A Microsoft caminha para um desfecho bem feliz em relação à sua proposta de aquisição da Activision Blizzard. Depois da ferrenha luta travada no Reino Unido e Europa, a empresa liderada por Satya Nadella conseguiu a aprovação “incondicional” do contrato na Coreia do Sul.

De acordo com o Videogames Chronicle, a Comissão de Justiça do comércio da Coreia do Sul (KFTC) disse não ver nenhum impeditivo para o avanço da proposta de aquisição, argumentando ainda que, dentro do mercado sul-coreano, os jogos da Activision não são tão populares, então enxerga riscos de monopolização de mercado por parte da Microsoft.

Xbox Activision Blizzard

Imagem: Microsoft

“A fatia combinada de mercado dos jogos distribuídos pela Microsoft e pela [Activision] Blizzard é pequena, e a popularidade dos grandes jogos da Blizzard na Coreia não é tão alta quanto em outros países, além de haver um bom número de desenvolvedores com quem seus concorrentes poderão atuar de forma alternativa. Assim, não há nenhuma possibilidade de fechamento que exclua empresas de jogos concorrentes.

E mesmo no evento de tal bloqueio, o efeito de converter os consumidores [de plataformas] concorrentes em assinantes de seus serviços é mínimo, dada a baixa popularidade de jogos da Blizzard, e os concorrentes têm uma fatia significativa de mercado, então não há risco de exclusão de competição.” – KFTC

Trocando em miúdos: mesmo que o acordo entre Microsoft e Activision vá para frente, no caso da Coreia, o impacto disso será mínimo já que o país não é um reduto comercial primário para jogos como, digamos, Call of Duty. Assim, empresas como Sony e outras companhias não teriam dificuldade em atuar no país mesmo com a proposta aprovada.

Pelo mesmo motivo, qualquer aumento de assinantes dos serviços da Microsoft – como o Game Pass – que sejam decorrentes da aquisição traria um impacto mínimo aos negócios de outras empresas. Em suma, a preservação da concorrência ainda estaria garantida.

O argumento parece sólido, considerando que, embora a aquisição seja pertinente ao grupo todo (Activision Blizzard), a parte “Activision” dos jogos não têm muita tração na Coreia do Sul: segundo o Global Data, o país é o quarto maior mercado da indústria global de jogos, com valoração de US$ 15 bilhões (R$ 75,47 bilhões) em 2021. Apesar disso, em um ranking dos jogos mais populares do país, a Activision Blizzard só aparece na terceira posição, com ‘Overwatch’, de acordo com o Statista, mas bem distante dos dois primeiros.

Isso se dá muito pela cultura de eSports da Coreia do Sul, que começou desde cedo a fomentar a indústria de jogos online de caráter competitivo. O país asiático é mundialmente reconhecido como o ”berço” de alguns dos principais jogadores profissionais da atualidade. E entre Call of Duty e Overwatch, o segundo é consideravelmente mais proeminente que o primeiro na cena competitiva global.

Esse entendimento é o que mais beneficia a proposta de aquisição da Activision Blizzard na Ásia. A KFTC afirmou ter consultado seus congêneres – órgãos reguladores de outros países – antes de formar a sua decisão, mas argumentou que a questão da popularidade da empresa é um ponto divergente, haja vista que a Activision é bem maior em outras nações do que na Coreia do Sul.

Com a aprovação mais recente, já estamos perto de 40 órgãos regulatórios que aprovam a aquisição por parte da Microsoft: a empresa ainda está em contendas judiciais com a FTC dos Estados Unidos e com a CMA do Reino Unido – esta última, aliás, não aprovou a proposta em primeira instância. Em março, o Japão deu um parecer positivo e, no começo do mês, a China e a União Europeia favoreceram o avanço da proposta.

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