Pense rápido: quem era o ator por trás de Darth Vader na série Obi-Wan Kenobi? Se você respondeu “James Earl Jones” ou “Hayden Christensen”, você acertou. Mas também…errou?

Calma, a duplicidade na resposta pode ser facilmente explicada: de acordo com a Vanity Fair, embora Christensen tenha vivido o vilão fisicamente, apenas parte das falas do personagem foram ditas por Jones. O ator, já em seus 91 anos, permitiu que a Disney usasse uma ferramenta de inteligência artificial (IA) para vocalizar a maior parte dos diálogos vividos pelo icônico vilão.

Especificamente, o software se chama “Respeecher”, e segundo seus criadores ucranianos, ele basicamente funciona ao empregar um algoritmo proprietário para “criar diálogos com vozes usadas há muitos anos”. E bem, considerando que James Earl Jones vem sendo a voz de Darth Vader há pelo menos 45 anos, quem melhor que ele para caber nessa descrição?

Jones sempre foi a voz de um vilão que já foi vivido fisicamente por atores como David Prowse, Bob Anderson, Spencer Wilding e, claro, Hayden Christensen. Entretanto, o homem já tem 60 anos de carreira e, com um currículo tão abastado (Jones também fez a voz de Mufasa na animação original e no live action de O Rei Leão, fora as inúmeras atuações na Broadway e em Hollywood), é de se pensar que ele já viesse reduzindo seus trabalhos um pouco.

Isso, e o fato de que, na prática, nossas vozes nunca param de mudar: não apenas quando somos crianças e passamos pela puberdade, mas da vida adulta para a velhice também – as cordas vocais vão se tornando menos flexíveis e, consequentemente, a voz que poderia ser bem grossa vai afinando. Isso vem acontecendo com Jones.

A empresa ucraniana homônima ao software detalhou à Vanity Fair como ela já tinha experiência com a franquia Star Wars, sobretudo a do jovem Luke Skywalker em O Livro de Boba Fett, mas o trabalho em Obi-Wan Kenobi foi mais complicado, graças à guerra da Ucrânia contra a Rússia, que ainda assola a região e vem trazendo consequências a toda a Europa.

Montagem coloca James Earl Jones ao lado de Darth Vader: ator americano foi a voz do vilão durante 45 anos

(Imagem: Acervo pessoal/Lucasfilm/Reprodução)

Segundo um trecho da matéria:

“Dmytro Bielievtsov, o cofundador e CTO da empresa, ficou online em um teatro onde mesas, livros e mais objetos foram empilhados em frente a janelas para o caso de haver alguma explosão. Programadores que treinaram a IA para replicar a voz de Jones e seus respectivos editores trabalharam de corredores longe de cômodos abertos de seus apartamentos. Um deles, inclusive, se refugiou em uma espécie de ‘porão’ antigo de tijolos, um pouco maior que um duto de ar.”

O trecho pode parecer dramático, mas considere que estamos falando de engenheiros de som, com instrumentos bastante refinados e ajustados para situações bastante delicadas. Imagine se Darth Vader engajasse em algum monólogo sobre a Força apenas para ser interrompido por uma granada? Isso não pegaria bem ao maior de todos os Sith.

Segundo a matéria, Jones ainda trabalhou na série, atuando mais como um “padrinho” que supervisionou os processos para que tudo saísse como se fosse ele próprio nas gravações. Segundo Matthew Wood, supervisor de engenharia de som dentro dos estúdios da Lucasarts (a subsidiária da Disney que “manda” em Star Wars), ele próprio já havia gravado Jones em dúzias de ocasiões – a mais recente, uma linha de diálogo do ator em A Ascensão Skywalker – o mais recente filme da terceira trilogia.

“Ele havia mencionado que estava pensando em reduzir a participação deste personagem em particular. Então como seguimos em frente em relação a isso? Quando eu mostrei a ele o trabalho da Respeecher, Jones nos deu permissão para usar seu arquivo de vozes para manter Darth Vader vivo e essencial mesmo por meios artificiais — o que é apropriado, considerando que o personagem é meio máquina.”

Imagem animada mostra Darth Vader abrindo seu sabre de luz. A cena começa toda escura, e a luz da arma ilumina o ambiente em tons de vermelho

Imagem: Lucasfilm/Reprodução

Atualmente, a Respeecher está em hiato, com quase todo o seu corpo de funcionários trabalhando em esforços voluntários para minimizar o impacto da Guerra da Ucrânia na população. Bogdan Belyaev, um dos engenheiros por trás do trabalho da empresa em Obi-Wan Kenobi, está vivendo temporariamente em Lviv, uma região que, apesar de bastante destruída pelo conflito, se tornou uma espécie de santuário para quem foge de outras cidades. Lá, o engenheiro de som promove esforços de coleta de mantimentos e roupas para os refugiados.

Já James Earl Jones anunciou recentemente a sua aposentadoria, e não tem nenhum trabalho programado para o futuro próximo.

via Vanity Fair (1) (2)

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