Durante uma conferência realizada em sua sede na zona sul de São Paulo, o Google mostrou ao TecMasters e vários convidados da imprensa uma série de novidades voltadas a garantir que as eleições de 2022 contem com toda a possibilidade de transparência, minimizando o impacto da desinformação antes, durante e depois do pleito.

As novidades são extensas, porém bem dinâmicas e, na maioria dos casos, o internauta não precisa fazer nada de especial para ter acesso a elas, tendo em vista que elas foram implementadas por quase toda a suíte de aplicações do Google, incluindo o Ads, Trends, a busca e até aplicativos da Play Store. São elas:

ANPD TSE LGPD

Imagem: Nelson Antoine/Shutterstock

Eleições de 2022 por todo o Google

O ponto mais evidente das apresentações foi a ampla parceria do Google com diversas entidades de verificação de informações e transparência – dos quais a maior é, sem dúvida, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A fim de evitar-se a proliferação de fake news durante a corrida pelos cargos públicos em jogo este ano, a empresa ativou várias áreas dedicadas ao tema dentro de seus inúmeros produtos.

O painel Como Votar, por exemplo, exibe uma série de informações na primeira página dos resultados de uma busca sobre o tema “Eleições 2022” e outros assuntos similares. A exibição, porém, não é apenas um link de respostas ao Search, mas sim uma apresentação específica – similar aos cards dedicados de quando você busca um estabelecimento comercial listado pela empresa no Maps.

Aqui, no entanto, a ideia é outra: o painel é um aprimoramento do que o Google fez nas eleições municipais de 2020, quando uma busca pelo tema trazia links úteis como quais cargos eletivos estavam sendo pleiteados, locais de votação e documentação necessária – tudo com redirecionamento para links do TSE.

A novidade para as eleições de 2022, porém, é a inclusão de links para debates realizados entre os candidatos: são 28 mil deles, distribuídos em concorrências para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Destes, presidentes e governadores disputarão debates televisionados e que serão transmitidos simultaneamente pelo YouTube.

GIF mostra a campanha "Como Votar" e outros recursos lançados pelo Google para transparência nas eleições de 2022

(Imagem: Google/Divulgação)

Além disso, notícias veiculadas sobre os candidatos, suas falas e o processo eleitoral como um todo serão mais evidenciadas pelo Google, que destacará com maior esforço as informações oficiais verificadas, a fim de coibir desinformações que possam ganhar tração na internet.

No Google Ads, a plataforma de publicidade digital – e um dos grandes portões de receita do Google – a empresa anunciou uma série de medidas que ampliam a busca pela transparência nos contratantes do serviço.

Para começar, quem quiser veicular um anúncio que tenha cunho político terá que, obrigatoriamente, verificar a própria identidade, além de obedecer a uma série de parâmetros: nenhum anúncio que contenha direcionamento de raça, etnia, sexualidade, gênero ou características sensíveis (religião, saúde ou afiliação política) será aprovado – isso, aliás, é sistêmico, então a peça publicitária sequer vai ao ar.

O time por trás do Google Ads também expandiu o relatório de transparência da plataforma – lançado a nível federal há alguns meses, mas que agora contempla também veiculações de anúncios a nível estadual e municipal. Tal relatório contempla informações interessantes, com quem contratou, quanto pagou, o conteúdo do anúncio, a duração de sua campanha e outros detalhes.

Na Play Store, o Google vai destacar aplicações devidamente verificadas que se concentrem na transparência das informações eleitorais bem como apps que auxílio eletrônico ao público: o app Comprova – da coalizão de jornalistas que verificam a veracidade de afirmações veiculadas no assunto – ganha uma nova versão hoje (31), e um painel dedicado a apps como o eTitulo e outros benefícios de rápido acesso estão perto de chegar. Esta parte também contará com versões para iOS.

Na parte do Google Trends, ferramenta amplamente usada por jornalistas mas que é disponível a todo o público, uma expansão de seus recursos agora permite a consulta da “temperatura” de vários assuntos de interesse: é possível comparar volumes de buscas por candidato, partido, assunto abordado em debates, pilares políticos e diversos outros tópicos comuns ao período eleitoral.

O Trends ainda conta, agora, com um painel dedicado intitulado Central Google Trends – Eleições 2022, uma página dedicada às eleições nacionais com dados em tempo real sobre o período eleitoral, candidatos presidenciais, partidos e principais perguntas sobre temas relacionados às campanhas.

Além disso, a equipe por trás do Trends lançou recentemente um relatório que traz insights de termos mais buscados, assuntos de maior interesse e outras vertentes de consulta gratuita sobre as eleições.

YouTube declara guerra à desinformação

É no canal de vídeos da empresa de Mountain View que reside um dos principais destaques da iniciativa: em painel apresentado por Alana Rizzo, Gerente de Políticas Públicas do YouTube, os jornalistas presentes foram apresentados ao conceito dos “4 Rs” – “remover”, “reduzir”, “recomendar” e “recompensar”.

Essencialmente, os quatro pilares consistem de eliminar conteúdos que violem as políticas de veracidade de informação do YouTube, além de reduzir o alcance daqueles que não necessariamente as violam, mas são voláteis ou ofensivos. Do lado mais positivo do espectro, o YouTube vem recomendando conteúdos considerados confiáveis – pelo histórico de quem os posta ou a veracidade de suas informações -, além de recompensar produtores de conteúdo qualificados, seja com maior exposição ou veiculação de seus materiais em outras áreas da empresa (uma recomendação na busca, por exemplo).

Captura de tela de um smartphone mostra recomendações de vídeos confiáveis na home page do YouTube

(Imagem: Google/Divulgação)

“Nós combatemos a desinformação a partir do que vemos em nossa plataforma. Qualquer material que viole nossas regras de conduta é removido. Nós temos uma métrica que chamamos de ‘VVR’ [Violative View Rate], que funciona como o nosso ‘norte’ nessas avaliações”, disse a executiva quando questionada pelo TecMasters.

“Essa taxa recentemente foi aprovada em uma revisão do MIT [Instituto de Tecnologia de Massachusetts] e nos permite acompanhar a visualização e o conteúdo potencialmente violador. O que queremos é que quaisquer conteúdos violadores não sejam vistos, então hoje, ela nos permite combater rapidamente conteúdos que não devem ser propagados na nossa ferramenta.”

Segundo nos foi informado pela própria Alana, foram quase 4 milhões de conteúdos removidos no primeiro trimestre de 2022, sendo 211.580 apenas no Brasil. Mais além, 65% do material eliminado contava com no máximo 10 visualizações e 94,4% de sucesso na detecção automática, feita pelo algoritmo do Google.

Campanhas nas redes sociais e outras frentes

Todas as novidades apresentadas pelo Google já vêm tomando efeito na forma de campanhas veiculadas pelas redes sociais – a maior parte, intitulada “Conheça o Seu Voto”, como você já deve ter visto em proeminência no Twitter. Por meio dela, o Google busca promover seus parceiros de checagem midiática, a fim de assegurar não apenas que as informações veiculadas sejam verdadeiras, mas também educar os leitores a buscá-las com maior conhecimento.

Além disso, a campanha “Google Para Eleitores” traz uma playlist de vídeos informativos no canal da empresa no YouTube, exibindo toda a sorte de informações, desde as regras eleitorais a serem obedecidas por cada candidato de cada cargo, até links oficiais de interesse e orientações sobre como identificar e denunciar informações falsas na rede.

As ações já começaram desde um pouco antes da abertura das campanhas eleitorais, e alguns dos recursos devem ser inaugurados na próxima semana.

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