nos pague o que nos devem” e “Defendam nossos direitos” repetidas vezes. Segundo representantes dos protestos que falaram à agência France Presse, “a Foxconn nunca tratou humanos como humanos”.

Outros motivos que levaram aos protestos violentos têm a ver com o racionamento de comida: os alojamentos usados no isolamento prevêem a alimentação custeada pela própria Foxconn que, recentemente, foi acusada de diminuir a quantidade de alimentos disponibilizados aos funcionários presentes. “Eles mudaram nossos contratos de forma que não podemos pegar os subsídios que eles nos prometeram. Nos colocaram em quarentena não providenciaram comida. Se eles não atenderam às nossas demandas, vamos continuar lutando”, disse um funcionário à BBC.

A empresa foi buscada para comentar o caso, mas até agora não se manifestou.

via Bloomberg | Wall Street Journal | BBC

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