Nascidos dentro de um contexto em que a Internet sempre existiu, a geração Z é considerada uma das mais conectadas. No entanto, a vivência dentro desse universo sempre conectado e altamente virtualizado também trouxe alguns impactos negativos para a geração, que precisou recorrer a tecnologias “antigas” para se “desconectar“. É isso que tem acontecido com os feature phones – ao menos entre uma porção considerável de jovens nos Estados Unidos.

Da perspectiva de Jose Briones, um criador de conteúdo conhecido por seu um “influenciador de dumb phones” e moderador do subreddit “r/dumbphones”, o crescimento no número de compras de celulares do tipo pode ter a geração Z como principal responsável.

“Eles não sabem o que está acontecendo com a saúde mental [deles] e estão tentando fazer cortes”, completa ele, à CNBC.

Vale dizer que estes devices não são completamente limitados. Claro que, ao compará-los com os smartphones, eles realmente não possuem muita coisa “smart”, mas ainda assim possuem recursos como GPS e alguns possuem também conexão 4G e ponto de acesso.

Além disso, o principal benefício é justamente não ter uma porção de distrações modernas como um mundo de aplicativos instalados e os quais nem sempre são usados (quem nunca?) Em tempos de burnout e de colapso da saúde mental, fugir das modernidades pode ser o respiro que algumas pessoas precisam.

Um tablet que exibe na tela a frase "mental health matters" que pode ser traduzida para Saúde Mental Importa.

Imagem: Emily Underworld/Unsplash

Empresas como Punkt e Light estão aderindo à tendência vendendo dispositivos com foco nos consumidores que desejam passar menos tempo conectados tanto aos celulares quanto às mídias sociais. De acordo com Joe Hollier, cofundador da Punkt e Light, a intenção “não é criar um ‘dumb phone’, mas criar um telefone mais intencional, que não seja inerentemente antitecnologia”, disse.

Para ele, a ideia é dar uma chance de escolha ao consumidor. “Trata-se de escolher conscientemente como e quando usar quais aspectos da tecnologia agregam à minha qualidade de vida.”

Feature phones: vida longa aos telefones “burros”?

A HMD Global, por exemplo, responsável pela fabricação dos celulares da Nokia, ainda vende milhões de unidades dos  feature phones nos EUA. um balanço divulgado pela empresa referente ao quarto trimestre de 2021 mostra que a finlandesa vendeu 3,2 milhões de smartphones, contra 11,2 milhões de feature phones no período.

“Na América do Norte, o mercado de ‘dumb phones’ está bastante achatado”, afirma à CNBC Patrick Moorhead, analista de mercado e CEO da empresa Moor Insights & Strategy. “Mas consigo ver um aumento de até 5% nos próximos cinco anos – se não mais, com base nas preocupações de saúde pública que estão [crescentes] por aí.”

De acordo com levantamento da Statista, o volume de feature phones em 2028 deve chegar a 177,10 milhões de unidades globalmente.

brasileiros com acesso à internet no celular

Imagem: Shutterstock

“Embora pareça que todo mundo nos Estados Unidos tem um smartphone, há uma base de consumidores que não está interessada nas especificações ou não consegue se adaptar ao layout do smartphone. Tais consumidores ainda optam pelo design simples do feature phone, o qual permite a eles realizarem ligações e enviarem SMS, mas carece de todas as firulas e floreios de um smartphone – como mesclar dados na nuvem e interação com aplicativos”, afirma a analista Emily Herbert, no relatório divulgado pela Counterpoint.

Ainda de acordo com Emily, os smartphones de fato estão mais diversos e muitos deles acessíveis financeiramente, “ainda assim eles ainda não conseguem bater a simplicidade e a durabilidade oferecidas pelos feature phones.”

Claro que, em termos de durabilidade, temos ainda o fator “Obsolescência Programada”, ou seja, fabricantes lançando novos modelos de smartphones em intervalos menores de tempo, o que obriga tanto terceiros a atualizarem aplicativos e descontinuarem versões mais antigas de seus softwares, bem como obrigam usuários a trocarem de smartphones mais rapidamente sem que necessariamente estejam deteriorados. Basicamente, os dispositivos de versões antigas se tornam rapidamente (e propositalmente) obsoletos.

No Brasil, a popularidade dos feature phones permanece em voga, ainda que bem menor se comparado aos smartphones. De acordo com dados da Statista, foram vendidos cerca de 3,1 milhões de celulares do tipo em 2019, ou uma receita de R$ 376,8 milhões. O crescimento foi considerável se comparado às 2,5 milhões de unidades vendidas em 2018.

Os primeiros modelos de celulares surgiram em meados dos anos 1970. O Motorola DynaTAC 8000X, também conhecido popularmente como “tijolão da Motorola“, é inclusive um dos pioneiros do mercado e completou meio século de existência neste ano. Posterior a essa época, temos os celulares como o Nokia N95, popular entre os millennials e icônico por conta do “jogo da cobrinha”.

Via CNBC

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