O que era apenas um rumor bem consistente acabou se tornando algo oficial: um remake do clássico Alone in the Dark está em desenvolvimento pelas mãos da THQ Nordic. Para quem não sabe, a série de jogos sob este nome – originalmente produzida pela Infogrames (atual Atari Entertainment) – é, em essência, a precursora que inspirou grandes franquias dos jogos de terror, como Resident Evil.

E agora que a franquia está de volta para – torcemos – uma trilha de sucesso, o Tecmasters reuniu abaixo algumas informações interessantes sobre a marca, para que você, jogador mais jovem, possa se situar melhor sobre este clássico tão influente.

Recorde no Guinness Book

A franquia Alone in the Dark teve seu início em 1992, com o primeiro jogo lançado para PC pela Infogrames. Ele foi o primeiro jogo a usar personagens poligonais posicionados em ambientações pré-renderizadas – essencialmente, o jogo deixava o seu “boneco” e o que fosse importante para a cena em primeiro plano, e carregava em segundo plano os elementos do ambiente conforme você avançava pelo cenário.

Por causa da implementação desta tecnologia, o Guinness Book reconheceu, em 2008, o título como o primeiro jogo de horror de sobrevivência (survival horror) com elementos 3D da história. Eventualmente, adaptações dele viriam a ser lançadas para o 3DO e macOS, além de uma versão horrorosa para iOS que, de tão ruim, a Atari resolveu retirá-la da loja.

Montagem mostra quatro cenas do primeiro jogo da franquia "Alone in the Dark"

Imagens: Infogrames/Atari/Reprodução

Sem Alone in the Dark, Resident Evil seria bem diferente

As palavras acima não são só um enunciado nosso: elas são um testemunho literal dado por Shinji Mikami ao jornal francês Le Monde, em 2014. Mikami, que criou a franquia Resident Evil, disse ao periódico que, quando a Sony anunciou o PlayStation original, ele começou a desenvolver um jogo com apenas metade das especificações técnicas do console – o game designer japonês queria se precaver da gigante japonesa ter exagerado os números e o aparelho não entregar o que prometia.

A ideia mais segura para isso foi a de um jogo de tiro em primeira pessoa, a fim de economizar no processamento ao focar a visão do jogador apenas nos inimigos à frente e nos cenários mais imediatos. Um protótipo chegou a ser desenvolvido e…Mikami odiou o resultado. A fim de esfriar a cabeça, ele foi jogar Alone in the Dark, efetivamente se apaixonando pela mecânica do título, que envolvia cenários estáticos e alterações de câmera fixa, a busca por itens e armas dentro dessas ambientações e um combate mais linear, priorizando a investigação. Anos mais tarde, Mikami viria a incorporar esses elementos no primeiro Resident Evil, e o resto – como diz a expressão -, “é história”.

Já imaginou? Resident Evil poderia muito ser uma versão fantasmagórica de Call of Duty. Isso leva à pergunta: como seria um jogo da franquia assim? Ah…já tivemos essa resposta

Montagem mostra, lado a lado, cenas do primeiro Alone in the Dark e do primeiro Resident Evil

Imagens: Infogrames/Atari/Capcom/Reprodução

O próximo remake não é o primeiro remake

Tirando o projeto recentemente anunciado, Alone in the Dark contou com pelo menos dois outros projetos lançados no intuito de “revitalizar” a série: The New Nightmare era conhecido internamente como “Alone 4”, mas seu cânone era completamente isolado de seus predecessores e, embora tenha recebido críticas favoráveis e criar duas experiências distintas de jogo dependendo de qual personagem você controlasse (Edward Carnby, o protagonista original; ou a pesquisadora Aline Cedrac), não foi suficiente para recuperar o interesse do público.

5 coisas que você deveria saber sobre Alone in the Dark
5 coisas que você deveria saber sobre Alone in the Dark

Além deste, um esquecível Alone in the Dark foi lançado em 2008 pela Atari, tentando relacionar uma ambientação mais recente (o enredo do jogo se passa em tempos modernos) com os títulos do passado, posicionados em décadas mais antigas. O jogo, no entanto, não soube aproveitar o ritmo em alta dos consoles da época e apresentou desempenho mediano – uma expansão com vários aprimoramentos, intitulada “Inferno” saiu para o PlayStation 3, salvando o pouco de interesse que restou. Este último, ainda, resultou em uma briga ferrenha com a Atari, que afirmou que os reviews negativos vieram de cópias obtidas ilegalmente. No entanto, ficou comprovado depois que a empresa havia liberado cópias antecipadas do jogo, mas só permitiu que críticas positivas fossem publicadas antes do embargo, o que minou a credibilidade da companhia.

Ah, e também existiu uma tentativa de jogo cooperativo online chamada Alone in the Dark: Illumination. Não era bem um remake em si, mas, parafraseando o review do site Hooked Gamers, “Illumination tenta ser um híbrido de Left 4 Dead e Resident Evil 6, mas não faz nada do que eles fizeram certo, e faz tudo o que eles fizeram de errado”.

E falando em coisa ruim…

Alone in the Dark tem dois filmes (que você deve evitar)

Em 2005, Uwe Boll – sim, “aquele” Uwe Boll conhecido pelos filmes detestáveis baseados em jogos e por “sair na mão” com seus críticos – decidiu fazer um longa-metragem de Alone in the Dark. Estrelado por Christian Slater (Robin Hood, Entrevista com o Vampiro e Mr. Robot para citar alguns), o filme foi tão bom quanto um filme dirigido por Uwe Boll consegue ser (“bom” do tipo “1% no Rotten Tomatoes” e considerado por críticos como um dos cinco piores filmes da história do cinema). A única coisa boa deste filme era a trilha sonora, chefiada por “Wish I Had An Angel”, do grupo finlandês Nightwish (e olha que a música nem é tudo isso…).

Sua sequência, lançada em 2008, teve um desempenho melhor, mas ainda assim bem morno. Dirigido por Peter Scheerer e trazendo um elenco, até então, desconhecido (Rick Yune, o “Johnny Tran” do primeiro “Velozes e Furiosos”, é o nome mais fácil de lembrar para as audiências mais novas), o filme recebeu críticas favoráveis por seguir um tom mais fiel aos jogos, reduzindo um pouco a ação e apostando mais em elementos investigativos que progridem bem o enredo. Yune como Edward Carnby (e não protagonista, surpreendentemente) agradou bastante.

O novo Alone in the Dark fecha um ciclo curioso

Mais acima, mostramos como Shinji Mikami usou Alone in the Dark como inspiração para criar Resident Evil. O novo jogo, anunciado pela THQ Nordic, seguirá esse mesmo contexto, buscando inspiração nos remakes mais recentes da franquia da Capcom – especificamente, Resident Evil 2: Remake – para compor o tom de seu futuro lançamento.

O trailer que você viu lá no começo do texto é dele, e ao que tudo indica, o jogo será restrito à atual geração de consoles, ou seja, PlayStation 5, Xbox Series S/X, além, claro, do Windows (PC). Lamentavelmente, ainda não temos uma data de lançamento confirmada pela produtora.

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