Há alguns dias, o chefe da HBO e do streaming Max (HBO Max no Brasil), Casey Bloys, figurou uma das matérias principais da versão estadunidense da revista Rolling Stone e não foi por um motivo muito bacana. O então “apenas” presidente de programação original da HBO teria pedido a alguns funcionários novatos para que criassem perfis falsos no X (na época, ainda Twitter), para o que ele chamou de “missão”: criticar… bem, criticar os críticos.

Após o caso que ocorreu em meados de 2020 chamar bastante atenção, Bloys admitiu não apenas que a tal missão realmente existiu, como foi reportado pela publicação, mas também aproveitou o ensejo para pediu publicamente desculpas aos jornalistas e críticos afetados pelo que ele chamou de “uma ideia realmente estúpida”.

“Para mim, é muito importante saber o que vocês acham das nossas produções”, disse ele durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (2), para a imprensa dos EUA, com intuito de apresentar a programação preparada para 2024.

Ele, que teria autoclassificado como uma pessoa realmente apaixonada pelas produções da empresa a ponto de ter a ideia que ele mesmo chamou de “muito, muito estúpida” à qual ele admitiu ter recorrido para “aliviar a minha frustração”.

Casey Bloys, CEO da HBO e Max em premiere de House of the Dragon, em julho de 2022

Casey Bloys, CEO da HBO e Max em premiere de House of the Dragon, em julho de 2022 – Imagem: Paul Smith/Featureflash Photo Agency/shutterstock.com

HBO, Max, Casey Bloys e o caso dos falsos perfis no X (-Twitter)

Bloys chegou à cadeira de CEO e chairman da HBO apenas em outubro de 2022. Desde então, o líder da HBO e Max conseguiu melhores maneiras de conversas com críticos que expõem suas visões publicamente (e de maneira um tanto negativas, do ponto de vista de Bloys).

“Peço desculpas às pessoas que foram mencionadas nos e-mails e textos vazados. Obviamente, ninguém quer fazer parte da história com a qual não se tem nada a ver. Mas também, como muitos de vocês sabem, progredi nos últimos anos no uso de DMs. Então, agora, quando eu discordo de algo em uma revisão, ou discordo de algo que leio e leio muitos de vocês [se referindo ao público presente na coletiva] , e muitos de vocês são gentis o suficiente para se envolverem comigo em um vaivém de respostas, e acho que isso é uma maneira muito mais saudável de fazer lidar.”

O caso ocorreu em junho de 2020, no auge do período pandêmico que Bloys mencionou em suas justificativas como sendo um período em que ele gastou “uma quantidade insalubre de tempo navegando no Twitter”.

À época, de acordo com documentos obtidos pela Rolling Stones, o então presidente da programação teria ficado realmente incomodado com as críticas que algumas das séries lançadas estavam recebendo. Uma das vítimas da missão foi a jornalista e crítica da Vulture, Kathryn VanArendonk, que teria compartilhado alguns pensamentos sobre a série Perry Mason.

Foto em vista aérea mostra o personagem Perry Mason, da série homônima da HBO Max, olhando para cima. Ele veste um chapéu e está rodeado de cabeças que também vestem chapéus.

Imagem: divulgação/HBO

VanArendonk classificou a narrativa da história como “fraca” e alfinetou: “Querida TV de prestígio”, escreveu ela, em um tweet à época, “por favor, encontre alguma maneira de comunicar o trauma masculino além de me mostrar um flashback das memórias de um herói da guerra nas trincheiras”.

Bloys teria se irritado com o tom de VanArendonk – em especial porque a série estava em fase de lançamento, considerado um período crítico para produções serem ou não aceitas pelo público. Na sequência, ele teria compartilhado o tweet com a vice-presidente sênior de programação de drama Kathleen McCaffrey e ambos pensaram em maneiras de rebater o conteúdo da jornalista da vulture.

“Quem poderia ir a uma missão”, disse ele à McCaffrey, de acordo com o relato conseguido pela Rolling Stone. “Só precisamos de algo aleatório para deixar um argumento claro e fazê-la se sentir mal.”

Ainda de acordo com detalhes do relato feito pela publicação estadunidense na quarta-feira (1º), as mensagens indicando que Bloys teria pedido para funcionários criarem os perfis falsos vazaram por conta de um processo contra a HBO pelo ex-funcionário Sully Temori, que afirma ter sido demitido injustamente. As mensagens compartilhadas entre o ex-funcionário e seus superiores foram também revisadas e verificadas pela Rolling Stones por meio de metadados, antes da crítica vir a público.

À época, Temori assumia a cadeira de assistente executivo e afirma ter sido instruído a criar a conta, à qual ele atribuiu à falsa Kelly Shepard e cujas respostas também foram dadas a mais de um crítico além de VanArendonk.

Um dos tweets de resposta de uma dos perfis falsos no X (ex-Twitter), conta feita por um dos funcionários da HBO Max em resposta a um dos críticos - no caso, Alan Sepinwall

Imagem: reprodução/X

À Rolling Stone, Temori também teria deixado respostas anônimas nas caixas de comentários do Deadline, para também rebater críticas.

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