Antes de Metal Gear, Zone of the Enders e Death Stranding, houve Policenauts. Um dos jogos do início da carreira de Hideo Kojima, o título lançado exclusivamente no Japão em julho de 1994 trazia um mundo não muito diferente do atual: exploração espacial, isolamento decorrente de viagens para fora da Terra e até assuntos como conspirações e doações de órgãos direcionaram a narrativa. E, segundo o próprio diretor e designer de jogos, ele quase teve uma continuação.

Policenauts é um dos jogos da era primária de Kojima, junto de Snatcher. Entretanto, o segundo era uma espécie de “game não oficial inspirado” pelo filme Blade Runner. Já o primeiro serviu como parâmetro que ditou todas as bases visuais em todos os jogos feitos pelo icônico designer japonês: dos mechas de Metal Gear aos carros e roupas de Death Stranding, tudo que ele faz tem um visual futurista e arrojado – cortesia de sua longeva parceria com Yoji Shinkawa, que começou em…Policenauts.

Colagem posiciona imagens de Yoji Shinkawa, Hideo Kojima e o jogo Policenauts lado a lado

Shinkawa e Kojima são parceiros de longa data, começando sua relação profissional em Policenauts (1994). Hoje, Shinkawa é diretor visual na Kojima Productions, liderada por Hideo (Imagem: Kojima Productions/Konami/Reprodução)

Estranhamente, o jogo permanece teimosamente indisponível em todos os meios oficiais. Hoje, se você quiser jogar Policenauts, só poderá fazê-lo por meio de um emulador. Houve até um projeto de localização (termo oficial para dublagem de games) para o idioma inglês em 2009, mas isso foi uma iniciativa de fãs, sem a chancela oficial da publisher japonesa Konami, onde Kojima construiu a maior parte de sua carreira.

Mais estranho ainda é o fato de que Policenauts é um jogo de muito sucesso: apesar de fazer números “bem ok” para a época (e considerando que ele foi lançado somente em um único país), o jogo ganhou o mundo após interesse pelo trabalho de Kojima crescer com a chegada de Metal Gear Solid. Relançamentos – também japoneses – permitiram que as publicações da época avaliassem novamente o clássico e nenhum review lhe atribuiu menos que 80% de pontuação.

Kojima, no entanto, explicou que a Konami o trocou de departamento e, eventualmente, ele passou a trabalhar nas franquias que o tornaram um dos designers mais famosos do mundo, e o sonho de uma sequência de Policenauts, nas palavras do próprio, “não rolou”:

Usando um mega spoiler para contextualizar: “Redwood” é o principal vilão do jogo, justamente quem matou a esposa do protagonista Jonathan Ingram, um policial espacial que foi colocado em animação suspensa em uma colônia humana noutro planeta, e foi recuperado e devolvido à Terra décadas depois.

Ao final do jogo, Redwood comete suicídio – ele saltou de uma plataforma em direção à morte. A sequência pensada por Kojima vê o vilão sobrevivendo e voltando em definitivo à Terra.

Segundo o designer, o mundo mudou bastante, mas muita coisa vista no jogo é uma realidade atual. Muita gente lamenta a dificuldade que é jogar Policenauts, especialmente considerando os avanços tecnológicos que temos hoje, e com PlayStation Network, Xbox Live e Nintendo eShop facilitando a aquisição de clássicos via download.

Infelizmente, qualquer continuidade será decidida exclusivamente pela Konami: uma porque a publisher japonesa detém os direitos da marca Policenauts. E duas porque o próprio Kojima já deixou claro que não pretende trabalhar com franquias que já existem no mercado a não ser aquelas que ele próprio criou, como Death Stranding. Por isso, as chances de algo feito por ele neste aspecto são nulas.

Fica a torcida para que isso mude um dia: a Konami não é mais a mesma empresa de 10 anos atrás, mas certamente teria muito a ganhar com uma proposta desse tipo.

via Hideo Kojima

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